Notícias da Educação Física |
- Correr com orientação adequada diminui a dor nas costas
- Análise Crítica Sobre Treinamento Desportivo na Educação Física Escolar
- Benefícios da atividade física regular
- Artigo: Atividade física na promoção da saúde e qualidade de vida no envelhecimento
- Relação entre atividade física, saúde e qualidade de vida.
Correr com orientação adequada diminui a dor nas costas Posted: 30 Nov 2012 04:22 AM PST A dor nas costas é um termo popular para um trio de problemas bem conhecido da Medicina: a lombalgia, a cervicalgia e a dorsalgia. O nome identifica a região das costas em que o desconforto aparece: na coluna lombar (área mais baixa, próxima ao quadril); na coluna cervical (região do pescoço) ou na coluna dorsal (o meio da coluna,respectivamente. |
Análise Crítica Sobre Treinamento Desportivo na Educação Física Escolar Posted: 30 Nov 2012 04:13 AM PST Conceitos de treinamento desportivo Para Dantas (2003, p. 28), "[...] é conjunto de procedimentos e meios utilizados para se conduzir um atleta a sua plenitude física, técnica e psicológica dentro de um planejamento racional, visando executar uma performance máxima num período determinado". Segundo Mantivéiev (1986, p. 32), "[...] é a forma básica de preparação do atleta. É a preparação sistematicamente organizada por meio de exercícios que de facto constitui um processo pedagogicamente estruturado de condução de desenvolvimento do atleta [...]". A explicação de treinamento desportivo de Weineck "[...] sugere a definição de 'treinamento esportivo' como sendo o processo ativo complexo regular planificado e orientado para melhoria do aproveitamento e desempenho esportivo" (CARL, apud WEINECK 1999, p. 10). Reflexão sobre treinamento desportivo
Aproveitamos para fazer analogias aos conceitos dos autores supracitados, no que tange às questões de "treinamento/adestramento" no processo educacional, não somente na disciplina da Educação Física, mas de forma geral. É preciso observar que o "adestramento" das pessoas se inicia quando ingressam, desde cedo, na instituição educacional, que respeita as "leis" do sistema vigente. Há de se convir que esse sistema trouxe vários benefícios para sociedade. Contudo, na sociedade, somos todos "adestrados" a sobrevivermos nela. O interessante é justamente saber interpretar o que está escrito nas entrelinhas do processo de ensino e uma das formas de se aprender como interpretar é justamente, por pura ironia, dentro das escolas, atuando com professores que saibam utilizar metodologias pedagógicas que fomentem a dialética entre os alunos, de forma a fazê-los compreender como funciona esse sistema, pois, assim, poderá haver um processo de melhoria gradual de convivência. No entanto, para além da escola, há interesses escusos de pequenos grupos que controlam grandes empresas que investem intensamente na ciência do esporte. As grandes empresas envolvidas no meio esportivo visualizaram o extraordinário vínculo da cultura do esporte em determinados países, como a Nike enxergou no Brasil (o país do futebol) e fatura enormes cifras com o patrocínio da Seleção Brasileira, tendo o direito de fazer que o Brasil realize amistosos com quem ela quiser. É só reparar que os amistosos são sempre contra seleções sem tradição no esporte bretão, como foi o caso do amistoso contra o Haiti com o pretexto de parar a guerra por um momento, mas, na verdade, havia interesses escusos ali envolvidos, como possibilitar sempre a abertura de mais um novo mercado consumidor para seus produtos relacionados com o futebol. Segundo Perez (2000), atletas são indivíduos que visam a um rendimento máximo e participam de competições. Podem ser divididos em três grupos: os de alto nível, os de nível regular e de nível fraco. Há de se concordar com o autor, que as regras e os valores da competição são socialmente construídos. Existem exemplos notórios dentro da própria Educação Física escolar, na qual os mais habilidosos são sempre os primeiros a serem escolhidos, ocorrendo o contrário com os que não possuem determinadas destrezas coniventes com a atividade, impostas como essenciais. É função de um bom educador físico fazer com que seus alunos saibam interpretar criticamente essa inversão de valores. Há também os não-atletas que, de acordo com Perez (2000), podem participar de competições, porém com objetivos mais ligados à saúde e ao prazer do que ao alto rendimento. Esses objetivos também são impostos pelo sistema vigente, que prega que as pessoas tenham o corpo em forma (fôrma), pois, quanto melhores se sentirem, mais produzirão. O conceito de pessoa bela (estereotipado) é a todo momento colocado na mídia como o ideal a se seguir, usando os atletas que passam por todo um processo de treinamento desportivo. Considerações finais Há de se convir que empregar, nas aulas de Educação Física escolar, os conceitos de treinamento desportivo é um tanto complicado, tendo em vista todos os problemas de enorme disparidade social encontrados no Brasil. Como usar esses conceitos ou até mesmo os princípios do treinamento (princípios da adaptação, da sobrecarga, da individualidade biológica, entre outros) numa escola onde há crianças com desnutrição chegando ao extremo de algumas delas terem uma refeição apenas e, muitas vezes, é justamente a refeição dada na escola? Sem uma perfeita alimentação, é impossível conduzir um "aluno/atleta" a uma plenitude na condição física ou técnica. E, ainda, como uma criança atingirá plenitude psicológico se, na periferia onde mora, há tiroteios entre traficantes disputando a venda de drogas ou até mesmo dentro da própria casa ela assiste à violência entre os familiares por motivos vários como de dependência química?
