EDUCAÇÃO FÍSICA DO PROFESSOR WILLIAM PEREIRA

Este blog é a continuação de um anterior criado pelo Professor William( http://wilpersilva.blogspot.com/) que contém em seus arquivos uma infinidades de conteúdos que podem ser aproveitados para pesquisa e esta disponível na internet, como também outro Blog o 80 AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA (http://educacaofisica80aulas.blogspot.com/ ) que são conteúdos aplicados pelo Professor no seu cotidiano escolar.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Notícias da Educação Física

Notícias da Educação Física


Artigo: Sistematização do conhecimento declarativo em educação física escolar de 5ª à 8ª séries do ensino fundamental

Posted: 24 Oct 2012 02:39 AM PDT


Historicamente, a Educação Física esteve às voltas com a dicotomia teoria/prática. De um lado, havia os defensores de que a essência da intervenção profissional é prover experiências de movimento corporal, predominantemente em contextos esportivos e de ginástica. Do outro lado, temos aqueles que vêem como sentido da intervenção profissional a transmissão de conhecimentos produzidos pela área de conhecimento da Educação Física, que alguns autores têm denominado Cinesiologia (Mariz de Oliveira, 1993; Tani, 1996).

Adeptos da primeira posição têm sustentando que a prática do conjunto de atividades físico-motoras, historicamente sistematizadas pelos profissionais, teria um efeito formativo nos alunos. Por exemplo, na prática esportiva ("fairplay") julga-se possível desenvolver aspectos éticos e morais. Já por meio da ginástica, com seus movimentos simétricos, lineares e harmõnicos, esperava-se contribuir para a formação de um jovem individualmente e socialmente responsável. Há um consenso de que essa concepção predominou nos currículos dos cursos de preparação profissional em Educação Física até o final dos anos de 1980 e provavelmente ainda persiste como prática profissional.

Já os adeptos da segunda posição percebem a Educação Física como um corpo de conhecimento produzido sobre um objeto particular (movimento humano, atividade física, exercício, esporte, motricidade, cultura corporal etc.), por meio das diversas disciplinas que compõem a área de conhecimento da educação física, para fins de intervenção profissional.

Na Educação Física Escolar, os reflexos desse segundo posicionamento se fazem sentir. Cada vez mais surgem questionamentos acerca da natureza dessa disciplina escolar. Uma síntese dessa "turbulência" pode ser vista no trabalho de Soares (1996), Ferraz(1996), Bracht(1996), Silva (1996) e Resende e Soares (1996), apresentados no III Seminário de Educação Física Escolar, realizado em 1995, na Escola de Educação Física e Esporte da USP, que teve como tema "Conhecimento e Especificidade". Ao final da 6ª série do Ensino Fundamental II, espera-se que o aluno tenha adquirido conceitos sobre a história do Brasil na disciplina de História, que na matemática, domine fração numérica e em ciências, tenha noções sobre a fauna e a flora, e no conjunto, espera-se que esses e outros conhecimentos permeiem o agir do aluno em seu cotidiano. E na Educação Física? Qual seria o conhecimento a ser adquirido nessa série?

Na prática da Educação Física Escolar observa-se em muitos casos a ausência de propostas claramente definidas e testadas, o que não deixa de ser curioso, uma vez que com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB), número 9.394, de 20 de dezembro de 1996, artigo 26, parágrafo 3, o componente curricular Educação Física deveria estar integrado à proposta pedagógica da escola, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar (Brasil, 1996). Sendo assim, a disciplina Educação Física deveria propiciar à criança e ao jovem, conhecimentos que dizem respeito a esse componente. Entrementes, falta não só consenso como clareza no que se constituiria o conhecimento da Educação Física a ser disseminado nos ciclos do Ensino Fundamental e Médio.

Cabe ao professor de Educação Física a responsabilidade de fazer a transposição didática do conhecimento disponível na área de conhecimento da Educação Física, para torná-lo conhecimento escolar. Seria uma atitude simplista dizer que há uma forma melhor de realizar essa construção, pois existem várias. Mas é sobre essa problemática, a de construção de um corpo de conhecimentos próprios da 'ou' à Educação Física Escolar, que trata o presente trabalho.

 

Objetivo

O presente estudo tem como objetivo a seleção, sistematização e validação de conhecimentos pedagógicos de natureza declarativa para 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental. Trata-se, portanto, de um trabalho de desenvolvimento e aplicação que foi dividido em três fases.

