EDUCAÇÃO FÍSICA DO PROFESSOR WILLIAM PEREIRA

Este blog é a continuação de um anterior criado pelo Professor William( http://wilpersilva.blogspot.com/) que contém em seus arquivos uma infinidades de conteúdos que podem ser aproveitados para pesquisa e esta disponível na internet, como também outro Blog o 80 AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA (http://educacaofisica80aulas.blogspot.com/ ) que são conteúdos aplicados pelo Professor no seu cotidiano escolar.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Notícias da Educação Física

Notícias da Educação Física


Atividade física é fundamentam para fortalecer ossos das crianças

Posted: 27 Nov 2012 03:07 AM PST


Getty Images Pesquisa acompanhou pequenos de 7 a 9 anos

Recente estudo divulgado pela Academia Americana de Pediatria concluiu que a prática de atividades físicas aumenta a densidade, o tamanho e a resistência óssea das crianças, evitando as fraturas comuns nessa idade.

A pesquisa, realizada por cientistas suecos, acompanhou crianças de 7 a 9 anos durante um período de quatro anos e revelou ainda que aquueles que praticam exercícios físicos antes da puberdade têm mais chances de chegar à terceira idade sem desenvolver osteoporose, já que a atividade potencializaria o crescimento celular que acontece de forma intensa no osso antes do período da adolescência.

Os exercícios podem e dever ser praticados pelo menos por 30 minutos diários. Dentre as atividades que podem ser praticas por crianças são ciclismo, natação, lutas marciais, jogos e brincadeiras ao ar livre, entre outras. O ideal é permitir que as crianças experimentem diversas atividades até achar uma que seja do seu agrado.

Hoje em dia, com a era da informática e com o sedentarismo dos pais, as crianças precisam ter um estimulo maior a prática de atividade física. É importante também passar por uma avaliação médica no processo de achar a atividade física ideal.



Salto vertical em voleibolistas após treinamento de agachamento e treinamento pliométrico

Posted: 27 Nov 2012 01:26 AM PST

A história do voleibol surgiu somente em 1895 quando William Morgan começou a desenvolver a prática, porém a primeira confirmação de que o voleibol havia se tornado um esporte de competição só aconteceu em 1922. A partir deste momento, o voleibol começou a se popularizar pelo mundo e é hoje um dos esportes mais praticados no Brasil. A procura pelo esporte e a participação dos pré-adolescentes e adolescentes, traz cada vez mais consequências diretas à formação de futuras gerações de atletas (BORSARI, 2001).

    O voleibol pode ser considerado uma das modalidades esportivas mais complexas, pois exige perfeição na execução das habilidades e características físicas específicas, que quando associadas proporcionarão o melhor desempenho (SILVA, BÖHME e UEZU, 2003). O jogador deve apresentar fundamentalmente qualidades físicas como a potência, velocidade (de reação e deslocamento) e agilidade.

    Hoje a preparação física para tornar-se um atleta de esportes de rendimento, torna-se imprescindível e depende do treinamento em longo prazo, aos quais os jovens atletas são submetidos a executar de forma planejada e sistemática. O treinamento em longo prazo tem papel importante no processo de detecção, seleção e promoção do talento esportivo (SILVA, BÖHME e UEZU, 2003).

A força explosiva é justificada como sendo uma variável que se manifesta nas ações e intensidades máximas desse esporte (HESPANHOL, NETO e ARRUDA, 2006). O salto vertical ocorre em diferentes modalidades desportivas, em vista dessa importância, explicar as variáveis que determinam a performance neste gesto é fundamental para que os métodos de treinamento sejam aplicados a fim de maximizar a performance. (SILVA, MAGALHÃES e GARCIA, 2005).

    O exercício de agachamento, por ser completo e complexo, promove aumento do recrutamento de fibras musculares, e pode ser prescrito para trabalho de força, que posteriormente pode se transformar em potência muscular, oportunizando assim melhora do salto vertical do atleta. Para Hirata e Duarte (2006) entender como funciona a força compressiva patelofemoral durante o movimento do agachamento é de suma importância para fisioterapeutas e professores de educação física para orientar, limitar o movimento e saber qual deles será empregado na prescrição.

    Para Moura e Moura (2001) pliométria são exercícios definidos como aqueles que ativam o ciclo excêntrico-concêntrico do músculo esquelético, provocando sua potenciação elástica, mecânica e reflexa. Neste ciclo acumula-se energia elástica no músculo, sendo utilizado na fase concêntrica do movimento. Os exercícios de pliométria são geralmente associados a saltos de profundidade e podem ser divididos em: saltos no lugar, saltos em progressão, saltos em profundidade e exercícios para os membros superiores.

    Diante deste contexto, este trabalho teve como objetivo, utilizando-se de duas metodologias de treinamento: agachamento e pliométrico, verificar após oito semanas qual foi à diferença encontrada no salto vertical dos atletas.