Obs. Os autores Bruno Vasconcellos Silva (bvasconcellos1983@hotmail.com) e Alinne Ferreira Bastos (alinnefb@hotmail.com) são acadêmicos do CEFD-UFES. Referências
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Benefícios da atividade física regular Posted: 29 Nov 2012 10:56 AM PST Relata de forma simples os benefícios para as pessoas que praticam alguma atividade física, por mais simples que seja. Atividade física nada mais é do que qualquer movimento do corpo gerado pela musculatura esquelética e que produza um gasto de energia maior do que em repouso. Estas atividades, em geral, estão correlacionadas com a melhora da saúde, tanto física como mental, e também do condicionamento físico. Se a pessoa está sem realizar atividades físicas por muito tempo o ideal é que comece bem devagar, se exercitando 30 minutos por dia pelo menos três vezes por semana, ou se seu condicionamento físico não lhe permite praticar uma atividades por 30 minutos contínuos, divida as atividades em sessões de 10 à 15 minutos ao longo do dia. Exemplos de atividades: caminhada, corrida, prática de algum esporte ou até mesmo os afazeres domésticos. A atividade física pode ser dividida em exercício anaeróbio e aeróbio. Os exercícios anaeróbios constituem movimentos de curta duração e de alta intensidade, e com isso desenvolvem a força e a potência, por exemplo, musculação, sprints, saltos e etc. Os exercícios aeróbios são aqueles de maior duração e menor intensidade desenvolvendo, dessa forma, a resistência, capacidade respiratória e consequentemente o condicionamento físico. Exemplos: caminhar, correr, pedalar, nadar, dançar e etc. Os benefícios da atividade física regular são muitos e podemos citar e explicar alguns deles:
DICAS:
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Artigo: Atividade física na promoção da saúde e qualidade de vida no envelhecimento Posted: 29 Nov 2012 10:53 AM PST Como grande parte das evidências epidemiológicas sustenta um efeito positivo de um estilo de vida ativo e/ou do envolvimento dos indivíduos em programas de atividade física e exercício na prevenção e minimização dos efeitos deletérios do envelhecimento, os cientistas e enfatizam cada vez mais a necessidade de que a atividade física seja parte fundamental dos programas mundiais de promoção da saúde. Não se pode pensar hoje em dia em garantir um envelhecimento bem sucedido sem que além das medidas gerais de saúde se inclua a a tividade física. Esta preocupação tem sido discutida não somente nos chamados países desenvolvidos ou do primeiro mundo como também nos países em desenvolvimento como é o caso do Brasil. Por esta razão o Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul tem dedicado atenção especial nos 29 anos de atividades ao estudo da relação envelhecimento, atividade física e aptidão física das pesquisas nesta área. Dentro deste contexto, o Celafiscs é o único centro de pesquisa na América Latina que desenvolve desde 1997 um Projeto Longitudinal de Envelhecimento e Aptidão Física, com o propósito de analisar o efeito do processo de envelhecimento na aptidão física, nível de atividade física e capacidade funcional. Além disso o Centro coordena o principal programa de promoção de atividade física na população nas Américas o Agita São Paulo. Discussão Atividade física, mortalidade e longevidade - Um dos aspectos mais fascinantes que tem sido objeto de várias pesquisas é a relação entre o exercício, atividade física e a longevidade. Alguns dados obtidos com atletas evidenciam que, apesar de não continuarem em um nível de atividade física sistemática, eles possuem maior capacidade física (consumo máximo de oxigênio: VO2máx) do que seus companheiros não atletas sedentários, possivelmente pelos altos padrões de atividade de lazer destes ex-atletas. De acordo com as mais extensas revisões na relação entre atividade física, aptidão física e longevidade, as evidencias sugerem que os sujeitos com altos níveis de atividade física e aptidão física, assim como aqueles ue decidiram adotar um estilo de vida ativo, experimentam menor risco de doenças cardiovasculares e vivem mais (em torno de dois anos). Outros estudos analisados mostraram que a atividade física também tem um impacto positivo em outros fatores de risco, como a pressão arterial, o perfil de lipoproteínas e a tolerância à glicose, que influenciam a saúde e a longevidade. Em estudos feitos com 25.341 pacientes do sexo masculino acompanhados em média por 8,4 anos