A primeira fase é relativa à seleção do conhecimento declarativo, aqui entendido como os conhecimentos sobre fatos, descrições e conceitos passíveis de representação linguística (Anderson, 1995). Inicialmente, esses conhecimentos foram eliciados de livros didáticos de Educação Física voltados para o ensino básico de autores como: Davis, Bull, Roscoe & Roscoe (1991), Eshuys, Guest e Lawrence (1990), Kneer (1981) e Mohnsen (2003), onde os textos estão detalhados na metodologia.

Posteriormente, a seleção prévia desses conhecimentos foi submetida à apreciação de 11 docentes, especialistas e pesquisadores da educação física escolar.

Na segunda fase, procurou-se sistematizar o conhecimento declarativo selecionado como relevante para a Educação Física Escolar, ao longo das quatro séries finais do ensino fundamental. A sistematização é entendida como o processo em que um conjunto de princípios (no presente trabalho, relativos aos conceitos) é entrelaçado numa ligação lógica, formando um todo harmõnico.

A terceira fase consistiu na validação da sistematização por série, proposta na fase anterior. A validação consiste de uma avaliação da pertinência da sistematização por série escolar por aqueles que trabalham nas escolas; no caso desse estudo, foram os professores de Educação Física da rede pública estadual de ensino.

 

Revisão de literatura

No Brasil, nota-se uma certa ausência de iniciativas de desenvolvimento e estruturação dos conhecimentos a serem ensinados na Educação Física Escolar e, quando existem, não está explicitado como esse conhecimento foi elaborado e/ou sistematizado ou, ainda, quais os estudos que investigaram a estruturação proposta. Uma evidência dessa ausência de propostas é a quase que total inexistência de livros didáticos de Educação Física Escolar.

Uma exceção a esse quadro de ausência ao qual nos referimos no parágrafo anterior, foi o livro do professor Hudson Ventura. Na década de 70, no Brasil, o professor Hudson Ventura publicou um livro didático para Educação Física Escolar com o intuito de organizar os conhecimentos relacionados com o componente curricular (Teixeira, 1996). Esse foi um trabalho pioneiro, de fato, adiante de seu tempo, se considerarmos que nessa época, na educação física, apenas começava a discussão sobre a identidade da profissão e da área de conhecimento correlata. Esse trabalho de vanguarda focava as regras das modalidades esportivas e trazia algumas orientações para a prática da atividade física com base nos conhecimentos disponíveis na época. Isso significou um enfoque predominantemente prático e biológico. Em mais de 25 anos pouco se fez em acréscimo à obra do professor Hudson Ventura.

Somente em 1996, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), pelo Ministério da Educação, essa realidade se modificou. Nos PCN foi proposto o desenvolvimento de três blocos de conteúdos ao longo de todo o Ensino Fundamental. São eles: esportes, jogos, lutas e ginásticas; atividades rítmicas e expressivas; conhecimento sobre o corpo, sendo esse último bloco relacionado com alguns conceitos sobre o funcionamento do organismo em termos anatõmicos, fisiológicos, biomecânicos e bioquímicos (Brasil, 1998).

Em 2000, Mauro Mattos e Marcos Garcia Neira, apresentaram uma proposta de construção do conhecimento escolar separado por temas (Mattos & Neira, 2000). A proposta está embasada em um dos objetivos propostos pelos PCN, a formação de um cidadão capaz de desenvolver, administrar e avaliar programas de atividades físicas organizadas em torno de três temas: aptidão física, saúde e qualidade de vida.

A partir da análise as referências bibliográficas utilizadas por professores do Ensino Fundamental II para elaboração dos planos de ensino, Veronezi (2000) buscou identificar qual o conhecimento abordado nas quatro últimas séries do ensino fundamental II. Os resultados apontaram que apenas quatro, dos 26 professores, utilizavam algum tipo de referencial bibliográfico. Esses quatro professores, mesmo declarando um compromisso com o ensino de conteúdos de natureza atitudinal, procedimental e conceitual, demonstravam problemas na clareza, objetividade e sistematização da proposta, mas nem sempre específicos, sistematizados e com uniformidade de objetivos. Com base nesse estudo, apesar da amostra estudada ser bastante reduzida, pode-se sugerir que no caso brasileiro, o livro do professor Hudson continua atual.