Metodologia

    Trata-se de um estudo experimental do tipo ensaio clínico randomizado, onde a população foi composta por 32 atletas de voleibol com idade entre 10 e 13 anos, praticantes a mais de um ano da modalidade, que não tiveram contato com nenhum trabalho de preparação física e exercícios pliométricos antecedendo seis meses ao estudo.

    Após a explicação do estudo aos participantes, os atletas foram submetidos aos testes de variáveis de caracterização de amostra. Para a verificação da estatura foi utilizado uma trena métrica da marca Starret Tru-Lok de 3 metros, com marcação em cm e precisão de 1 mm, obedecendo à padronização do PROESP-BR (GAYA, 2009).

    Para massa corporal total (MCT), foi utilizada uma balança da marca Filizola, com sensibilidade de 0,1 Kg, sendo os valores registrados em quilogramas (Kg) obedecendo à padronização do PROESP-BR (GAYA, 2009).

    Para a composição corporal foi medida dupla-dobra de gordura subcutânea utilizando um plicômetro científico da marca Cescorf® e trena antropométrica de fibra de vidro simples com 1,5 metros da marca Fisiomed Brasil. O protocolo utilizado para cálculo da densidade corporal foi de Jackson & Pollock, 1978, que utiliza dobras cutâneas da coxa, tórax e abdômen e circunferência da cintura e do antebraço. Para o cálculo do percentual de gordura corporal, foi utilizada a fórmula de SIRI, 1961 apud HERWARD, 2004.

    Para a avaliação maturacional foram utilizadas as fotos relativas às "Pranchas de Tanner" onde os mesmos indicavam por si só o estágio maturacional com o qual mais se identificavam. Assim as crianças eram classificadas em I: indica um estado de pré-adolescência; II: indica o início do período pubertário; III e IV: indicam a continuidade do desenvolvimento, ou uma fase intermediária; V: indica a fase final do desenvolvimento, muito parecida com o estado adulto (MARTIN e Colaboradores, 2001).

    Foi realizado também o teste de impulsão que serviu para verificar o alcance máximo que o atleta atingiu. Foi medido em centímetros, sendo que o alcance máximo foi determinado pelo valor do alcance parado menos a medida do melhor salto. Para sua realização, foi anexada uma trena métrica da marca Tru-Lok de três metros com marcação em centímetros e precisão em milímetros, numa parede de 3,5 metros. Giz em pó foi utilizado para marcar o local de impulsão máxima (Bompa 2004).

    Após o teste de impulsão vertical, os atletas foram divididos por alocação aleatória, nos grupos controle, treinamento com agachamento e treinamento pliométrico onde realizarão 16 semanas de treinamentos.

    Os atletas do grupo experimental que realizaram os treinamentos com agachamento e pliométrico foram orientados na mesma semana a executarem três sessões de treinamento, sendo duas sessões para aperfeiçoamento da técnica de execução do agachamento e dos exercícios pliométricos. Na terceira sessão da semana, os atletas do grupo experimental agachamento, realizaram o teste de repetições máximas, seguindo o protocolo descrito por Fleck and Kraemer (2006), que utilizou para estimativa de uma contração voluntária máxima (CVM), os índices propostos por Lombardi (1989), seguindo após o treinamento de acordo com a periodização das tabelas 1 e 2.

Tabela 1. Treinamento contra-resistência do grupo experimental agachamento

 

Tabela 2. Treinamento do grupo experimental pliometria

    Quanto aos aspectos éticos, o projeto foi aprovado pelo CEP FUCS com número de cadastro 194/09. Todos os pais ou responsáveis assinaram o TCLE e todas as crianças aceitaram participar voluntariamente do estudo.

Procedimentos estatísticos

    Para a análise dos dados foi utilizada estatística descritiva (apresentação de médias e percentuais) e o teste "t" Student para amostras pareadas e para amostras independentes. O nível de significância adotado para o presente estudo foi de 95%.

Resultados

    A amostra iniciou com 32 atletas. Quatro atletas desistiram dos treinamentos, quatro não participaram com frequência mínima de 80% dos treinamentos e dois atletas lesionaram-se antes do pós teste de impulsão vertical. Deste modo, os 22 atletas restantes ficaram divididos em três grupos: 8 atletas no grupo controle, 7 atletas no grupo agachamento e 7 atletas no grupo pliométrico. Os atletas que participaram da amostra tinham em média um ano e nove meses de prática num clube de voleibol em Bento Gonçalves. Segundo Cole e Colaboradores (2000) a média de IMC dos atletas foi classificada como peso adequado para sexo e idade. A tabela 3 apresenta a estatística descritiva (média e desvio padrão), referente aos dados de caracterização da amostra.