e classificados em três níveis de condicionamento físico (alto, médio e baixo), tem sido observada uma forte associação inversa entre o nível de condicionamento e mortalidade por doenças cardiovasculares em indivíduos sem outros fatores de risco (fumo, colesterol e pressão arterial elevados), mas também em indivíduos fumantes e com colesterol elevado. Segundo os cálculos feitos, a mudança para um estilo de vida ativa correspondeu a um ganho médio de vida de 1,5 anos. Conclusões similares têm se obtido em estudos com mulheres que experimentaram um evidente incremento no nível de atividade física, ou seja, aquelas que nunca ou raramente se engajavam em atividade física regular e que passaram a fazê-lo pelo menos quatro vezes por semana: neste caso, constatou-se uma significativa redução no risco de morte. Com base em todos os dados existentes podemos inferir que as evidências epidemiológicas disponíveis, tanto em homens quanto em mulheres, sugerem fortemente uma associação inversa entre atividade física e mortalidade (principalmente por doenças cardiovasculares), sendo que esta associação é mais forte com o nível de atividade física atual. Desta forma, os dados suportam a necessidade do estímulo da atividade física regular durante o processo de envelhecimento, especialmente após os 50 anos de idade, mesmo que o indivíduo seja sedentário, visto que é a manutenção da atividade física regular ou a mudança a um estilo de vida ativo tem um impacto real na saúde e na longevidade. Atividade física e as doenças cardiovasculares; Existem várias revisões da associação entre inatividade física e risco de doenças cardiovasculares. As meta-análises têm indicado o dobro de risco de doenças cardiovasculares em indivíduos inativos quando comparados com os ativos. Nos estudos que têm avaliado a atividade física ocupacional, a inatividade (ou sedentarismo) está associada a 90% de aumento de risco relativo (RR) de morte por doenças cardiovasculares (RR=1,90). Alguns dos mecanismos envolvidos no controle das doenças cardiovasculares apresentados pelos trabalhos científicosincluem efeitos na arteriosclerose, trombose, pressão arterial, isquemia, perfil lipídico e arritmia. Estudos em animais têm demonstrado que o exercício protege contra os efeitos do excesso de colesterol e outros fatores envolvidos no desenvolvimento da aterosclerose. Da mesma maneira, estudos longitudinais em sujeitos com doença coronariana têm mostrado que o treinamento de endurance junto com dieta e outras alterações dos fatores de risco ajudam na prevenção da progressão da placa ou reduzem a gravidade da aterosclerose nas coronárias. Os mecanismos pelos quais o exercício a longo prazo tem efeito protetor da arteriosclerose incluem o incremento significante da proporção de células T circulantes que têm propriedades ateroprotetivas. Nas pessoas com aterosclerose o exercício estimula um efeito protetor nas células endoteliais e nas células T. Existem também evidências de que o desenvolvimento da placa de aterosclerose está associado com o processo inflamatório e que o exercício está associado por sua vez com uma redução de marcadores inflamatórios (proteína C-reativa, células sangüíneas brancas, fibrinogênio, fator VIII) sugerindo que o exercício está relacionado com uma redução da inflamação. Efeitos do exercício na força e massa muscular - Será que um programa apropriado de treinamento da força muscular consegue reduzir ou prevenir as alterações na massa e força muscular associadas ao envelhecimento? Os dados científicos existentes mostram claramente que um programa de exercícios com peso durante o processo de envelhecimento tem efeitos benéficos importantes não somente na massa e na força muscular, mas também no controle de vários fatores importantes de doenças crônicas não transmissíveis. O efeito benéfico geralmente aparece entre a quarta e oitava semana de treinamento geralmente feito em uma carga de 80% da carga máxima, em exercícios que trabalham vários grupos musculares, em duas séries com 8 a 10 repetições e em uma freqüência semanal de duas vezes por semana. De forma interessante as pesquisas demonstram que mesmo que o individuo pare de realizar este tipo de exercícios a força muscular é mantida em níveis acima dos basais, antes do programa, durante pelo menos 20 ate 32 semanas após o termino do programa. A melhor opção para o indivíduo que está envelhecendo é a realização de um programa de atividade física que inclua tanto o treinamento