Internacionalmente, a produção acerca do tema tem sido mais organizada, tanto na forma de livro didático quanto na forma de propostas oficiais em nível municipal e estadual. Um exemplo muito conhecido na forma de livro didático foi o "Basic Stuff". Esse livro, publicado nos Estados Unidos (Kneer,1981), buscou sintetizar de forma didática, em pequenos livretos, os conhecimentos das subdisciplinas acadêmicas da Educação Física. Esse projeto é sustentado por uma visão de disciplina curricular orientada fortemente pelos conhecimentos produzidos pela disciplina acadêmica correlata, isto é, a Cinesiologia. A publicação foi dividida em dois volumes. O primeiro volume foi apresentado como um livro didático para os alunos, com conceitos a serem desenvolvidos no programa de Educação Física. Os temas, em cada subdisciplina, foram incorporados a seis eixos temáticos: saúde - eu quero me sentir bem; aparência - eu quero parecer bem; metas pessoais - eu quero fazer o meu melhor; psicossocial - eu quero estar com os outros; estético - eu quero me "turbinar", e administração de dificuldades - eu quero sobreviver. Para os professores, foram desenvolvidos livros de apoio didático, a cada faixa etária: primeira infância, segunda infância e adolescência.

Alguns outros livros foram publicados com o objetivo de organizar os conhecimentos para o componente curricular Educação Física, embora enfocando conteúdos semelhantes aos desenvolvidos no "Basic Stuff". Como por exemplo: o que é Educação Física e saúde?; seu corpo; o corpo em movimento; aptidão física e performance; lesões no esporte e sua prevenção; esporte, sociedade e você; saúde e você; saúde e dieta; drogas e sua saúde (Davis et al., 1991; Eshuys, Guest & Lawrence, 1990).

Chepro e Arnold (2000) também adotaram como conteúdos os conceitos provenientes da biomecânica, aprendizagem motora, desenvolvimento motor e fisiologia do exercício. Esses conteúdos foram sugeridos do 6º ao 8º ano dentro dos padrões americanos de escolarização, e que corresponderiam aos ciclos do Ensino Fundamental em nosso país. Um dos objetivos apresentados para o 7º ano, por exemplo, é de selecionar e identificar atividades em horários extra-escolares, com ênfase no desenvolvimento da capacidade cardiovascular.

Um documento que tem servido de referência para os conhecimentos de natureza declarativa presentes nas propostas de programa nos Estados Unidos tem sido a definição do que seja uma pessoa fisicamente educada, produzido em 1992 pela Associação Norte Americana de Educação Física (NASPE). Nesse documento, a referida instituição afirma que um indivíduo que tenha sido objeto de um programa de Educação Física Escolar deveria, ao seu final, ter aprendido as habilidades necessárias para diversas atividades físicas, ser fisicamente condicionado, participar regularmente de um programa de atividade física, conhecer as implicações e benefícios das atividades físicas, valorizar a atividade física e contribuir para um estilo de vida saudável (Chepro & Arnold, 2000). Nesse documento, a natureza declarativa do conhecimento (conceitos) está claramente destacada no seguinte objetivo: "conhece as implicações e benefícios das atividades físicas".

Um ponto a ser destacado nos trabalhos revisados até aqui, refere-se à ausência de propostas ou estudos que se reportem a um modelo teórico acerca da natureza do conhecimento. Assim, os vários tipos de conhecimentos são tratados sem a clareza necessária, gerando confusões e ambiguidades. Um outro ponto se refere ao próprio conceito de conhecimento ou saber escolar. Essas deficiências podem estar dificultando a construção de um consenso acerca dos conhecimentos a serem ensinados no componente curricular da Educação Física.

 

Natureza do conhecimento

O conhecimento, do ponto de vista cognitivo, pode ser entendido como um sistema de informações abrangendo aspectos específicos e gerais de uma determinada ideia, teoria científica, notícia, prática de vida ou experiência. Essas informações foram processadas pelo indivíduo, isto é, foram coletadas, codificadas, organizadas e armazenadas em consequência de uma experiência. A memória é o nome que damos ao sistema de armazenagem de conhecimentos e que, para tanto, possui funções de codificação e recuperação da informação (Stenberg, 2000). Para ilustrar essa relação, Dantas (2000) utilizou o computador para fazer uma analogia com a memória humana. Assim, as estruturas de memória corresponderiam ao "hardware" ("chips", circuitos integrados, "micro chips", etc.) e a alguns "softwares" básicos (programas) de armazenamento, organização e busca. O conhecimento corresponderia aos arquivos e seus conteúdos. As pessoas recorrem ao conhecimento armazenado para organizar suas ações e produzir novos conhecimentos.