Tabela 3. Caracterização da amostra avaliada

    Na tabela 4 são apresentados os dados de avaliação maturacional que foram coletados a partir da utilização das fotos relativas às "Pranchas de Tanner".

Tabela 4. Avaliação maturacional. Classificação apontada pelos atletas

    Na tabela 5 são apresentados os valores médios dos relatos de impulsão pré e pós treinamentos, o n amostral de cada grupo e o desvio padrão. Mesmo havendo valores maiores no relato de impulsão pós teste, não foram constatadas diferenças significativas (p > 0,05) nos grupos controle, agachamento e pliometria.

Tabela 5. Média do teste de impulsão pré e pós treinamentos

    Como vimos de acordo com a tabela 6 não foram encontradas diferenças significativas (p > 0,05) entre os três grupos da amostra para as medidas de impulsão vertical pré e pós teste.

Tabela 6. Teste T para amostras independentes

Discussão

    Os resultados encontrados no presente estudo não apresentaram diferença significativa no salto vertical após 8 semanas de treinamento nos três grupos estudados. Tais resultados apresentam contradição com a maioria dos estudos apresentados na literatura.

    No presente estudo, o grupo pliometria teve uma pequena melhora no pós-teste de impulsão vertical, porém esta não foi estatisticamente significativa. Jaschke e Navarro (2008) apontam resultados positivos em diversos estudos realizados nas diferentes modalidades esportivas, mostrando que os exercícios pliométricos poderiam favorecer as condições físicas de atletas. Almeida e Rogatto (2007) realizaram um treinamento pliométrico em jogadoras de futsal durante quatro semanas e este mostrou melhora da impulsão horizontal e agilidade, mas não se modificou na impulsão vertical e velocidade de deslocamento. Silva e Colaboradores (2004) em um estudo com jogadoras de voleibol de alto nível concluíram que o tipo de periodização adotado manteve o desempenho no salto vertical. Garcia, Herrero e De Paz (2005) utilizaram um programa de treinamento pliométrico de quatro semanas em 9 estudantes (de educação física) e 8 alunos no grupo controle para analisar as adaptações induzidas pelo treinamento pliométrico. Os autores verificaram que houve melhora no grupo do treinamento, porém não foram significantes. Francelino e Passarinho (2007) verificaram melhora significativa (p<0,05) nos indicadores de impulsão vertical em uma equipe de voleibol escolar (meninas de 15 anos) após oito semanas de treinamento com um programa de pliométria. No grupo pliometria, dois participantes mantiveram as médias e dois diminuíram as médias no re-teste, influenciando no resultado de significância da melhora do grupo.

    O grupo agachamento também não apresentou diferenças significativas no salto vertical nos pré e pós-testes. Com relação ao treinamento com pesos, Marques e Badillo e Marques (2005) realizaram um treinamento de força com pesos livres em atletas de basquete com idade de 10 a 13 anos e constataram melhoria da capacidade de salto vertical sem haver necessidade de realização de um trabalho pliométrico. Outro estudo que classificava o treinamento de força como importante meio para compensação muscular e aquisição de força específica de saltos foi aplicado a 10 jovens de 14 a 17 anos durante oito semanas. Os autores constataram que houve aumento na altura do salto vertical e na impulsão, sendo que os mesmos valores não foram encontrados quando relacionados com salto horizontal (FARIA, 2004). Na pesquisa realizada por Lamas e Colaboradores (2007) quarenta sujeitos com média de idade de 24 anos foram divididos em 3 grupos (controle, treino de força e treino de potência) e realizaram durante 8 semanas exercícios de agachamento. O estudo chegou à conclusão de que o treinamento de força e potência produziu ganhos musculares semelhantes. Kyröläinen e Colaboradores (2005) reportaram aumento na força dinâmica máxima utilizando trabalho de potência e com saltos após oito semanas de treinamento. As diferenças entre os estudos citados acima e o presente estudo podem ser em parte explicadas, pelas metodologias diferenciadas de treinamento de força e o tempo de treinamento. Também cabe ressaltar, que no presente estudo, o grupo agachamento obteve melhora em cinco participantes e decréscimo em outros dois, fato que pode ter contribuído para não aumentar de forma significativa a média do grupo.

    Com relação ao grupo controle, os resultados do re-teste de impulsão vertical se mantiveram iguais devido a um participante ter elevado seu pós teste em 7 cm, fato que contribuiu para a manutenção da média do grupo. Os demais sujeitos do grupo controle mantiveram as médias ou diminuíram.

    Os resultados do presente estudo precisam ser interpretados com cautela, visto que o mesmo apresentou algumas limitações. Pode-se apontar primeiramente o número reduzido de participantes em cada grupo. Outra limitação foi o fato de não haver aumento no percentual de carga máxima no treinamento após a terceira semana no grupo agachamento. Foi aumentando somente o número de séries e diminuído o número de repetições, essa mesma situação ocorreu no grupo pliométrico onde a altura do caixote permaneceu constante.

