EDUCAÇÃO FÍSICA DO PROFESSOR WILLIAM PEREIRA

Este blog é a continuação de um anterior criado pelo Professor William( http://wilpersilva.blogspot.com/) que contém em seus arquivos uma infinidades de conteúdos que podem ser aproveitados para pesquisa e esta disponível na internet, como também outro Blog o 80 AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA (http://educacaofisica80aulas.blogspot.com/ ) que são conteúdos aplicados pelo Professor no seu cotidiano escolar.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Notícias da Educação Física

Notícias da Educação Física


Dicas para correr uma meia maratona

Posted: 16 Oct 2012 04:31 AM PDT



• Para quem vai correr uma meia maratona, poderia dizer que os treinos nesta última semana não devem ser duros, desgastantes, você deverá estar descansado para correr a prova.

• Para este tipo de prova, ser progressivo no ritmo é essencial, poderia dizer que o ideal é algo como; 7km leve, 7km moderado e 7km moderado ou forte, dependendo da sua condição física.

• Para corredores condicionados vale a mesma regra, apenas o conhecimento do próprio corpo neste caso é mais apurado para estes atletas e muitos já iniciam a prova em ritmo forte devido ao treinamento mais elevado desenvolvido por eles.

• Hidratação é fundamental! O gel de carboidrato é uma excelente maneira de evitar a queda do rendimento, mas se você não está acostumado a utilizá-los nos treinamentos, evite!

• O café da manhã deve ser tomado por volta de duas horas antes da largada, por este motivo nada de acordar em cima da hora!

• Concentre-se para a prova! Descanse bem no dia anterior, durma cedo e para o jantar do dia anterior dê preferência as massas.

• Prepare tudo na véspera, número de peito ou comprovante para retirada deste, gel, tênis, calção, camiseta, relógio ou frequencímetro, tudo! Se deixar para a última hora a chance de esquecer algo importante é grande!

• Sempre vale lembrar, separe o tênis mais macio, o calção mais confortável, em geral os que você treina os longos! Não utilize nenhuma vestimenta nova, elas podem vir a lhe dar problemas, como por exemplo bolhas, assaduras, etc.

• Passe vaselina ou outro creme lubrificante para evitar atrito entre as axilas, mamilos, e virilha, locais vulneráveis a assaduras.

• Leve boné e protetor solar, principalmente se sua pele é clara!

• Tenha confiança e pense positivo, se você treinou vai dar tudo certo e após a prova, na hora do almoço, poderá comemorar e melhor, nem vai engordar!


Programas para corrida de maratona

Posted: 16 Oct 2012 04:30 AM PDT

Para os amigos que pretendem se preparar para a sua primeira maratona ou mesmo para aqueles que já a correram e pretendem melhorar seu desempenho, é fundamental um bom programa de treinamento. A tarefa é tamanha que se torna indispensável alguma organização e disciplina de forma a evitar lesões ou mesmo o risco de não completar a prova.

Considerando que o ideal seja o acompanhamento de um técnico, apresento aqui, brevemente, alguns programas de treinamento para maratonas disponíveis na Internet os quais podem servir de base para a construção de sua planilha.

Boa parte dos programas está em inglês. Aqui são apresentadas apenas aquelas características que julguei mais relevantes e as quais apresento brevemente abaixo. Maiores informações devem ser obtidas nos respectivos sites.

Duração do treino: esta é a duração do treino específico para a prova. Não imagine que irá se preparar para uma maratona apenas em 16 semanas partindo do nada. É interessante que já preencha alguns requisitos, tais como:

- praticar a corrida já há alguns meses;
- ser capaz de correr 13 km, ainda que em ritmo lento, ao menos uma vez por semana;
- ser capaz de correr 10 km em 60 minutos ou melhor;
- sentir-se confortável em treinar pelo menos 4 a 5 horas semanais, em pelo menos 3 dias distintos.

Apesar de ser possível que você consiga fazer uma maratona seguindo algum desses programas sem preencher todos estes requisitos, espere até que ao menos seja capaz de completar a corrida longa. De outra forma, o programa será mais duro do que deveria ser.