Quanto a sua natureza, o conhecimento pode ser categorizado em diferentes formas ou tipos. Ryle (1969) propõs uma divisão em dois tipos de conhecimento: o saber fazer e o saber quê. O saber fazer é um saber circunscrito à operação de alguma atividade e nada tem a ver com a explicação de como se dá uma certa atividade; é aprendido mediante a prática. O saber que se refere ao conhecimento que se tem sobre um determinado objeto, seja ele um fato, princípio ou uma lei científica; passível de ser declarado por intermédio da linguagem.

Numa outra classificação, Anderson (1995) divide o conhecimento em procedimental e declarativo. O conhecimento procedimental refere-se a como executar tarefas. Por exemplo, saber chutar uma bola, saber como andar de bicicleta. Já o conhecimento declarativo pode referir-se a conhecimento sobre fatos, descrições e conceitos, como, por exemplo, conhecer os argumentos que suportam a relação positiva entre atividade física e saúde. Dentro dessa caracterização de conhecimento, Hegenberg (2002) propõe um conhecimento também de natureza declarativa, o saber que, que representa um sistema lógico de raciocínio, geralmente associado a explicação de natureza científica.

Com base nas classificações de conhecimento apresentadas, podemos analisar o saber escolar referente ao componente curricular de Educação Física. Pode ser verificado que, nas últimas décadas, a Educação Física Escolar tem valorizado cada vez mais o conhecimento declarativo no processo de escolarização. Entretanto, vale ressaltar: essa tendência não pode ser acompanhada por uma desvalorização do conhecimento de natureza procedimental. O desenvolvimento da capacidade de executar habilidades motoras implicadas nas diversas manifestações da cultura corporal é um aspecto crítico para o desenvolvimento humano e, portanto, deve ser também privilegiado no processo de escolarização. O que tem sido justificadamente criticado é a posição que vinha sendo adotada dentro do componente curricular, isto é, considerar como conhecimento prototípico da Educação Física Escolar exclusivamente o saber executar habilidades motoras. Em outras palavras, a crítica refere-se à exclusividade do conhecimento procedimental nos programas de Educação Física Escolar.

Assumindo a posição de que deve existir uma relação entre a disciplina curricular da educação física e a área de conhecimento da Educação Física, consideramos que um dos conhecimentos pertinentes a serem abordados na Educação Física escolar é o conhecimento declarativo. Deve-se reconhecer que essa não tem sido a tõnica das propostas curriculares existentes.

O conhecimento declarativo na Educação Física está presente tanto nas dicas essenciais para a execução de uma habilidade motora, no significado sociocultural de uma determinada atividade motora, ou ainda nas orientações sobre o gasto energético a ser despendido num certo exercício físico. Representar uma habilidade simbolicamente, na forma de um conhecimento declarativo, requer um domínio dos conceitos e teorias que representam e explicam os mecanismos e processos envolvidos na execução e aprendizagem de habilidades motoras. Os conceitos são representações simbólicas sobre o corpo em movimento e possibilitam ao aluno uma reflexão e, consequentemente, um maior domínio sobre a atividade que realiza. Por exemplo, ao apropriar-se do conceito frequência cardíaca, o aluno apropria-se de um conhecimento que o permite manipular a intensidade do seu exercício físico de acordo com suas necessidades atuais e futuras; como, por exemplo, melhorar suas funções cardiovasculares, perder peso ou simplesmente usufruir com segurança de uma atividade prazerosa. Os conceitos devem ser selecionados do universo de conhecimentos organizados pela área de conhecimento da Educação Física, mas tendo como critério de seleção aqueles conhecimentos que contribuem diretamente para as finalidades da disciplina escolar. Nessa direção, assumimos a importância de se conhecer as dimensões e implicações biopsicosocioculturais do movimento humano como um dos meios para que o indivíduo adquira autonomia no gerenciamento das suas próprias atividades.

