Há muito mais entre os remédios e as cirurgias para tratar as dores nas costas, problema que, segundo pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública, atinge um terço dos brasileiros adultos.
Os tratamentos pouco invasivos, feitos com agulhas ou incisões mínimas, estão ganhando espaço em consultórios e hospitais.
Segundo o médico fisiatra João Amadera, entre os 300 pacientes atendidos no centro especializado em tratamento de coluna aberto no fim do ano passado no Hospital do Coração, só um foi encaminhado para cirurgia.
Nos outros casos, fisioterapia e injeções de medicamentos diretamente no ponto de origem da dor bastam.
Outra opção é a "queima" de nervos que podem ter tido um crescimento anormal e se tornam fonte de dor. Depois disso, o paciente pode ser encaminhado para fisioterapia.
"O importante é quebrar o ciclo da dor e corrigir a postura", afirma Amadera.
O exame físico detalhado e o histórico da dor dão pistas melhores sobre a origem do problema do que a análise isolada de exames de imagem, diz o neurocirurgião Joel Augusto Ribeiro Teixeira.
Para ele, ainda é comum uma visão simplista das dores da coluna. "Parece que sempre é hérnia de disco ou dor muscular. Ou se opera ou faz fisioterapia. Mas há muitos estágios intermediários", afirma o médico, coordenador do centro de terapias minimamente invasivas da coluna do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Teixeira diz que o tratamento da dor na coluna deve ser escalonado: primeiro é preciso tentar as terapias conservadoras, como o uso de remédios e fisioterapia. Os procedimentos minimamente invasivos vêm depois e, em último caso, a cirurgia.
No entanto, de acordo com o fisiatra João Amadera, muitos pacientes recebem indicação de cirurgia sem necessidade. "Menos de 5% das hérnias de disco precisam de cirurgia. Cerca de 90% são reabsorvidas sozinhas."
O comerciante de tecidos Marcos Antonio Pereira de Barros, 51, escolheu a terapia minimamente invasiva para tratar dores causadas por uma hérnia de disco que o incomoda há oito anos. "Já tinha tentado de tudo. Ficava com dor depois de ficar sentado ou em pé por mais de dez minutos do mesmo jeito."
Barros, que mora em Santa Cruz do Capibaribe (PE), se submeteu a duas sessões para receber injeções de medicamentos no HCor, em São Paulo. "O incômodo melhorou 85%. Estou fazendo pilates também."
Luís Eduardo Munhoz da Rocha, presidente do Comitê de Coluna da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, afirma que os tratamentos pouco invasivos têm indicações pontuais, e o mais importante é mudar hábitos e fortalecer a musculatura que sustenta a coluna. "Hoje está muito em voga o minimamente invasivo. Nem tudo é resolvido assim."
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