Conclusão

    Considerando as limitações do estudo, pode-se dizer que na investigação em questão não houve diferença significativa (p>0,05) entres os grupos controle, agachamento e pliométrico na impulsão vertical pós teste, mas houve melhoras nos grupos agachamento e pliométrico (não significativas). Sugerem-se novos estudos com amostras maiores para melhor avaliar a relação entre os treinamentos de agachamento e pliométrico com a impulsão vertical em atletas de voleibol, visando sempre à busca por parâmetros que forneçam subsídios para o controle e aperfeiçoamento do treinamento de voleibol. Sugere-se também que seja avaliado um novo grupo com os treinamentos de agachamento e pliometria.

Referências bibliográficas

  • Almeida, Giovana Trentino de; Rogatto, Gustavo Puggina. Efeitos do método pliométrico de treinamento sobre a força explosiva, agilidade e velocidade de deslocamento de jogadoras de futsal. Rev. Brasileira de Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, vol. 2, n. 1, p. 23-38, mar. 2007.

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Bases fisiológicas e metodológicas do exercício pliométrico

Posted: 27 Nov 2012 01:06 AM PST


Introdução

    O conceito de treinamento pliométrico não é recente na ciência do treinamento desportivo. Conforme argumenta Gambetta (1987), o método de treinamento pliométrico foi inicialmente utilizado por saltadores (altura e triplo) e velocistas do leste europeu por volta dos anos 50, sendo publicado em 1960 (Track Technique, n. 01) um artigo que reportava muitos exercícios de saltos constituintes do programa de treinamento de atletas de salto triplo da Rússia. O treinamento pliométrico parece originar-se do "método de choque" proposto pelo russo Verkhoshanski, o qual já salientava, no final dos anos 50, a capacidade reativa do sistema neuromuscular para acumular energia elástica proveniente do estiramento dos sarcômeros (contração excêntrica) e potencializar essa energia adicional numa subseqüente contração muscular (contração concêntrica) (Verkhoshanski, 1996).

    O termo "pliométrico" vem de "plio" ou "plyo", significando grande, extenso, amplo, e "metric", que pode ser entendido como medir, comparar (Less, Grahan-Smith, 1996); analisando o termo através de uma derivação do grego "pleythyein", tem-se o significado de aumentar (Holmyard, Hazeldine, 1991). Dentro de uma condição fisiológica, conclui-se que a noção de "aumentar" esteja relacionada com a fase excêntrica do movimento, pois será por meio da energia elástica acumulada que o músculo terá condições de desenvolver mais força, "aumentando", assim, a eficiência de uma contração muscular seguinte. Portanto, referindo-se ao processo total de desenvolvimento de força muscular (acúmulo de energia elástica - fase excêntrica - e sua transformação em energia cinética - fase concêntrica), torna-se mais conveniente classificar este processo como um "ciclo excêntrico-concêntrico" de movimento, haja visto que o termo pliometria está mais especificamente ligado à fase excêntrica de contração.

Fisiologia do regime pliométrico e do ciclo excêntrico-concêntrico

    Muitos movimentos esportivos envolvem o estiramento rápido dos músculos (fase excêntrica) antes de ocorrer uma contração explosiva (fase concêntrica). Como exemplo, pode-se citar o movimento de bloqueio de um jogador de voleibol, que, antes de realizar o salto visando interceptar a bola do atacante adversário, realiza um semi-agachamento (contração excêntrica do quadriceps) com o intuito de obter uma melhor impulsão (contração concêntrica). O que se postula é que o alongamento ativo, ou fase excêntrica, aumenta a potência da contração subseqüente (fase concêntrica) do ciclo excêntrico-concêntrico (Maffiuletti et al., 2002; Komi, 1984).

    O efeito de potencialização observado no ciclo excêntrico-concêntrico ocorre como um resultado de dois mecanismos fisiológicos: primeiramente o reflexo de estiramento ou reflexo miotático e, imediatamente após, a liberação de energia elástica dos músculos envolvidos no movimento. A performance de movimentos esportivos que envolvem potência explosiva depende da otimização efetiva destes dois mecanismos. Regimes de treinamento pliométrico e do ciclo excêntrico-concêntrico são utilizados com grande sucesso por possibilitarem estratégias metodológicas de desenvolvimento de força e velocidade (potência = força x velocidade). Antes de se tratar mais pormenorizadamente da metodologia do treinamento pliométrico e do ciclo excêntrico-concêntrico, torna-se fundamental a apresentação do mecanismos de controle destes.