Como já expusemos anteriormente, a inserção de conhecimentos de natureza declarativa no conjunto de conhecimentos escolares que caracterizam o componente curricular da educação física, não implica uma ameaça a sua identidade corporal ou à prática dessa disciplina. Ao contrário, a prática de atividades físicas durante as aulas é enriquecida na medida em que se atrela à atividade um novo significado, dotando-a de novas possibilidades de apropriação por parte dos alunos. A Educação Física Escolar, ao enfocar um conhecimento declarativo, não estará deixando de cumprir seu papel, apenas enriquecerá a sua contribuição para o processo de escolarização.

Apesar de o presente trabalho propor um conjunto de conhecimento de natureza declarativa sistematizado ao longo do ensino fundamental, buscando assim contribuir para uma melhor especificação dos conhecimentos a serem trabalhados na Educação Escolar, a escolha última de quais conhecimentos são importantes para cada programa de educação física não pode estar alheia à realidade da comunidade que está sendo atendida. Assim, cabe ao professor selecionar o que é fundamental os seus alunos conhecerem, dada a sua realidade e os fins estabelecidos.

Como expõe Daólio (em resposta ao questionário que lhe foi enviado como parte da presente investigação)

Todos os temas apresentados podem ser pedagogizados pelo componente curricular da Educação Física, desde que sejam selecionados como conhecimentos a serem adquiridos e apreendidos pelos alunos. Tomar um tema como conhecimento de um componente curricular implica considerá-lo como construção histórica da humanidade, algo que é patrimõnio cultural e deve ser escolarizado e introjetado no aluno. Ou ainda, o mesmo conhecimento deve ser desenvolvido de maneiras diferentes, em função do ciclo de escolarização, nas séries iniciais de forma factual e nas últimas séries de forma crítica e reflexiva.

 

Conhecimento escolar

Já faz muitos anos que a escola é organizada em disciplinas ou matérias de ensino (matemática, português etc.), que se configuram embasadas em um conjunto exato e rigoroso de conhecimentos (Souza Junior & Galvão, 2005). Nessa escola organizada por disciplinas, que se faz presente até os dias de hoje, os conhecimentos são vistos como o alicerce da educação (Coll, Pozo, Sarabia & Valls, 2000). Cabendo a cada professor, em sua disciplina, selecionar, "didatizar" e ensinar os conhecimentos ou conteúdos críticos à formação do aluno.

Esses conhecimentos assimilados durante todo o período escolar podem ser definidos como: saber escolar, conhecimento escolar ou simplesmente conteúdo. O conteúdo, segundo Coll et al. (2000), é um conjunto de conhecimentos e formas culturais essenciais para o desenvolvimento e socialização dos alunos. Por exemplo, no caso da Educação Física Escolar, isso inclui tanto informações sobre os mecanismos fisiológicos envolvidos na produção de movimentos corporais, quanto conhecimento de natureza procedimental sobre como correr bem.

O conhecimento científico consiste numa descrição objetiva dos fenômenos do mundo, produzida com base em critérios experimentais, que permitem a eliminação de dados subjetivos e individuais, superando, assim, as controvérsias, construindo formulações verificáveis e, portanto, consensuais (Vademarin, 1998). Por meio da especialização, a ciência constrói e refina seus conceitos que, ao serem abordados pela escola, vão sofrer um processo inverso, isto é, devem novamente adquirir referências com a realidade, a fim de serem compreendidos e traduzidos numa linguagem cotidiana. O saber escolar não está dedicado à mera divulgação das novas descobertas científicas e, quando o faz, é para situá-las num contexto já conhecido pelo aluno (Vademarin, 1998).

Assim, o conteúdo ou o saber escolar é uma categoria de conhecimento distinta daquela produzida pela ciência (Vademarin, 1998). Essa distinção é clara, como explica Dewey1 (1902) citado por Graça (2001), já que o cientista pretende criar um novo conhecimento na sua área de conhecimento ao passo que o professor pretende criar um conhecimento que ajude o aluno a apropriar-se do mundo em que vive.

Pensando nos esclarecimentos feitos acima, o conhecimento na escola sofreu um processo de definição como um campo da Psicologia da Educação, isto é, desenvolvido e definido pensando sua relação com o aprendiz, no seu potencial didático.

 

Metodologia

A pesquisa foi desenvolvida em três fases. A primeira fase relativa à seleção dos conhecimentos, a segunda concerne à sistematização desses conhecimentos e a terceira consiste na validação da proposta apresentada.