aeróbico como o de força muscular e que ainda incorpore exercícios específicos de flexibilidade e equilíbrio. Os exercícios com peso são ainda as vezes a uma única alternativa de atividade física em condições clínicas que não permitem a realização de atividades físicas aeróbicas. Estilo de vida ativo A "chave do envelhecimento bem sucedido" parece estar em garantir um estilo de vida ativo. Para tanto os programas de promoção da atividade física na comunidade para indivíduos Envelhecimento, atividade física, capacidade funcional e saúde mental Levando em consideração a relação entre a mobilidade e o nível de atividade física, as alterações na mobilidade e conseqüentemente no nível de atividade física prognosticaram a perda da independência e a morte em homens e mulheres maiores de 65 anos de idade. Os indivíduos com alterações da mobilidade tiveram um risco maior de morte e dependência do que aqueles que conseguiram manter a mobilidade. A atividade física e em especial um estilo de vida ativa regular podem diminuir a velocidade de declínio da mobilidade independente da presença de doença crônica. A evolução da capacidade funcional analisada em torno de 2.000 idosos (maiores de 80 anos de idade) mostrou que 50% das mulheres e 42% dos homens continuaram tendo a mesma habilidade física após dois anos de acompanhamento. Da mesma forma, os indivíduos que recebiam ajuda em qualquer uma das atividades da vida diária tiveram quatro vezes mais probabilidade de morrer, seis vezes mais probabilidade de necessitar de internação em asilos ou fazer mais de seis visitas ao médico e duas vezes mais possibilidade de ter duas ou mais hospitalizações. Um melhor nível de educação (mais de 13 anos de estudo) foi também associado à manutenção da habilidade física no processo de envelhecimento. De acordo com outras análises tem sido evidenciado que sujeitos com maior nível de atividade física têm melhor saúde e habilidade funcional comparados aos sedentários da mesma idade. Novas evidências neste aspecto surgiram do acompanhamento por dez anos de homens e mulheres maiores de 65 anos, que verificaram que o alto nível de atividade física aos 65 anos de idade foi associado com um maior nível de sobrevivência aos 80 anos de idade. Em torno de 63-70% daqueles que mantiveram um alto nível de atividade física sobreviveram aos 85 anos, enquanto somente 34-47% daqueles com baixo nível conseguiram sobreviver até aquela idade. Os indivíduos que se mantiveram fisicamente mais ativos tiveram duas vezes mais chances de morrer sem terem apresentado alguma incapacidade do que aqueles sedentários. Por outro lado, nos últimos anos a área tem dedicado especial atenção a verificar os efeitos nos aspectos relacionados a saúde mental e os aspectos psicológicos e sociais. As pesquisas cientificas mostram o efeito positivo da atividade física na auto-estima, auto-conceito, auto-imagem ,depressão, ansiedade, insônia e na socialização. Mais recentemente os estudos evidenciam efeitos benéficos no processo cognitivo (memória, aprendizagem, atenção) e associação entre a atividade física e menor risco de demência, demência senil, e doença de Alzheimer. Conclusão As evidências epidemiológicas apresentadas nos permitem concluir que a atividade física regular e a adoção de um estilo de vida ativo são necessários para a promoção da saúde e qualidade de vida durante o processo de envelhecimento. A atividade física regular contribui na prevenção e controle das doenças crônicas não transmissíveis especialmente aquelas que se constituem na principal causa de mortalidade: as doenças cardiovasculares e o câncer. Além disso, a atividade física está associada também com uma melhor mobilidade, capacidade funcional e qualidade de vida durante o envelhecimento. É importante enfatizar, no entanto, que tão importante quanto estimular a prática regular da atividade física aeróbica ou de fortalecimento muscular, as mudanças para a adoção de um estilo de vida ativo no dia a dia do indivíduo são parte fundamental de um envelhecer com saúde e qualidade. Referências AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position stand on exercise and physical activity for older adults. Med. Sci. Sports Exerc., v.30, p.992-1008, 1998. BUCKSCH, J. Physical activity of moderate intensity in leisure time and the risk of all cause mortality. Br. J. Sports Med., v.39, p.632-8, 2005. DESCHENES, M.R. Effects of aging on muscle fibre type and size. Sports Med., v.34, n.12, p.809-24, 2004. GALPER, D.I.; TRIVEDI, M.A.; BARLOW, C.E.; DUNN, A.; KAMPERT, J.B. Inverse association between physical inactivity and mental health in men and women. Med. Sci. Sports Exerc., v.38, p.173-8, 2006. GALVÃO, D.A.; TAAFFE, D.R. 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Public Health Nutrition, v.5(1A), p.1-10, 2002 VISSER, M.; PLUIJM, S.M.; STEL, V.S.; BOSSCHER, R.J.; DEE, D.J. Physical activity as a determinant of change in mobility performance: the longitudinal aging study Amsterdam. J. Am. Geriatr. Soc., v.50, p.1774-81,2002. Fonte |