Reflexos proprioceptivos

    Conjuntamente com o fenômeno do armazenamento e utilização da energia potencial elástica, o sistema nervoso também interfere na performance do ciclo excêntrico-concêntrico através da potencialização do reflexo de estiramento (ou miotático) para a ativação muscular (Bosco, Komi, 1979). Häkkinen e colaboradores (1985) postulam que adaptações hipertróficas em decorrência de treinamento pliométrico não são tão pronunciadas mesmo em um treinamento de longa duração (24 semanas), sugerindo que a melhoria na produção de força rápida e explosiva advém de adaptações neurais musculares seletivas, sobretudo.

    Como colocam Moritani e equipe (1988), as evidências experimentais sugerem que a contração excêntrica esteja associada com um padrão de recrutamento de unidades motoras muito menos evidente em comparação com ações concêntricas, devido a um desenvolvimento econômico de tensão particularmente resultante da melhor utilização de energia elástica dos elementos elásticos. A otimização em recrutamento de unidades motoras na fase concêntrica do movimento, no treinamento pliométrico, advém da utilização do reflexo de estiramento, em decorrência do pré-estiramento dos músculos na fase excêntrica (Moynihan, 1983).

    A regulação do movimento, ou controle motor, é efetuada pelo sistema nervoso central por meio da utilização de várias estratégias de feedbacks sensoriais dos proprioceptores. Os receptores das articulações e músculos contribuem para a percepção do indivíduo sobre seu corpo e do próprio movimento executado. Os proprioceptores que atuam de forma preponderante para o desenvolvimento do ciclo excêntrico-concêntrico são os órgãos tendinosos de Golgi e os fusos musculares, os quais controlam os reflexos proprioceptivos nas habilidades motoras por desencadeamento de facilitação, reforçamento ou inibição da contração muscular (Lundin, 1989).

    Os exercícios pliométricos visam ligar as divergências entre a força e a velocidade do movimento para produzir um tipo de movimento de explosão reativa (Chu, Plummer, 1989). Assim, o reflexo de estiramento (ocorrente na fase excêntrica do ciclo excêntrico-concêntrico) provocará a contração do músculo homônimo (o músculo que foi alongado) e dos músculos sinergísticos (motores secundários) e a inibição dos músculos antagonistas (responsáveis pelo movimento de oposição). A velocidade do reflexo de estiramento e o período de transição da fase excêntrica para a fase concêntrica são os fatores determinantes para o ganho máximo em perfomance num movimento explosivo (Fowler et al., 1995).

    Os fusos musculares são um dos receptores intrínsecos mais elaborados do corpo humano, tendo como função geral a transmissão de informação do músculo para o sistema nervoso central. Pelo fato dos fusos musculares possuírem formato fusiforme, devido ao envolvimento por cápsulas de tecido conjuntivo, eles são denominados de fibras intrafusais, em contraste às fibras extrafusais, que são as unidades contráteis regulares do músculo (Alter, 1996). Uma característica notável dos fusos musculares é que sua sensibilidade como mecanorreceptor pode ser ajustável, porque as terminações nervosas sensoriais estão ligadas às fibras intrafusais (no interior do fuso), estas que são passíveis de contração e relaxamento (Mccomas, 1996; Allerheiligen, 1994).

    Através de um grau de estiramento um pouco mais elevado, os fusos musculares invocam um potencial gerador de grande amplitude; quando a despolarização alcança um determinado limiar, resulta-se, então, um potencial de ação que é propagado (o tempo de latência é de 120 ms). A propagação do impulso nervoso se dá pela fibra sensório-aferente do grupo Ia até o motoneurônio-a, ocorrendo uma sinapse direta (monossinapse) na medula espinhal; o motoneurônio-a, que está conectado ao músculo que sofreu estiramento, gera uma resposta motora que permite a contração deste, com uma inibição de seu músculo antagonista. Este processo é denominado de "reflexo miotático" ou "reflexo de estiramento", de extrema importância para o controle do movimento e manutenção da postura (Berne, Levy, 1996; Lees, Graham-Smith, 1996; Lundin, 1989).

    Os órgãos tendinosos de Golgi, diferentemente dos fusos musculares, possuem um efeito aferente-inibitório sobre o músculo. Eles localizam-se nos músculos próximos à junção músculo-tendínea, estendidos em série com as fibras musculares contráteis. Quando as fibras musculares se contraem, há produção de tensão; se a tensão é elevada o bastante, ocorrerá a ativação dos órgãos tendinosos de Golgi, os quais transmitirão um impulso para a medula espinhal visando inibir a transmissão nervosa nos neurônios motores anteriores. Por exemplo, no caso do músculo reto da coxa, quando estirado por um exercício pliométrico potente, haverá a inibição dos motoneurônios-a, por intermédio de interneurônios inibitórios, e a excitação de interneurônios que ativarão os motoneurônios-a dos músculos antagonistas. Este mecanismo é conhecido como "reflexo miotático inverso", sendo uma condição fisiológica protetora para monitorar e prevenir tensões com alto potencial de lesão no músculo (Alter, 1996; Wilmore, Costill, 1994; Lundin, 1989).