Há também programas de treinamento com durações menores. Via, de regra, são direcionados àqueles que decidiram participar de uma maratona com pouca antecedência e cujo prazo não permite uma preparação mais adequada. Confira no final do artigo.

Polimento: é o período anterior à prova em que o atleta diminui o esforço de treinamento, visando chegar a ela descansado, com as reservas cheias. Em geral, diminui-se o volume, mas não a intensidade do treinamento.

Dias duros, fáceis e de descanso: este item é importante quando considerada a disponibilidade do corredor para os treinamentos. Os dias duros devem ser cumpridos à risca, pois são a base do seu treino. Faltas podem acontecer, mas devem ser evitadas. Os dias fáceis são, em geral, corridas leves, cross-training ou até mesmo descanso, a depender da sua disposição.

Ênfase dos treinos duros: todo treinamento de maratona tem como base os longões, treinos de longa distância que prepararão seu corpo e espírito para os rigores da prova. Além deles, outros treinos específicos podem ser sugeridos, tais como:
- Treinos de força: normalmente são definidos como um trabalho de base, permitindo maior potência muscular;
- Tempo run: este treino acostuma seus músculos a trabalhar pesado sem acumular ácido láctico, melhorando seu ritmo no limiar de lactato.
- VO2: para elevar sua capacidade aeróbica máxima (VO2 máximo), ou seja, a quantidade máxima de oxigênio que seu sistema cardiovascular pode transportar para seus músculos e que eles podem então usar para produzir energia.
- Fartlek: trabalho de resistência em esforço intenso e fraco com alterações no ritmo de corrida.

Km semanal (min/max): considerando apenas os dias duros fora do período de polimento, avalie a quilometragem que está acostumado a correr e sua disponibilidade de tempo e energia.

Km do longão (min/max): uma vez que a km máxima dos longões está sempre em torno de 29-32 km, julgo importante avaliar os programas pela km mínima que é, via de regra, aquela pela qual são iniciados os treinamentos. Quanto você se sente apto a correr atualmente?

Ritmo do longão (min/max): o ritmo proposto pelos programas para o seu treinamento depende, obviamente, dos seus tempos de referência. Os tempos constantes da tabela abaixo consideram uma meia maratona em 1h49'00'', 10 km em 48'40'' e 5 km em 22'55''. Para o amigo leitor, o importante não são os tempos apresentados, mas a noção do esforço relativo exigido por cada programa.

Competições preparatórias: em geral, servem a dois objetivos: avaliar a evolução do seu desempenho e lhe dar "ritmo de jogo", colocando-o diante de situações que normalmente só ocorrem durante provas, preparando-o para a competição. Apesar de alguns programas não as preverem, nada o impede de inseri-las de acordo com o calendário de provas. Cuidado para que as mesmas não tirem o foco do treinamento para a maratona.

Periodização: os programas são marcados por ciclos (periodizações) diferenciados pelo nível de esforço requerido ou pelas ênfases (base, VO2, lactato) de treinamento. Alguns exemplos podem ser vistos aqui
. Sua transição é, em geral, marcada pela redução do volume (km) de treino de forma a descansar a musculatura e reduzir o risco de lesões.

(clique para ampliar)


O ensino do esporte na Educação Física escolar

Posted: 16 Oct 2012 03:58 AM PDT


    Ao analisarmos a história da Educação Física, vê-se que o ensino do esporte na escola foi justificado por interesses governamentais, designando-se a ela o local onde talentos esportivos seriam descobertos. Este período, caracterizado por Ghiraldelli Júnior (1988) como competitivista, teve seu auge nos anos de 1964 a 1984, momento em que se viveu a ditadura militar e no qual se fez uso do esporte como forma de demonstrar que éramos um país em ascensão. Para tal, buscaram ampliar as conquistas em competições internacionais, tais como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo de Futebol.

    A formação dos professores de Educação Física, nos modelos curriculares de 1939 e 1969 (Pereira Filho, 2005), foi direcionada para a área esportiva, visando à formação de técnicos esportivos. Essa formação é o que Darido (2003) chama de tradicional-esportivo, que enfatiza disciplinas práticas, o saber fazer para ensinar, e estabelece clara distinção entre teoria e prática.