Relação entre atividade física, saúde e qualidade de vida. Posted: 29 Nov 2012 10:44 AM PST Historicamente, a Educação Física tem priorizado e enfatizado a dimensão bio-fisiológica. Entretanto, a partir da década de 80, a presença de outros ramos do saber, especialmente das Ciências Humanas tem participado deste debate. Novas questões, advindas da percepção da complexidade das ações humanas, tem sido trazidas por este outro campo científico. Passa-se a estudar a Educação Física em uma visão mais ampla, priorizando a multidisciplinariedade, onde o homem, cada vez mais, deixa de ser percebido como um ser essencialmente biológico para ser concebido segundo uma visão mais abrangente, onde se considera os processos sociais, históricos e culturais. Este ensaio pretende inserir-se nesta discussão. Seu objetivo é contribuir para o debate, de uma forma introdutória, levantando questões sobre o papel das relações sociais no universo da atividade física. O trabalho está estruturado em duas partes. Na primeira, buscamos apresentar a visão que, historicamente, tem legitimado a relação entre a atividade física, saúde e qualidade de vida da perspectiva das ciências biológicas. Na segunda parte, com o objetivo de trazer novos elementos para o debate, lançamos um olhar social, cultural e histórico sobre o tema.
A par das evidências de que o homem contemporâneo utiliza-se cada vez menos de suas potencialidades corporais e de que o baixo nível de atividade física é fator decisivo no desenvolvimento de doenças degenerativas sustenta-se a hipótese da necessidade de se promoverem mudanças no seu estilo de vida, levando-o a incorporar a prática de atividades físicas ao seu cotidiano. Nessa perspectiva, o interesse em conceitos como "ATIVIDADE FÍSICA", "ESTILO DE VIDA" e "QUALIDADE DE VIDA" vem adquirindo relevância, ensejando a produção de trabalhos científicos vários e constituindo um movimento no sentido de valorizar ações voltadas para a determinação e operacionalização de variáveis que possam contribuir para a melhoria do bem-estar do indivíduo por meio do incremento do nível de atividade física habitual da população. Da análise às justificativas presentes nas propostas de implementação de programas de promoção da saúde e qualidade de vida por meio do incremento da atividade física, depreende-se que o principal argumento teórico utilizado está fundamentado no paradigma contemporâneo do estilo de Vida Ativa. Tal estilo tem sido apontado, por vários setores da comunidade científica, como um dos fatores mais importantes na elaboração das propostas de promoção de saúde e da qualidade de vida da população. Este entendimento fundamenta-se em pressupostos elaborados dentro de um referencial teórico que associa o estilo de vida saudável ao hábito da prática de atividades físicas e, consequentemente, a melhores padrões de saúde e qualidade de vida. Este referencial toma a forma de um paradigma na medida em que constitui o modelo contemporâneo no qual se fundamentam a maioria dos estudos envolvendo a relação positiva entre atividade física, saúde, estilo de vida e qualidade de vida. Identifica-se, neste paradigma, a interação das dimensões da promoção da saúde, da qualidade de vida e da atividade física dentro de um movimento denominado aqui de Movimento Vida Ativa, o qual vem sendo desencadeado no âmbito da Educação Física e Ciências do Esporte, cujo eixo epistemológico centra-se no incremento do nível de atividade física habitual da população em geral. O pressuposto sustenta a necessidade de se proporcionar um maior conhecimento, por parte da população, sobre os benefícios da atividade física e de se aumentar o seu envolvimento com atividades que resultem em gasto energético acima do repouso, tornando os indivíduos mais ativos. Neste cenário, entende-se que o incremento do nível de atividade física constitui um fator fundamental de melhoria da saúde pública.