Iniciamos a fase I: Seleção do Conhecimento Declarativo, determinando os critérios para essa seleção. O conhecimento declarativo com fins didáticos para período escolar foi selecionado de quatro livros didáticos:

1. DAVIS, R.J.; BULL,C.R.; ROSCOE, J.V.; ROSCOE, D.A. Physical education & the study of sport. London: Wolfe,1991.

2.ESHUYS,J.; GUEST, V.; LAWRENCE, J. Fundamentals of health and physical education. Edinburg: Scotprint, 1990.

3. KNEER, M.E. Basic stuff series: adolescence. Reston: AAHPERD, 1981.

4. MOHNSEN, B. Concepts and principles of physical education: what every student needs to know. Reston: AAHPERD, 2003.

No momento de seleção dos temas apresentados nos livros, levamos em consideração aqueles que poderiam contribuir diretamente para as finalidades assumidas no presente trabalho para o componente curricular na escola.

para que o indivíduo otimize suas possibilidades e potencialidades para mover-se genericamente ou especificamente de forma harmoniosa e eficaz, capacitar-se em relação ao meio em que vive e, adapta-lo, interagir e transformá-lo, sempre em busca de uma melhor qualidade de vida" (Mariz de Oliveira, 1993).

Na seleção dos temas encontrados nos livros citados, adotamos como critério as dimensões do campo de conhecimento denominado Cinesiologia (Hoffman & Harris, 2000), isto é, estudo do movimento humano nas dimensões Socioculturais, Comportamentais e Biodinâmicas. Essa opção se deu pela facilidade em delimitar os conhecimentos concernentes à dimensão declarativa do conhecimento. Na dimensão sociocultural, foram incluídos conhecimentos de áreas como Filosofia, Antropologia e Sociologia. Na dimensão comportamental, os conhecimentos incluídos foram dos temas Aprendizagem Motora, Crescimento e Desenvolvimento Motor, aspectos psicológicos do exercício. A dimensão biodinâmica abarcou os conhecimentos ligados à Biomecânica e aos aspectos biológicos da atividade física.

Com


Treinamento no Salto Ornamental

Posted: 24 Oct 2012 02:35 AM PDT


Pular de um trampolim com a técnica, a plástica e a elasticidade necessárias é o sonho de todo atleta do salto ornamental. São anos de treinamento para fazer movimentos perfeitos. Mas poucos sabem que o diferencial para o competidor é controlar as atividades cerebrais

O salto ornamental é um esporte em que consiste em um atleta pular de uma plataforma ou trampolim em direção a água, executando manobras plásticas junto com uma capacidade comum do ser humano, que é o ato de saltar. É um esporte extremamente técnico, já que o que ele realmente procura, é a perfeição nos movimentos humanos, sendo que todo movimento é analisado por uma banca de jurados especiais.

Para se efetuar uma boa série de treinamentos nesse esporte, são necessários uma série de fatores e uma boa preparação é fundamental para um trabalho bem feito.

Instruções

  1. Primeiramente, deve haver alguns horários estipulados para os treinos, lembrando que para um atleta alcançar um elevado nível, é importante que haja ao menos 4 dias de treino durante a semana, com uma carga horária de no mínimo doze horas no total.
    A alimentação é um quesito importante para o atleta, é papel do treinador estipular o que o atleta pode comer e quando, lembrando que carboidratos são essenciais antes do treino, mas nada em excesso.
    Preparação física é um quesito que deve ser levado em consideração também, já que para o atleta conseguir mostrar seu máximo potencial, é importante que ele tenha um físico apto para tal. Academia é importante, frisando partes especificas do corpo como pernas e braços, que são largamente utilizados.
  2. Assim como a parte física, a mental é extremamente cobrada, já que existe muita pressão nesse esporte por parte dos jurados, sendo assim, é importante que o atleta consulte um psicólogo caso seja necessário ao menos uma vez ao mês.
    Os treinos são importantíssimos, mas assim como a parte psicológica, é necessário fazer o atleta entender que sua vida não é apenas o esporte, e é importante fazer com que ele não abandone sua vida social por causa da prática.
    Para um treinador, é importante que ele mostre que o atleta é capaz, por isso, a motivação é algo que deve ser expressa em cada frase, mantendo a confiança intacta.
    Um treinador não deve abusar do limite físico do atleta, mas para ele não abusar, ele deve conhecer o atleta ao máximo, sendo assim, entra mais um quesito que o conhecimento do atleta para que, junto com o treinador, ambos alcancem seus reais objetivos.
  3. O Treinador é o principal motivador do atleta, lembrando disso, é também papel dele colocar um objetivo na cabeça do atleta, para que ele tenha algo para se buscar.
    É importante que o treinador tenha um plano de treino, abusando em cada parte do período, uma parte que o atleta precise melhorar, e sucessivamente, aumentar a intensidade dos treinos, para que a cada passar de datas, o atleta progrida e sucessivamente seja um atleta mais completo.