    Nos anos oitenta, surgem novas diretrizes curriculares para os cursos de Educação Física (Resolução 003/1987), buscando-se ampliar a formação na área das ciências humanas que estava deficitária (conhecimento do homem, da sociedade e filosófico) e romper com a formação apenas técnica-esportiva.

    Mais de duas décadas se passaram. Vários autores têm discutido o esporte enquanto conteúdo da Educação Física (HILDEBRANT E LAGING, 1987; SOARES ET AL., 1992; KUNZ, 1991; 1994; ASSIS, 2001; NEUENFELDT, 2000), procurando rever procedimentos metodológicos em relação ao seu ensino e ampliar as possibilidades educacionais para além da aprendizagem dos gestos esportivos e sistemas táticos.

    Em 2002 foram homologadas novas diretrizes (Resoluções do Conselho Nacional de Educação n.º 01 e n.º 02/2002) para os cursos de formação de professores de todas as áreas de ensino. Passa-se a se pensar na necessidade de que a formação de todos os professores, independente da disciplina que irão ministrar, possua uma base comum. No caso da Educação Física, quer-se que o professor se aproxime das discussões pedagógicas, que dialogue e participe do PPP.

    No curso de Educação Física da UNIVATES, Graduação em Educação Física – Docência em Educação Básica – Licenciatura, destaca-se a preocupação com a formação de profissionais para atuar na Educação Física Escolar, apesar de não excluir a formação para a área não escolar. Assim, espera-se que o esporte seja visto como um recurso pedagógico, e não como fim em si mesmo.

    Dessa forma, frente a uma sociedade em que o esporte de rendimento é hegemônico e tem como características a sobrepujança, a busca de vitórias a qualquer preço, que prima pela individualidade (Kunz, 1994), questionamos:

    Qual(is) compreensão(ões) sobre o ensino do esporte na escola que os acadêmicos do curso de Educação Física da UNIVATES possuem? O que enfatizam ao ensinar os esportes na escola?

    Diante desse contexto, estabelecemos como objetivo do estudo analisar a compreensão pedagógica sobre o ensino dos esportes coletivos na escola dos acadêmicos de Educação Física que estão atuando no Estágio Supervisionado II, Ensino Fundamental – Anos Finais e relacionar com a sua prática pedagógica.

Método de pesquisa

    Este estudo caracteriza-se como qualitativo. Para Minayo (2004), a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, e isso se refere a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos, os quais não podem ser quantificados.

Participantes do estudo

    Optou-se pelo estudo de casos. Selecionaram-se três acadêmicos do curso de Educação Física da UNIVATES que já haviam concluído no mínimo três quartos do curso (75%). A escolha desses acadêmicos deve-se ao fato de, conforme a matriz curricular do referido curso, já terem cursado praticamente todas as disciplinas relacionadas aos esportes coletivos ou didático-pedagógicos e estarem realizando o Estágio Supervisionado II, Ensino Fundamental – Anos Finais. Um dos acadêmicos selecionados realizou o estágio individualmente com uma turma de 8ª série. Os outros dois atuaram conjuntamente com duas turmas de 7ª séries. Ambas escolas são da rede estadual de ensino.

Técnicas e procedimentos de coleta de informações

    Para o desenvolvimento deste estudo foram coletadas informações mediante o uso de questionário, entrevistas e observações.

    No semestre A de 2007, os acadêmicos investigados neste estudo responderam a um questionário contendo oito questões abertas.

    Posteriormente, no semestre B, durante o estágio, além das observações da prática pedagógica, realizaram-se entrevistas que foram gravadas, transcritas e entregues aos informantes para que pudessem ler e validar as informações. Eles também tiveram a liberdade para acrescentar ou excluir trechos de suas falas. A entrega aos informantes foi feita em cópia impressa ou via e-mail, buscando o recurso que o entrevistado considerasse mais cômodo.

    Em todas as situações de coleta de informações os estagiários foram comunicados do objetivo do estudo, leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética da Univates.