Uma tendência dominante no campo da Educação Física estabelece uma relação entre a prática da atividade física e a conduta saudável. A fisiologia do exercício nos mostra inúmeros estudos sustentando esta tese. Nesta linha, Matsudo & Matsudo (2000) afirmam que os principais benefícios à saúde advindos da prática de atividade física referem-se aos aspectos antropométricos, neuromusculares, metabólicos e psicológicos. Os efeitos metabólicos apontados pelos autores são o aumento do volume sistólico; o aumento da potência aeróbica; o aumento da ventilação pulmonar; a melhora do perfil lipídico; a diminuição da pressão arterial; a melhora da sensibilidade à insulina e a diminuição da freqüência cardíaca em repouso e no trabalho submáximo. Com relação aos efeitos antropométricos e neuromusculares ocorre, segundo os autores, a diminuição da gordura corporal, o incremento da força e da massa muscular, da densidade óssea e da flexibilidade. E, na dimensão psicológica, afirmam que a atividade física atua na melhoria da auto-estima, do auto conceito, da imagem corporal, das funções cognitivas e de socialização, na diminuição do estresse e da ansiedade e na diminuição do consumo de medicamentos. Guedes & Guedes (1995), por sua vez, afirmam que a prática de exercícios físicos habituais, além de promover a saúde, influencia na reabilitação de determinadas patologias associadas ao aumento dos índices de morbidade e da mortalidade. Defendem a inter-relação entre a atividade física, aptidão física e saúde, as quais se influenciam reciprocamente. Segundo eles, a prática da atividade física influencia e é influenciada pelos índices de aptidão física, as quais determinam e são determinados pelo estado de saúde. Para a melhor compreensão deste modelo definem as variáveis que o compõem:
Nesta definição distinguem a aptidão física relacionada à saúde da aptidão física relacionada à capacidade esportiva. A primeira reúne os aspectos bio-fisiológicos responsáveis pela promoção da saúde; a segunda refere-se aos aspectos promotores do rendimento esportivo. O modelo em questão vem orientando grande parte dos estudos cujo enfoque é a relação entre a atividade física e saúde na perspectiva da aptidão física e saúde (Barbanti,1991; Böhme,1994; Nahas et al.,1995; Freitas Júnior,1995; Petroski,1997; Lopes, 1997; Ribeiro,1998; Fechio,1998; Glaner,1998; Zago et al.,2000). Para Marques (1999), esta perspectiva contemporânea de relacionar aptidão física à saúde representa um estado multifacetado de bem-estar resultante da participação na atividade física. Supera a tradicional perspectiva do "fitness", preconizada nos anos 70 e 80 - centrada no desenvolvimento da capacidade cardiorrespiratória - e procura inter-relacionar as variáveis associadas à promoção da saúde. Remete, pois, segundo Neto (1999) a um novo conceito de exercício saudável, no qual os benefícios ao organismo derivariam do aumento do metabolismo (da maior produção de energia diariamente) promovido pela prática de atividades moderadas e agradáveis. Conforme Neto (1999), o aumento em 15 % da produção diária de calorias - cerca de 30 minutos de atividades físicas moderadas - pode fazer com que indivíduos sedentários passem a fazer parte do grupo de pessoas consideradas ativas, diminuindo, assim, suas chances de desenvolverem moléstias associadas à vida pouco ativa. Entidades ligadas à Educação Física e às Ciências do Esporte como a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Conselho Internacional de Ciências do Esporte e Educação Física (ICSSPE), o Centro de Controle e Prevenção de Doença - USA (CDC), o Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM), a Federação Internacional de Medicina Esportiva (FIMS), a Associação Americana de Cardiologia e o Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS) preconizam que sessões de trinta minutos de atividades físicas por dia, na maior parte dos dias da semana, desenvolvidas continuamente ou mesmo em períodos cumulativos de 10 a 15 minutos, em intensidade moderada, já são suficientes para a promoção da saúde (Matsudo,1999). Nesta mesma direção, encontram-se numerosos trabalhos de abordagem epidemiológica assegurando que o baixo nível de atividade física intervém decisivamente nos processos de desenvolvimento de doenças degenerativas (Powell et al., 1985). Dentre os estudos mais expressivos envolvendo esta linha de pesquisa, tem-se o estudo de Paffenbarger (1993). Analisando ex-alunos da Universidade de Harvard, o autor observou que a prática de atividade física está relacionada a menores índices de mortalidade. Comparando indivíduos ativos e moderadamente ativos com indivíduos menos ativos, verificou que a expectativa de vida é maior para aqueles cujo nível de atividade física é mais elevado. Com relação ao risco de morte por doenças cardiovasculares, respiratórias e por câncer, o estudo sugere uma relação inversa deste com o nível de atividade física . Estudos experimentais sugerem que a prática de atividades de intensidade moderada atua na redução de taxas de mortalidade e de risco de desenvolvimento de doenças degenerativas como as enfermidades cardiovasculares, hipertensão, osteoporose, diabetes, enfermidades respiratórias, dentre outras. São relatados, ainda, efeitos positivos da atividade física no processo de envelhecimento, no aumento da longevidade, no controle da obesidade e em alguns tipos de câncer (Powell et al.,1985; Gonsalves,1996; Matsudo & Matsudo,2000). Destas constatações infere-se que a realização sistemática de atividades corporais é fator determinante na promoção da saúde e da qualidade de vida.
Recentemente, a relação atividade física e saúde vem sendo gradualmente substituída pelo enfoque da qualidade de vida, o qual tem sido incorporado ao discurso da Educação Física e das Ciências do Esporte. Tem, na relação positiva estabelecida entre atividade física e melhores padrões de qualidade de vida, sua maior expressão. Observa-se, nos eventos científicos, nacionais e internacionais, realizados nos últimos anos, a ênfase dada a esta relação. Muitas são as declarações documentadas neste sentido. O Simpósio Internacional de Ciências do esporte realizado em São Paulo em outubro de 1998, promovido pelo CELAFISCS com o tema Atividade Física : passaporte para a saúde, privilegiou em seu programa oficial a relação saúde/atividade física/qualidade de vida destacando os seus aspectos funcionais e anatomo-funcionais. Os resumos e conferências publicadas nos anais do Congresso Mundial da AIESEP realizado no Rio de Janeiro, em janeiro de 1997, cujo tema oficial foi a Atividade Física na perspectiva da cultura e da Qualidade de Vida, destacam a relação da qualidade de vida com fatores morfo-fisiológicos da atividade física. No I Congresso Centro-Oeste de Educação Física, Esporte e Lazer, realizado em setembro de 1999, na cidade de Brasília, promovido pelas instituições de ensino superior em Educação Física da região Centro-Oeste, o tema da atividade física e saúde representou 20% dos trabalhos publicados nos anais. A temática da atividade física e qualidade de vida foi objeto de discussão em conferências e mesas redondas. Também neste evento observa-se a ênfase dada aos aspectos biofisiológicos da relação atividade física/saúde/qualidade de vida. Vários autores e entidades ligados à Educação Física ratificam este entendimento. Katch & McArdle (1996) preconizam a prática de exercícios físicos regulares como fator determinante no aumento da expectativa de vida das pessoas. A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (1999), em posicionamento oficial, sustenta que a saúde e qualidade de vida do homem podem ser preservadas e aprimoradas pela prática regular de atividade física. Matsudo & Matsudo (1999, 2000), reiteram a prescrição de atividade física enquanto fator de prevenção de doença e melhoria da qualidade de vida. Lima (1999) afirma que a Atividade Física tem, cada vez mais, representado um fator de Qualidade de Vida dos seres humanos, possibilitando-lhes uma maior produtividade e melhor bem-estar. Guedes & Guedes (1995) reconhecem as vantagens da