Beneficios da Atividade Física para a Diabetes

Posted: 24 Oct 2012 02:34 AM PDT


Praticar exercícios físicos é muito importante para qualquer indivíduo, pois está provado cientificamente que o sedentarismo é prejudicial à saúde. Para a pessoa que tem diabetes, a atividade física traz diversos benefícios adicionais, como o aumento da ação da insulina.
As vantagens de praticar exercícios podem ser divididas em dois tipos: imediatos e tardios.

Como benefício imediato, ou seja, aquele que ocorre logo no primeiro dia, podemos citar:
- Aumento da ação da insulina
- Aumento da captação da glicose pelo músculo
- Captação da glicose no período pós-exercícios
- Diminuição da glicose sangüínea
- Aumento da sensibilidade celular à insulina

Já os benefícios tardios são:
- Incremento das funções cardio-respiratórias
- Incremento da força e da resistência
- Outros benefícios: Aumento da ação da insulina

Aumento da Ação da Insulina
Em um primeiro momento a afirmativa que a "atividade física aumenta a ação da insulina" parece estar errada, pois há diminuição da produção de insulina durante o exercício. O mecanismo que rege a produção de insulina não tem relação com o mecanismo que rege sua ação. Além disso, a insulina exógena e/ou os hipoglicemiantes orais têm sua ação aumentada pelo aumento do metabolismo, razão pela qual se recomenda, sob orientação médica - e somente nessa condição - diminuir a medicação no dia que a pessoa com diabetes realizar alguma atividade física. Este mecanismo é um dos responsáveis por hipoglicemias induzidas pelo exercício.

Aumento da Captação da Glicose pelo Músculo
Existem três mecanismos responsáveis pelo aumento da utilização e captação da glicose pelas células musculares. Eles consomem grande quantidade de glicose durante o exercício: o aumento da ação da insulina, causada pelo aumento do metabolismo, a atuação específica do exercício nos glicotransportadores GLUT4 e o conseqüente aumento da sensibilidade à insulina.

Captação da Glicose no Período Pós-exerccios
Este fenômeno é responsável por hipoglicemias que ocorrem até 48 horas após a atividade física, sendo explicado pela reposição de glicogênio pelas células e pelo gasto energético causado pela recuperação do organismo, sempre na presença de insulina exógena.
Aqui cabe uma explicação: tão importante quanto a atividade física em si é o período de recuperação do organismo. De pouco, ou de nada, adianta, após uma caminhada de 40 minutos no final da tarde, sentar-se à mesa para saborear uma picanha com fritas. O que foi gasto durante o exercício em poucas horas já estará circulando nas veias.

Diminuição da Taxa de Glicose
A redução dos índices de glicemia é um dos efeitos mais significativos da atividade física no diabetes. A glicoseé fonte predominante de energia nos 30 primeiros minutos de exercício. Assim, a atividade física tem função parecida com a insulina no tocante ao aumento da utilização de glicose pela célula.
Uma queda para valores inferiores a 60-70 mg/dl caracteriza hipoglicemia induzida pelo exercício, o que mais comum em pessoas com diabetes que utilizam insulina do que os que não usam. Mas mesmo indivíduos que não têm diabetes estão sujeitos a hipoglicemias durante o exercício, o que causa tontura, visão turva e até desmaio.

Aumento da Sensibilidade Celular à Insulina
Com comprovada atuação nos glicotransportadores, a atividade física eleva a sensibilidade celular à insulina, tornando-a mais eficiente. Este efeito possui duração de 2-3 dias, assim como os outros benefícios descritos acima. Por isso, prescrevem-se rotinas de, no mínimo, três dias intercalados por semana, sendo desaconselhável, por esses e outros motivos, as atividades exclusivas de finais de semana.

Benefícios Tardios
Como podem observar, a atividade física produz alterações significativas no contexto glicêmico, mesmo a curto prazo. Mas não são apenas estes os benefícios produzidos pelos exercícios.
Existem também os benefícios tardios, que necessitam de algum tempo para serem notados, normalmente 3 a 4 semanas, dependendo da adaptação orgânica ao esforço. Importante aqui também o procedimento da pessoa com diabetes durante a recuperação.