Análise das informações

    A partir das informações obtidas com os questionários, entrevistas e observações foram elaboradas categorias de análise que, conforme Minayo (2004), significa agrupar elementos, idéias e expressões em torno de um conceito com características comuns, ou que se relacionam entre si. Além disso, fez-se a triangulação das informações coletadas pelos vários instrumentos correlacionando com o referencial teórico e o PPP do curso de Educação Física. A esse processo denominamos triangulação (Triviños, 1987).

    Na apresentação dos resultados, para preservar a identidade dos participantes, utilizamos os códigos estagiário 1, 2 ou 3.

A história de vida e a relação com o esporte

    É importante frisar que a construção de uma concepção de esporte não se dá apenas ao cursar uma graduação em Educação Física. Vários fatores podem influenciar, entre eles as vivências nas aulas de Educação Física na Educação Básica, a participação como atleta em competições e a experiência como professor. Por isso, torna-se importante trazer algumas lembranças dos três estagiários do estudo enquanto alunos no Ensino Fundamental (E.F.) e/ou Médio (E.M.), e/ou como atletas relatadas nos questionários.

    Em relação à Educação Física escolar, os acadêmicos praticaram os esportes coletivos mais tradicionais ou culturalmente predominantes. Não apontam más recordações em relação à forma como foram ensinados. Isso pode ser confirmado nas respostas abaixo:

    No meu Ensino Fundamental fui incentivado e levado apenas a praticar o futebol e voleibol. Fiz parte do time de voleibol da escola que participava das interséries disputadas com outros municípios [...] No Ensino Médio, meu contato com o desporto foi menor devido a cursar magistério e fui levado a conhecer a praticar os jogos de recreação, porém, pela primeira vez, tive contato com o handebol e basquetebol (Estagiário 1, 15/05/2007).

    Durante minha adolescência na escola vivenciei diversas atividades como atletismo, handebol, futebol, voleibol. O futebol foi o esporte mais marcante, pois praticava-o diariamente no horário oposto à escola (Estagiário 2, 27/04/2007).

    Na questão da prática esportiva, por minha parte, sempre foi muito bem aproveitada, dentro do ensino fundamental. Praticávamos as práticas mais comuns, menos o basquetebol. A professora era bem fundamentada, sendo sua principal modalidade o vôlei. [...] A questão atleta, se resume uma vez por semana sendo o futsal e, nos finais de semana (Estagiário 3, 06/04/2007).

    Em relação à escolha da profissão "Educação Física", Figueiredo (2004) diz que vários são os fatores que levam à escolha do curso de Educação Física, tais como: maior facilidade de ingresso em relação a outros cursos, incentivo de irmãos ou de pais que são professores de Educação Física. Contudo, predomina a ligação com o esporte de alto nível ou com a experiência escolar voltada com esta área de saber. Além disso, comenta que as experiências sociocorporais dos alunos agem como um filtro no processo de formação, orientando escolhas e definindo interesses, influenciando na trajetória acadêmica. Também Tardif (2002) comenta sobre a importância das experiências familiares e escolares, como alunos, anteriores à formação inicial na aquisição do saber-ensinar. Isto leva os futuros professores a adquirirem crenças, representações e certezas sobre o ofício de professor e o que é ser aluno.

Formação acadêmica

    Ao se instigar os acadêmicos/estagiários a pensar sobre a sua aprendizagem (princípios norteadores, vivências, discussões...) nas disciplinas dos esportes coletivos (futebol, futsal, voleibol, basquetebol, handebol) do Curso de Educação Física da UNIVATES e que lhes auxiliaram a (re)pensar o ensino do esporte na escola, obtivemos destaque para as questões metodológicas que buscam adaptar o esporte, visando à inclusão, à cooperação e à co-educação. Isto se percebe nas seguintes falas:

    Uma vivência que marcou foi o basquete, pois quando eu era criança praticava o basquete no clube como atleta. Após, muito tempo depois, quando retornei a praticar na faculdade, comecei a relembrar atividades que realizávamos e vi que o professor conseguiu trabalhar o jogo de maneira que não seria 'regrado' e sim modificado para tal prática (Estagiário 3, 06/04/2007).