    Ao se pensar numa circunstância periodizada de treinamento, onde a pliometria faz parte do plano de treinamento do atleta, postula-se que a diminuição da resposta inibitória dos órgãos tendinosos de Golgi possa atuar como um fator adaptativo de contribuição para a melhoria na performance atlética (Wilson et al., 1994). Por outro lado, atletas que não possuem uma boa mobilidade articular, devido a uma maior rigidez visco-elástica na unidade músculo-tendínea, terão uma maior ação inibitória por parte dos órgãos tendinosos de Golgi e, conseqüentemente, menor rendimento do ciclo excêntrico-concêntrico (Walshe, Wilson, 1997).

    A importância dos reflexos estudados, na perspectiva do treinamento pliométrico e do ciclo excêntrico-concêntrico, relaciona-se com a possibilidade destas duas modalidades de treinamento efetivarem a otimização da relação força-velocidade. Simultaneamente com o estiramento dos fusos musculares, causado pela fase excêntrica do movimento no ciclo excêntrico-concêntrico, haverá a ativação do músculo alongado para a realização de uma contração concêntrica subseqüente; a transição rápida do movimento excêntrico para a fase concêntrica, mediada pela ativação reflexa das unidades motoras, permite a criação de estratégias de treinamento visando o desenvolvimento de força explosiva nos movimentos. Esportes como o voleibol, por exemplo, onde o jogador necessita realizar movimentos explosivos e potentes, tanto das pernas quanto dos braços, pode beneficiar-se do treinamento pliométrico desde que haja uma estreita ligação da utilização desta metodologia com a fase de treinamento e as possibilidades físicas do jogador.

Potencial de armazenamento e utilização de energia elástica

    Os trabalhos inicias desenvolvidos nesta área foram derivados das observações da eficiência mecânica de atividades de corrida e caminhada. Em uma das primeiras publicações, Cavagna e Margaria (1966) chegaram à conclusão de que o trabalho externo executado durante a corrida não era totalmente devido ao encurtamento ativo (fase concêntrica) dos músculos participantes do movimento, mas que uma fração muito consistente deste trabalho originava-se da energia elástica armazenada nos músculos alongados no estado contraído, por meio do impacto das passadas contra o solo. Com isso, o rendimento do trabalho executado pelo componente contrátil após o trabalho negativo (excêntrico) seria maior (Cavagna et al., 1968). Pousson e colaboradores (1990) colocam que um programa de treinamento de força excêntrica induz mudanças na característica do ciclo excêntrico-concêntrico, favorecendo a liberação de energia potencial durante o ciclo.

    O efeito da energia elástica atua de forma diferenciada ao comparar-se corrida e caminhada. Na caminhada, bem como no ciclismo, o papel do maquinário contrátil (interações das pontes cruzadas de actina e miosina) parece prevalecer sobre o potencial de utilização de energia elástica dos elementos musculares em série e paralelo (Cavagna, Kaneko, 1977). O motivo disso pode estar relacionado com as características de velocidade das atividades: em baixa velocidade, como no caso da caminhada, o componente contrátil torna-se responsável pela geração de potência na contração muscular, pois a demora na transição entre fase excêntrica e fase concêntrica pode levar à dissipação da energia armazenada nos elementos elásticos em forma de calor; já, quando o movimento é executado em velocidade elevada (25-34 Km/h), uma apreciável fração do trabalho externo parece ser sustentada, sobretudo, pela energia mecânica estocada nos "elementos elásticos em série" durante o alongamento ativo (fase excêntrica), que é liberada imediatamente na fase de trabalho positivo (Moura, 1988; Cavagna et al., 1971; Cavagna, 1970).

    A questão sobre a efetiva participação dos elementos elásticos na contribuição em rendimento final do ciclo excêntrico-concêntrico foi um dos primeiros pontos solucionados nesta linha de pesquisa. Como colocaram Cavagna e Citterio (1974), poucas dúvidas existem na aceitação de que um alongamento ativo prévio pode modificar as características elásticas do músculo contraído e gerar um maior potencial de força. Além do mais, como já apresentado, o pré-estiramento aplicado ao músculo ativo antes da realização de uma contração concêntrica terá alguns efeitos facilitatórios sobre o maquinário contrátil muscular. Em adição ao fenômeno puramente elástico (mecânico), o pré-estiramento tende também a causar uma melhor eficiência na mobilização da energia metabólica pelo componente contrátil (Aura, Komi, 1986). O que se pressupõe é que o alongamento de um músculo ativo (fase excêntrica do ciclo excêntrico-concêntrico) pode alterar a conformação das pontes cruzadas, impedindo que muitas dessas sejam ativadas tal como em condição normal de uma ação concêntrica (Edman et al., 1978). Assim, a tensão gerada pelo alongamento "carrega" os elementos elásticos do músculo com o acúmulo de energia elástica, o que otimiza a contração subseqüente sem a necessidade adicional de energia química.

    Os músculos são constituídos de três componentes mecânicos independentes, os quais são classificados de acordo com sua natureza elástica ou viscosa (Alter, 1996; Duke, 1990; Lundin, 1990; Cavagna, 1977; Hutton, 1977):

Elementos elásticos em série

    São os componentes do sistema músculo-esquelético que mais contribuem para a estocagem de energia elástica. Atuam como estruturas que absorvem a força gerada pelos músculos na fase excêntrica, transferindo-a para a contração concêntrica. Como o próprio termo diz, tais elementos elásticos encontram-se em série com o componente contrátil (sarcômero), juntos às pontes cruzadas de actina e miosina. Alongando um músculo relaxado, não haverá tensionamento dos elementos elásticos em série, porque o maquinário contrátil ao ser encurtado em condição de repouso não realiza oposição com uma apreciável força ao alongamento; por outro lado, um músculo que é alongado ativamente põe sob tensão os elementos elásticos em série, pois os componentes contráteis resistem ao alongamento com elevada força. A função mais importante dos elementos elásticos em série reside em regular rapidamente as mudanças em tensão no músculo, sendo os tendões e/ou as linhas Z dos sarcômeros as prováveis estruturas anatômicas deste tipo de elemento elástico.

Elementos elásticos em paralelo

    Estão postos sob tensão ao longo do comprimento do músculo, numa conformação paralela ao mecanismo contrátil. Eles são responsáveis pela força registrada quando o músculo, em estado inativo (relaxado), está alongado além de seu comprimento de repouso. As estruturas que podem constituir os elementos elásticos em paralelo são o sarcolema, sarcoplasma, epimísio, perimísio e endomísio.

Elementos contráteis

    São as proteínas que constituem o sarcômero, a actina e a miosina. Têm como função realizar a contração do músculo por meio de suas sobreposições.

    O potencial de armazenamento de energia elástica pelos músculos parece diferenciar-se entre homens e mulheres. Komi e Bosco (1978) estudaram a performance de saltos verticais em diferentes amplitudes de alongamento sobre os músculos extensores da perna em condição ativa, com o objetivo de investigar as possíveis diferenças na capacidade de armazenamento e utilização de energia elástica entre homens e mulheres de condições físicas compatíveis. Os saltos utilizados foram: 1) iniciando da posição com o joelho flexionado sem contra-movimento preparatório para o salto (contra-movimento é o flexionamento dos joelhos para obter maior impulso); 2) iniciando da posição ereta com contra-movimento subseqüente; 3) iniciando da posição ereta sob diferentes alturas e realizando uma queda em plataforma de força para a execução do salto subseqüente. Desta forma, nas três condições de saltos, diferentes cargas de alongamento foram propiciadas aos músculos extensores da perna antes da execução da fase positiva do salto vertical. Os resultados mostraram claramente que os homens possuem uma maior performance em relação às mulheres em todas as condições experimentais, o que pode ser atribuído às diferenças gerais de força-velocidade existentes entre os sexos. Porém, um resultado surpreendente surgiu quanto ao potencial de utilização de energia elástica. As mulheres deste estudo foram capazes de utilizar aproximadamente 90% da energia absorvida na fase de alongamento, ficando os homens possibilitados em aproximadamente 50%.

    Uma possível explicação para a diferença entre sexos na utilização da energia elástica pode estar relacionada às diferenças em dimensões corporais. Fatores como a capacidade de se executar saltos, principalmente em profundidade (fator dependente de treinamento), e uma possível variação populacional na condição de armazenar energia elástica podem influenciar a performance dos saltos (Bedi et al., 1987).

    Uma interessante questão que merece atenção é sobre a capacidade de armazenamento de energia elástica em fibras musculares de contração lenta e contração rápida. Bosco e colaboradores (1982) examinaram a hipótese de que a utilização de energia elástica pode ser diferente entre fibras tipo I e tipo II, por possuírem tempos diferenciados de formação das pontes-cruzadas. O comportamento dos elementos elásticos e das pontes-cruzadas nos dois tipos de fibras musculares, em relação ao potencial de armazenamento e otimização da energia elástica, parece variar de acordo com as diferenças visco-elásticas das fibras e com a velocidade do movimento. Assim, os resultados da pesquisa abordada mostraram que grupos de fibras lentas (tipo I) possuem maior potencialização em saltos de larga amplitude de movimento do que grupos de fibras de contração rápida (tipo II). Isso se dá pelo fato de que um longo tempo de acoplamento (como o que ocorre em saltos dotados com movimentos amplos) favorece as fibras de contração lenta para reter a energia elástica sem que haja desacoplamento das pontes-cruzadas. Da mesma forma, ao considerar um salto com movimentos rápidos, este será favorecido pelo recrutamento mais urgente de fibras do tipo II.