Incremento das Funções Cardio-Respiratórias

Sob este título se encontram algumas adaptações do sistema cardio-respiratório e circulatório, descritos na tabela abaixo, que sofrem influência direta do esforço a que o organismo é submetido durante a atividade física.

 Efeito
Peso e volume do coração Aumento
Volume sangüíneoAumento
Freqüência cardíaca de repouso Diminuição
Fluxo sangüíneo e distribuição do sangue Aumento
Pressão arterial em repousoDiminuição
VO2 máximoAumento
Freqüência cardíaca máxima Aumento
Freqüência respiratória em repousoAumento
Glicogênio muscular e hepáticoAumento
Massa muscularAumento

O aumento no peso e no volume do coração proporciona diminuição da freqüência cardíaca de repouso e da freqüência cardíaca máxima, pois o coração passa a contrair e bombear sangue mais eficientemente. O aumento do glicogênio hepático e muscular contribui para minimizar os efeitos das hipoglicemias.

Incremento da Força e da Resistência
O ganho de massa muscular e a melhora no fornecimento e na utilização de oxigênio e energia proporcionam aumento da força muscular, assim como da resistência geral do organismo ao esforço.
Um erro comum é confundir aumento do peso corporal com aumento da gordura corporal. O ganho de massa muscular contribui para elevação do peso corporal, mas não tem relação com aumento de gordura corporal, que tende a diminuir com a rotina de exercícios.

Diminuição da Gordura Corporal
Após 20-30 minutos de exercícios, a gordura passa a ser a fonte primordial de energia, proporcionando decréscimo da gordura nas células adiposas. Dois aspectos importantes para quem quer perder massa corpórea gorda: o tempo mínimo de 30 minutos de exercícios e a ingestão calórica menor do que o gasto. Ninguém vai perder peso se consumir mais calorias do que gasta.

Redução dos Fatores de Risco de Doenças Coronarianas
Atribui-se à atividade física regular o decréscimo do colesterol de baixa densidade - LDL-colesterol - e de muito baixa densidade - VLDL-colesterol (conhecido como mau colesterol) e do triglicérides; e aumento do colesterol de alta densidade - HDL-colesterol - (conhecido como bom colesterol), o que contribui, juntamente, com a diminuição da gordura corporal e aumento da eficiência cardíaca e circulatória, com a diminuição de problemas cardíacos, mesmo aqueles associados ao diabetes, como o infarto do miocárdio e arterosclerose.
A inatividade física é um dos principais fatores de risco de doenças coronarianas, ficando atrás apenas do fumo, pressão arterial e colesterol elevados.

Redução da Ansiedade e da Depressão
O exercício aeróbico contribui para o lançamento, na corrente sangüínea, de certas substâncias neuroquímicas responsáveis pela redução da ansiedade e da depressão, como as endorfinas. A atividade fsica está, portanto, associada à sensação de bem estar do indivíduo fisicamente ativo.

Outros Benefícios
Além dos benefícios citados, que em si já merecem especial atenção, um efeito importante é que a atividade física possui a efetiva contribuição à prevenção de DM tipo 2 em pessoas com predisposição à doença. Explicações deste fenômeno no estão totalmente esclarecidas, mas evidências apontam para o aumento da sensibilidade celular à insulina, agindo no glicotransportador GLUT4, para a diminuição da gordura corporal, diretamente associada à maior resistência à insulina*, e também para a diminuição do estresse.
Como podemos notar, as qualidades atribuídas à atividade por si já corroboram para que qualquer pessoa com diabetes se engaje num programa de exercícios. Além do que, a manutenção da taxa de glicose no sangue em valores adequados (por exemplo, com hemoglobina glicosilada inferior a 7 %) é responsvel por reduções nas incidências de doenças secundárias ao diabetes: neuropatia, nefropatia, retinopatia etc, e dos sintomas do diabetes: poliúria, polifagia, polidpsia, glicosúria etc.
Se a pessoa com diabetes assumir sua doença e tratá-la como convém, espera-se um quadro que contribua para uma menor necessidade de medicamentos (principalmente do diabetes tipo 2) e dieta menos restritiva (quando na melhora de alguns quadros patológicos).




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