    É fundamental trabalhar juntamente com todos os alunos, buscando um trabalho coletivo envolvendo meninos e meninas (Estagiário 2, 27/04/2007).

    "Acho importante os alunos conhecerem os fundamentos e algumas regras do esporte a ser trabalhado, porém, procurando sempre e visando à inclusão, à cooperação, pois não podemos esquecer que cada aluno é um ser especial e, assim como nós, ele tem potencialidades, habilidades e dificuldades que devem ser valorizadas e respeitadas. Devemos atentar muito mais para a expressão corporal de cada aluno, do que para a perfeição da técnica (Estagiário 1, 15/05/2007).

    A preocupação com um olhar diferenciado em relação ao esporte na escola é marca do curso de Educação Física da UNIVATES, que vem acompanhando as discussões do assunto na área. Os acadêmicos destacam nas disciplinas dos esportes coletivos as reflexões, vivências e ações metodológicas que buscam repensar os valores do esporte de rendimento em relação à Educação Física escolar. Ao recordarem das aulas dos esportes coletivos na graduação, prevalecem as preocupações em relação à inclusão, respeito mútuo, cooperação, em detrimento da ênfase na competição. Esta concepção foi detectada no momento em que lhes foi perguntado a forma como concebem o ensino do esporte na escola. A ênfase dada aos conteúdos atitudinais se sobressaiu em relação ao processo de ensino-aprendizagem dos fundamentos técnicos específicos de cada esporte (NEUENFELDT E PACE, 2007).

    Aqui, também cabe acrescentarmos que concordamos com Vago (1996/2). Ele acredita que a escola como instituição social pode produzir uma cultura escolar de esporte que, ao invés de reproduzir as práticas hegemônicas na sociedade, estabeleça com elas uma relação de tensão permanente, intervindo na história cultural da sociedade. Assim, a Educação Física escolar deve buscar desenvolver um esporte que atenda aos seus objetivos e não a objetivos externos. Devemos acreditar que isso é possível e que se pode levar essa forma de conceber o esporte para fora dos muros da escola.

Docência no Estágio Supervionado II

    Após analisarmos um pouco da história de vida e da formação acadêmica dos estagiários os questionamos sobre os objetivos que traçaram para os seus alunos no período do estágio em relação ao ensino dos esportes. Obtivemos as seguintes preocupações:

    Oportunizar novas vivências como handebol, voleibol, futsal, basquetebol, documentários sobre saúde. Variações, trabalhar com equipes mistas, não havendo equipes masculinas e femininas. Adaptando regras diferentes no jogo, adaptando o jogo para a inclusão, sendo que todos alunos dentro do jogo deverão tocar a bola um para o outro (Estagiários 2 e 3, 25/09/2007).

    Acredito ser importante conhecer os fundamentos do esporte, porém, também levá-los a refletir sobre o mesmo, buscando vivenciar o jogo de outras formas, como, por exemplo, realizar um jogo de voleibol humano, experimentar jogar voleibol utilizando lençóis (Estagiário 1, 15/05/2007).

    Evidencia-se entre os estagiários a preocupação em proporcionar aulas em que o esporte atenda aos objetivos de uma educação cidadã. Este se reflete na preocupação com os conteúdos atitudinais, que se sobressaem em relação ao processo ensino-aprendizagem dos fundamentos técnicos específicos de cada esporte. Nas aulas observamos as seguintes situações:

    O professor reúne os alunos e conversa com eles: "Cada um tem um jeito de jogar. Cada um é um ser especial. Devemos respeitar os colegas em suas habilidades. Se alguém não está conseguindo jogar não esculache. Estamos para aprender uns com os outros" (Observação 3 do Estagiário 1, 22/10/07).

    Com uma bola, o estagiário orienta a atividade que é o jogo dos dez passes: "Não poderão trocar passes os mesmos alunos do grupo, ou seja, a bola deverá passar por todos os integrantes do grupo". A partir da intervenção, a bola passa nas mãos de meninas para meninos e vice-versa. Ele também, no final da aula, abre espaço para os alunos expressarem o que acharam das vivências. Pergunta: "[...] gostaram ou não gostaram? O que poderia melhorar ou ser mudado? (Observação 01 do Estagiário 3, 11/09/07).