    Shadmick (1990) estudou as alterações morfo-funcionais de tendões quanto ao potencial de estocar energia elástica, relacionando-as em termos da idade. Os tendões, descritos como uma característica "mola" biológica, são formados, principalmente, por fibrilas paralelas de moléculas de colágeno com ligações cruzadas covalentemente, vindo a ter alterações em densidade, estrutura molecular e propriedades mecânicas em função da idade. As mudanças em comportamento funcional dos tendões e de outras estruturas conjuntivas, que ocorrem com o envelhecimento ou com uma nova sobreposição tecidual, estão relacionadas com alterações dos parâmetros morfológicos e bioquímicos. Incluem: aumento no conteúdo colagenoso, aumento no diâmetro das fibrilas, estabilização das pontes cruzadas covalentes e decréscimo no conteúdo de água. Tais alterações são benéficas para melhor potencialização da energia elástica dos músculos até um certo limiar, pois nas fases inicias do desenvolvimento de tendões e tecidos cartilaginosos a menor estabilização dos componentes não propicia a sustentação de elevados níveis de estresse mecânico. Será a modificação excessiva no padrão morfo-bioquímico que conduzirá redução na eficiência funcional.

    A capacidade de executar contrações excêntricas parece ser influenciada pela idade. Embora massa muscular e força declinem em função da idade, o decréscimo relativo no torque máximo exibido no envelhecimento durante contrações excêntricas é menor do que para contrações concêntricas. Essa dissociação pode ser influenciada pelo declínio na força específica muscular com a idade, mas é mais provável ser uma conseqüência de diferenças nas estratégias usadas pelo sistema nervoso central para controlar ações excêntricas e concêntricas (Enoka, 1997).

Considerações metodológicas sobre o treinamento pliométrico e do ciclo excêntrico-concêntrico

    O emprego do treinamento pliométrico pode ser um poderoso instrumento para aumentar perfomance de salto (Matavulj et al., 2001). Contudo, a aplicação de exercícios pliométricos na estrutura do treinamento atlético requer o conhecimento de várias condições que podem melhorar ou até mesmo afetar de forma negativa a performance do atleta. As principais considerações metodológicas serão apresentadas, a seguir.

Aquecimento

    O aquecimento é de extrema importância antes de uma sessão de exercícios pliométricos. Como tal modalidade de exercício implica na realização de alongamento ativo de grupos musculares específicos, o que pode produzir maior lesão nas fibras musculares (Hunter, Faulkner, 1997), torna-se imprescindível que o estresse visco-elástico da musculatura esteja reduzido. Esta redução é possível através do aumento da temperatura muscular localizada. O menor potencial de estresse visco-elástico permite que os músculos executem movimentos de maior amplitude (Alter, 1996).

    Após a realização de exercícios de aquecimento e alongamento adequados com o objetivo da tarefa principal a ser desenvolvida na sessão, pode-se executar movimentos pliométricos dentro de um baixo limiar de estiramento dos músculos, a fim de permitir um melhor condicionamento para a prática de maior requerimento do sistema músculo-esquelético. A execução inadequada do aquecimento e alongamento pode conduzir um estiramento lesivo da musculatura, bem como até a ruptura de ligamentos e tendões solicitados no movimento pliométrico (Holmyard, Hazeldine, 1991). Vale também ressaltar que um aquecimento excessivo da musculatura pode alterar o padrão de recrutamento das unidades motoras, levando a um aumento na duração do ciclo excêntrico-concêntrico e decréscimos na produção de força muscular e na altura do centro de gravidade corporal (Oksa et al., 1996).

Especificidade e individualização

    O programa pliométrico deve envolver ações e intensidades similares aquelas envolvidas no esporte específico, estando a seqüência de exercícios voltada às necessidades e possibilidades de execução de cada atleta. A atividade pliométrica desenvolvida para iniciantes deve enfatizar, antes mesmo de se preocupar com cargas de treinamento, a aprendizagem das diferentes técnicas de salto. A efetividade da transferência da fase excêntrica para a fase concêntrica do movimento é fator decisivo para a ocorrência dos efeitos positivos do treinamento pliométrico, devendo o técnico esportivo ficar atento se o posicionamento dos membros superiores e inferiores, o modo de contato dos pés com o solo na fase de amortecimento, bem como outros detalhes técnicos estão adequados de acordo com a especificidade do salto executado (Holmyard, Hazeldine, 1991).

    Conforme salienta Bobbert et al. (1987a), a técnica do movimento poderá influenciar a biomecânica do salto. A aprendizagem correta dos movimentos técnicos dos saltos permitirá ao atleta otimizar a execução dos exercícios de forma mais hábil e veloz, o que resultará em uma melhor condição para o desenvolvimento de potência muscular.

Transferência de capacidade atlética&l


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