prática de atividade física regular na melhoria da qualidade de vida. Nahas (1997) admite a relação entre a atividade física e qualidade de vida. Citando Blair (1993) & Pate (1995), o autor identifica, nas sociedades industrializadas, a atividade física enquanto fator de qualidade de vida, quer seja em termos gerais, quer seja relacionada à saúde. Silva (1999), ao distinguir a qualidade de vida em sentido geral (aplicada ao indivíduo saudável) da qualidade de vida relacionada à saúde (aplicada ao indivíduo sabidamente doente) vincula à prática de atividade física à obtenção e preservação da qualidade de vida. Dantas (1999), buscando responder em que medida a atividade física proporcionaria uma desejável qualidade de vida, sugere que programas de atividade física bem organizados podem suprir as diversas necessidades individuais, multiplicando as oportunidades de se obter prazer e, consequentemente , otimizar a qualidade de vida. Lopes & Altertjum (1999) escrevem que a prática da caminhada contribui para a promoção da saúde de forma preventiva e consciente. Vêem na atividade física um importante instrumento de busca de melhor qualidade de vida. O "Manifesto de São Paulo para a promoção de Atividades Físicas nas Américas" - publicado na Revista Brasileira Ciência e Movimento (jan/2000) - destaca a necessidade de inclusão da prática de atividade física no cotidiano das pessoas de modo a promover estilos de vida saudáveis rumo a melhoria da qualidade de vida. Fora dos círculos acadêmicos, os meios de comunicação constantemente veiculam informações a respeito da necessidade de o homem contemporâneo melhorar sua qualidade de vida por meio da adoção de hábitos mais saudáveis em seu cotidiano. Neste contexto, a Federação Internacional de Educação Física - FIEP, elaborou o "Manifesto Mundial de Educação Física - 2000", o qual representa um importante acontecimento na história da Educação Física pois pretende reunir em um único documento as propostas e discussões efetivadas, no âmbito desta entidade, no decorrer do século XX.. O manifesto expressa os ideais contemporâneos de valorização da vida ativa, ou seja, ratifica a relação entre atividade física, saúde e qualidade de vida e prioriza o combate ao sedentarismo como objetivo da Educação Física (formal e não formal) por meio da educação para a saúde e para o lazer ativo de forma continuada.
Diferentes visões acerca da atividade física, da qualidade de vida e da saúde foram acima apresentadas. Correspondem a visões bastante disseminadas e aceitas no domínio da Educação Física. Em comum, nestas análises, encontramos o acentuado viés biológico que as marca e as caracteriza. Este, historicamente, tem sido a base da formação do profissional de Educação Física. Segundo compreendemos, a questão não nos parece suficientemente resolvida deste ponto de vista. A relação entre atividade física e saúde envolve uma multiplicidade de questões. Resolvê-la exclusivamente pelo paradigma naturalista é desconhecer a complexidade do tema. O ser humano não pode ser reduzido à dimensão biológica pois é fruto de um processo e de relações sociais bem mais amplas e abrangentes. Neste contexto, as Ciências Sociais oferecem importante contribuição para o debate ao conceber o homem segundo uma lógica distinta daquela estritamente bio-fisiológica. No entender dessas ciências, a realidade não é um dado unívoco, mas uma construção social, que varia segundo a história, as diferentes estruturas e os diferentes processos sociais. Na perspectiva naturalista, pouca atenção tem sido dada aos interesses políticos e econômicos associados à saúde, à aptidão física e aos estilos de vida ativa. Esta visão assumiu uma postura eminentemente individualista e biologicista no qual elaborou-se o conceito de vida fisicamente ativa independentemente de uma análise cultural, econômica e política, desconsiderando as contradições estruturais que limitam as oportunidades de diferentes grupos sociais. Autores: Luís Otávio Teles Assumpção |
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