    O professor orienta que 'ambos os grupos fiquem em fileira, uma de frente para a outra, e deverão jogar a bolinha para o outro lado da fileira. Importante: não pode chutar a bolinha!'. Em outro momento ele completa. 'Este é um jogo de cooperação, todos devem trabalhar juntos' (Observação 03 do Estagiário 2, em 25/09/07).

    Ao interpretar os objetivos traçados pelos estagiários e relacionar com as aulas observadas identifica-se coerência. Os fundamentos técnicos e táticos dos esportes são considerados importantes, mas não é exigida a perfeição. É importante salientar que o fato de as teorias críticas da Educação Física se contraporem ao modelo do esporte de rendimento para as aulas de Educação Física escolar, isso não implica em deixar de ensinar os elementos técnicos. Conforme Bracht (2000/1) ao se referir à interpretação das abordagens críticas da Educação Física escolar, um dos equívocos foi acreditar que tratar criticamente o esporte nas aulas de Educação Física é ser contra a técnica esportiva.

    Contudo, os alunos do Ensino Fundamental trazem consigo a compreensão do modelo do esporte de rendimento, necessitando da intervenção dos estagiários. Isso aparece nas situações abaixo:

    Durante o jogo dois alunos, um rapaz e uma moça, se desentendem pela cobrança de resultado dele em relação ao jogo. Ela sai da quadra. Ele tenta ir atrás e conversar, mas ela foge. A professora vai conversar com a aluna e após com o aluno (Observação 03, Estagiário 1, 22/10/07).

    Durante o jogo, uma aluna questiona a professora. "Professora, estão mal distribuídas as equipes". A professora completa: "Vamos apenas jogar". A aluna se retira do campo. A professora pede que a menina volte a jogar com as companheiras. Neste momento as alunas da equipe contrária se manifestam: "Não sabe perder, não sabe perder". A professora pede para a aluna. "Venha jogar, pois suas colegas precisam de você, se não elas ficarão em desvantagem no jogo (Observação 05, Estagiário 2, 02/10/07).

    O esporte deve, conforme Hildebrandt-Stramann (2001), ser transformado em objeto didático, tendo objetivos pedagógicos que permeiam a relação entre professor e aluno. Isso significa analisar o esporte como algo socialmente regulamentado, a ser aprendido, a que se assiste, a ser refletido e a ser modificado.

        Dessa forma, é importante buscar espaço para a discussão com os alunos dos princípios do esporte de rendimento construir práticas esportivas pautadas em princípios como a inclusão, a co-educação, a cooperação e a ludicidade. Kunz (2000) sugere no esporte, ainda que pelo menos por uma pequena parte, que este possa pertencer ao âmbito da arte, utilizar-se do movimento sem obrigatoriedade de render, desenvolvendo para o praticante uma forma livre de movimentos em diferentes contextos e formas, com prazer e alegria, e, realizado de forma bem sucedida, seria alcançado rendimento necessário, mas não obrigatório.

Considerações finais

    Ao analisar a compreensão e a docência do esporte na escola pelos três estagiários, nota-se que a preocupação do ensino de atitudes, normas e valores em relação à aprendizagem das técnicas esportivas. Isso se caracteriza como uma marca do curso de Educação Física da UNIVATES. Porém, a aprendizagem dos gestos próprios dos esportes não é descartada, mas não evidenciamos uma preocupação com uma execução perfeita, ou seja, deseja-se um aprendizado básico que possibilite ao aluno usufruir desta cultura do movimento: o esporte. Este ensino é feito a partir de modificações e adaptações na estrutura formal dos esportes, além do uso de jogos e brincadeiras como recursos pedagógicos.

    Podemos afirmar que, em parte, tal mudança de paradigma é influenciada pela concepção pedagógica do ensino dos esportes que se apresenta no currículo do Curso de Educação Física da UNIVATES (PPP, 2007). Porém, também o perfil dos acadêmicos que está ingressando não é mais o mesmo de décadas atrás, ou seja, ser atleta não é mais pré-requisito para ser professor. Isso é fruto do modelo de formação oferecido que não exige o "saber fazer" para ser professor, rompendo com a tradicional formação esportivizada (Darido, 2003), mas que não descarta a necessidade de conhecimentos didático-pedagógicos a serem construídos ao longo da graduação sobre o objeto de ensino da Educação Física: os esportes, as atividades rítmicas e expressivas, as lutas, as ginásticas e os jogos.

    Estamos vivendo um momento de consolidação de novas abordagens de ensino na Educação Física escolar que possuem visões diferenciadas da tradicional sobre o ensino do esporte. Temos que ficar atentos quanto à forma que se dá o processo de estabelecimento de novo paradigma, que geralmente ocorre a partir da negação do anterior, e a forma como os acadêmicos o compreendem. Por isso, é necessário ter clareza ao ler e ao utilizar as abordagens críticas da Educação Física, sobre o que se está propondo, pois, como Bracht (2000/1) escreveu, alguns equívocos foram evidenciados e entre eles está a construção de uma imagem negativa do esporte de rendimento, da associação direta do ensino das técnicas esportivas com metodologias tecnicistas e, em contrapartida, a associação apenas à ludicidade de virtudes, tais como: prazer, espontaneidade, liberdade e verdadeira humanização.

    O reconhecimento, no entanto, de que na aula de Educação Física escolar o esporte é conteúdo para todos e não para alguns é um avanço. Por isso, necessitamos esclarecer a sociedade sobre o que temos a propor em relação ao ensino do esporte na escola. Se tivermos clareza ao responder "o que ensinamos e por que ensinamos", estaremos dando um passo importante na redefinição do papel da Educação Física na escola.

Referências bibliográficas

  • ASSIS, Sávio de Oliveira. A reinvenção do esporte: possibilidade da prática pedagógica – Campinas, SP: Autores Associados, 2001.

  • BRASIL. CFE. Resolução nº 003. Dispõe sobre o artigo 26 da Lei 5.540/68. Fixa o mínimo de conteúdo e duração a serem observados nos cursos de graduação em Educação Física/Bacharelado e/ou Licenciatura Plena. Documenta (322). Brasília, p. 14.682, outubro de 1987.

  • ______ CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução CNE/CP 001/2002, de 18 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores da Educação Básica, do curso de licenciatura, de graduação plena.

  • ______ CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução CNE/CP 002/2002, de 19 de fevereiro de 2002. Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior.

  • BRACHT, V. Esporte da escola e esporte de rendimento. Revista Movimento. Ano VI. Nº 12. p. XIV-XXIV. 2000/1.

  • DARIDO, S. C. Educação Física na Escola: Questões e Reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2003.

  • FIGUEIREDO, Z. C. C. Formação docente em Educação Física: experiências sociais e relação com o saber. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 10, n.01, pg. 89-111, Janeiro/abril de 2004.

  • GHIRALDELLI JÚNIOR, P. Educação Física Progressista: A Pedagogia Critica-Social dos Conteúdos e a Educação Física Brasileira. São Paulo: Edição Loyola. 1988.

  • HILDEBRANDT, R. & LAGING, R. Concepções Abertas no Ensino da Educação Física. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico. 1987.

  • HILDEBRANT-STRAMANN, R. Reflexões pedagógicas sobre a relação entre Educação, Esporte e a aula de Educação Física. In.: HILDEBRANT-STRAMANN, R. Textos pedagógicos sobre o ensino do esporte. Ijuí: UNIJUÍ. p. 113-142. 2001.

  • KUNZ, E. Educação Física: ensino & mudança. Ijuí: Ed. UNIJUÍ. 1991.

  • ______ Transformações didático-pedagógicas do Esporte. Ijuí: Ed. UNIJUÍ. 1994.

  • ______ Esporte e Processos Pedagógicos. In.: MOREIRA, W. W. e SIMÕES, R. (Orgs.) Fenômeno esportivo no inicio de um novo século. Piracicaba: UNIMEP, 2000, pg. 75-83.

  • MINAYO, M. C. S. Ciência, técnic


Nenhum comentário: