EDUCAÇÃO FÍSICA DO PROFESSOR WILLIAM PEREIRA

Este blog é a continuação de um anterior criado pelo Professor William( http://wilpersilva.blogspot.com/) que contém em seus arquivos uma infinidades de conteúdos que podem ser aproveitados para pesquisa e esta disponível na internet, como também outro Blog o 80 AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA (http://educacaofisica80aulas.blogspot.com/ ) que são conteúdos aplicados pelo Professor no seu cotidiano escolar.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Notícias da Educação Física

Notícias da Educação Física


Setor em constante expansão, mercado fitness cresce 52% em três anos

Posted: 12 Dec 2012 03:44 AM PST


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Com a chegada do verão o desejo de manter o corpo em forma agita um mercado que cresce a cada vez mais no país, o setor de esporte e saúde.

Entrar numa academia para malhar por saúde ou por estética é algo que os brasileiros vem adotando cada vez no dia a dia, as salas cheias apontam que o Brasil já é o segundo no mundo em número de academias.

Hoje o país conta com 26.700 academias de ginásticas, dados referentes uma pesquisa realizada pela Central Mailing List, empresa especialista em fornecer banco de dados.

Entre os meses de novembro a março a quantidade de matrículas e a presença dos alunos nas academias de ginástica costumam aumentar significativamente, o que desperta interesse dos empresários em investir no mercado fitness, um mercado que está cada vez mais aquecido, o crescimento fez do Brasil o segundo país do ranking mundial em números de academias, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e à frente de países como Itália, Coreia do Sul, Alemanha e Canadá.

Em três anos entre 2009 e 2011, a terceira maior metrópole do mundo, aumentou o número para 2737 academias, representando 29,88% no mercado fitness do país. Atrás de São Paulo, vem Minas Gerais com 970, depois o Rio de Janeiro com 967, Rio Grande do Sul com 644 e Bahia com 570 academias em todo o estado.

O estudo mostra também, que a região norte é a que menos investe no setor, os estados como Acre, Amapá e Roraima representam apenas 0,47% da estatística. Os estados que vem crescendo repentinamente são os estados do Paraná e Santa Catarina, onde o Paraná já conta com 1609 academias representando 6% do setor e Santa Catarina que possuí em todo o estado 1220 estabelecimentos totalizando 4% no mercado fitness do país.

O mercado brasileiro está contando com uma grande variedade de redes de academias, o que faz aquecer os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, com esse crescimento, outros estados já estão à vista dos empresários.

O aumento da procura por academias gera competição no mercado de trabalho, o que faz gerar uma rápida expansão no setor, oferecendo assim, oportunidades para empresários de grandes redes e também para empreendedores individuais e micro e pequenas empresas. Vele ressaltar que uma boa administração evita causar uma quebradeira geral, por falhas na gestão do empreendimento.

Matéria publicada no portal Parana@Shop

O nível de aptidão física afeta o desempenho do árbitro de futebol?

Posted: 12 Dec 2012 03:34 AM PST


Introdução

O futebol é um dos esportes mais praticados no mundo. Em 2003, cerca de 220 milhões de pessoas foram consideradas membros ativos da Federation Internationale de Football Association (FIFA), sendo que 150 milhões eram jogadores (homens e mulheres) em algum nível competitivo (CASTAGNA, ABT & D'OTTAVIO, 2007).

Nas últimas décadas, o futebol experienciou significativo avanço do profissionalismo (GOMES & SOUZA, 2008). Essas mudanças ocorridas nos últimos anos, principalmente em função das maiores exigências físicas, intensificaram a carga de treinamento imposta aos atletas (COHEN, ABDALLA, EJNISMAN & AMARO, 1997). Sem dúvida, este maior nível de exigência física alterou o padrão de jogo, tornando-o mais rápido e intenso (METAXAS, KOUTLIANOS, KOUIDI & DELIGIANNIS, 2005).

Neste contexto do futebol moderno, é plausível assumir que a demanda física dos árbitros também tenha sofrido aumento. Para atender esse novo padrão, o desenvolvimento da aptidão física específica para o futebol se torna fundamental. E, nesse processo, merecem destaque a composição corporal, a potência aeróbia e a potência anaeróbia. Entretanto, por não fazer parte, de forma importante, da economia do futebol, a preparação dos árbitros tem sido negligenciada ao longo dos anos (CASTAGNA, ABT & D'OTTAVIO, 2007).

Recentemente, alguns estudos avaliaram o desempenho dos árbitros em testes físicos (BARTHA, PETRIDIS, HAMAR, PUHL & CASTAGNA, 2009; CASTAGNA, ABT & D'OTTAVIO, 2002A, 2002B, 2005; CASTAGNA, ABT, D'OTTAVIO & WESTON, 2005), durante as partidas (CASTAGNA & ABT, 2003; CASTAGNA, ABT & D'OTTAVIO, 2004; CASTAGNA & D'OTTAVIO, 2001; D'OTTAVIO & CASTAGNA, 2001; MALLO, NAVARRO, GARCÍA-ARANDA, GILIS & HELSEN, 2008; TESSITORE, CORTIS, MEEUSEN & CAPRANICA, 2007) e as relações existentes entre a performance obtida nos testes físicos e a atuação durante os jogos (CASTAGNA, ABT & D'OTTAVIO, 2002A, 2002B; CASTAGNA & D'OTTAVIO, 2001). No entanto, apesar do local de destaque do futebol brasileiro no cenário internacional, os estudos com árbitros brasileiros são escassos.

CASTAGNA, ABT E D'OTTAVIO (2004) demonstraram que os árbitros de elite do campeonato italiano (série A) são os que percorrem maior distância durante os jogos (~13 km), seguidos pelos árbitros europeus (sem contabilizar os italianos) que atuam na Union of European Football Associations (UEFA) (~11,5 km). Alguns estudos internacionais reportaram que durante partidas oficiais os mesmos se deslocam entre 41,8 e 73,8% do tempo em baixa intensidade (3-13 km/h), 11 a 46,3% em média intensidade (>13-18 km/h) e 4,1 a 17,7% em alta intensidade (>18 km/h) (CASTAGNA, ABT & D'OTTAVIO, 2007). Somado a isso, a cada quatro segundos, aproximadamente, há alteração no modo de deslocamento, totalizando ~1.300 mudanças. Desse total ~45% e ~12%, respectivamente, ocorrem em baixa e alta intensidade (KRUSTRUP & BANGSBO, 2001).

No que se refere ao perfil geral do árbitro de futebol, os dados supracitados devem ser levados em consideração, visto que esses indivíduos apresentam em média 15-20 anos a mais que os jogadores. Além disto, geralmente, os mesmos atuam de forma amadora e não podem ser substituídos durante as partidas (CASTAGNA, ABT & D'OTTAVIO, 2007).

Portanto, diante da importância do árbitro para o jogo de futebol e da carência de trabalhos nacionais acerca da análise de desempenho desses profissionais durante partidas oficiais, o objetivo do presente estudo foi descrever o comportamento de parâmetros relacionados à demanda física (distância percorrida, velocidade e frequência cardíaca) imposta aos árbitros em jogos oficiais e verificar possíveis associações destes parâmetros com componentes da aptidão física (composição corporal e potência aeróbia). Além disso, considerando o aumento das demandas físicas do futebol, é plausível especular que o condicionamento físico dos árbitros influencie a qualidade da sua arbitragem. A fim de testar esta hipótese, o presente trabalho também investigou o nível de correlação entre a composição corporal e a potência aeróbia com o desempenho da arbitragem nas partidas, avaliado pelos critérios estabelecidos no "Manual do observador" da Confederação Brasileira de Futebol (CBF, 2007).

 

Métodos

Amostra

A amostra do estudo foi composta por 11 árbitros profissionais (sexo masculino; 36,36 ± 6,34 anos; IMC = 24,54 ± 1,80 kg/m2; percentual de gordura = 16,45 ± 3,90%; O2máx = 44,98 ± 2,67 ml/kg/min, e; tempo de experiência = 8,90 ± 4,25 anos) do quadro "A" da Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol (FNF). Todos os voluntários foram escalados para arbitrar, pelo menos, um jogo do campeonato Potiguar profissional da temporada de 2009. Os critérios de inclusão adotados foram: apresentar pelo menos três anos de experiência no quadro "A" da FNF e não apresentar nenhuma alteração osteomioarticular que limitasse parcial e/ou totalmente a realização dos testes físicos. Todos os participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), conforme resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Protocolo de nº 282/09).

Procedimentos

Inicialmente, foram realizadas a avaliação da composição corporal e o teste de 2.400 metros. Isso ocorreu nos dias de treinamento comum a todos, na última semana antes do início do campeonato Potiguar de 2009. As coletas referentes à análise da demanda física nas partidas ocorreram de acordo com a escala de arbitragem determinada pela FNF, sem que isso causasse qualquer alteração no cronograma da mesma.

Avaliações físicas

Foram realizadas as medidas da massa corporal (kg), estatura (m), IMC (kg/m2) e percentual de gordura. O cálculo do percentual de gordura foi efetivado por avaliador experiente através da plicometria (adipômetro Lange® científico com variação de 0,1 mm), através do protocolo de JACKSON e POLLOCK (1978) de sete dobras cutâneas (subscapular, tricipital, peitoral, axilar média, supra-ilíaca, abdominal e femural média). O teste de 2.400 metros (realizado em terreno plano) proposto por MARGARIA, AGHEMO e PIÑERA LIMAS (1975) foi utilizado para estimar o O2máx dos árbitros.

Avaliação da demanda física durante as partidas

Para avaliação da demanda física imposta aos árbitros durante as partidas foram estabelecidas as seguintes variáveis: distância percorrida (km), velocidade média e máxima (km/h), frequência cardíaca média e máxima (bpm). Para coleta das variáveis relacionadas com a demanda física durante os jogos foi utilizado um GPS (Global Positioning System) de pulso (Garmin® modelo Forerunner 405) com cardiofrequencímetro acoplado. Os árbitros foram, previamente, instruídos sobre o manuseio do equipamento.

Análise do desempenho da arbitragem

A análise do desempenho dos árbitros foi realizada por três avaliadores oficiais credenciados pela FNF. Por haver mais de uma partida por "rodada" no campeonato, somente um avaliador foi responsável por avaliar o desempenho da arbitragem em cada partida. Como instrumento avaliativo foi usado o "Manual do observador", ferramenta padrão - instituída pela CBF - para esse propósito.

Foram contemplados três aspectos para análise de desempenho do árbitro, tendo cada um, tópicos específicos: a) aspecto técnico: 1) posicionamento com bola em jogo, 2) posicionamento com bola fora de jogo, 3) aplicação correta e coerente das regras, 4) coerência nos critérios das decisões, 5) utilização adequada das sinalizações, 6) utilização do som do apito, 7) agilização do jogo, 8) interpretação das vantagens, 9) interpretação da indicação do impedimento e 10) integração com os árbitros assistentes e o quarto árbitro; b) aspecto disciplinar: 11) autoridade constante em campo, 12) arbitragem preventiva, 13) controle emocional, 14) aplicação correta das advertências (cartão amarelo), 15) aplicação correta das expulsões (cartão vermelho), 16) postura na aplicação dos cartões e 17) presença nas jogadas, e; c) aspecto físico: 18) resistência física durante a partida, 19) velocidade (deslocamento rápido) e 20) aceleração.

Para avaliação do desempenho geral da arbitragem adotou-se a recomendação da CBF. Cada aspecto supracitado (técnico, disciplinar e físico) foi avaliado através de seus tópicos correspondentes. Nesse sentido, o avaliador da partida definiu um escore variando de 0-10 para cada um dos 20 tópicos supracitados (ex. aspecto técnico, tópico 1. posicionamento com bola em jogo = 7,0). Após isso, todos os escores foram somados e divididos por 20, sendo definida, portanto, a nota final do árbitro na partida. No tocante à análise do aspecto físico isoladamente, os escores de resistência, velocidade e aceleração foram somados e divididos por três, obedecendo ao mesmo critério definido previamente.

Análise estatística

Para caracterização e disposição dos resultados foi utilizada a estatística descritiva (média e desvio-padrão). Todas as variáveis apresentaram distribuição normal, verificado através do método Shapiro-Wilk. Para análise de diferença (primeiro vs. segundo tempo) foi utilizado o teste t de Student pareado. Para análise de correlação das variáveis analisadas foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson. O pacote estatístico SPSS® versão 15.0 foi utilizado para esses fins, sendo adotado um p-valor < 0,05 como significância estatística.

 

Resultados

Os dados referentes à demanda física imposta aos árbitros nas partidas do campeonato Potiguar de 2009 são apresentados na TABELA 1.

 

 

Na TABELA 2 estão dispostos, separadamente, dados relacionados às exigências físicas referentes ao primeiro e ao segundo tempo de jogo. É possível observar que a velocidade média de deslocamento, assim como a frequência cardíaca média foram superiores no primeiro tempo (p < 0,05).

 

 

Na TABELA 3 encontra-se a análise de correlação entre as variáveis relacionadas às demandas da partida e as variáveis da aptidão física (composição corporal e resistência aeróbia). Houve correlação positiva do O2máx com a distância percorrida no segundo tempo da partida, a velocidade máxima atingida no segundo tempo de jogo e a velocidade máxima durante a partida toda (p < 0,05). O percentual de gordura apresentou correlação negativa com a velocidade máxima empregada no segundo tempo de jogo (p < 0,05). Além disso, foi detectada correlação negativa entre o percentual de gordura e o O2máx (p < 0,01).

 

 

Na TABELA 4 são apresentados os resultados referentes à análise de correlação da composição corporal e do O2máx com o desempenho da arbitragem. É possível observar que o desempenho físico e geral dos árbitros se correlacionou, negativamente, com o percentual de gordura e, positivamente, com o O2máx.

 

 

Discussão

O presente estudo teve como objetivo descrever a demanda física imposta aos árbitros de futebol durante partidas oficiais. Além disto, outro objetivo do estudo foi investigar a influência do nível de aptidão física sobre o desempenho da arbitragem. Os principais achados foram: a) os parâmetros relacionados à demanda física da partida (distância percorrida, velocidade e frequência cardíaca) apresentaram comportamento similar em comparação ao, previamente, observado em árbitros internacionais, caracterizando o alto padrão de demanda física destes profissionais, b) o critério de avaliação da arbitragem relacionado ao aspecto físico apresentou correlação com o O2máx (r = 0,748) e com o percentual de gordura (r = -0,758) e c) com relação à nota geral atribuída à arbitragem, também foram observadas correlações com o O2máx (r = 0,530) e com o percentual de gordura (r = -0,496).

A média de idade observada foi semelhante à encontrada por DA SILVA e RODRIGUEZ-AÑES (2001) em árbitros paranaenses (34,5 anos) e RONTOYANNIS, STALIKAS, SARROS e VLASTARIS (1998), ao avaliar árbitros gregos (36,3 anos). Esses autores apontam ainda que a idade dos árbitros, quando comparada com a dos atletas, é superior em cerca de 10 anos, e que essa diferença é menor em outros esportes. CASTAGNA, ABT e D'OTTAVIO (2007) reportam delta ainda maior nesse aspecto, diferença de 15-20 anos entre os atletas e os árbitros.

Com relação à composição corporal, o valor médio de percentual de gordura observado (16,5%) é muito semelhante ao encontrado no trabalho de RONTOYANNIS et al. (1998) (16,7%) e DA SILVA e RODRIGUEZ-AÑES (2003) (17,3%). Apesar do número de estudos com esse foco de investigação ser limitado, os dados disponíveis indicam que o nível de adiposidade da amostra avaliada encontra-se próximo aos índices observados na elite internacional (HELSEN & BULTYNCK, 2004).

A respeito da demanda física imposta aos árbitros, os resultados reportados parecem corroborar os dados apresentados na literatura internacional. Tem sido relatado que os árbitros de futebol percorrem aproximadamente 10 km em partidas oficiais em uma intensidade média de 85-90% da frequência cardíaca máxima (CASTAGNA, ABT e D'OTTAVIO, 2007).

A média da distância percorrida (~10,5 km) pelos árbitros potiguares foi superior ao valor médio percorrido por árbitros da primeira divisão australiana e inglesa (9,4 km) (CATTERALL, REILLY, ATKINSON & COLDWELLS, 1993; JOHNSON & MCNAUGHTON, 1994), árbitros brasileiros - série A e B - (9,15 km) (DA SILVA, FERNANDES & FERNANDEZ, 2008) e árbitros dinamarqueses (10 km) (KRUSTRUP & BANGSBO, 2001). Entretanto, os árbitros avaliados no presente estudo apresentaram valores inferiores aos percorridos por árbitros italianos da primeira divisão do Calcio (11,4 km e 13 km) (CASTAGNA, ABT & D'OTTAVIO, 2004; D'OTTAVIO & CASTAGNA, 2001) e europeus (não-italianos) filiados a UEFA (11,2 km) (CASTAGNA & D'OTTAVIO, 2001). Essa distância é semelhante à percorrida pelos jogadores (meio-campistas) que mais se movimentam durante as partidas (STOLEN, CHAMARI, CASTAGNA & WISLOFF, 2005).

É importante salientar que pelo fato do futebol ser uma modalidade acíclica aberta, diversos fatores devem influenciar o volume de deslocamento do árbitro na partida, tais como o padrão tático das equipes, condições climáticas, situações específicas de jogo, estado de fadiga dos jogadores, entre outros. Esses fatores poderiam explicar a grande variabilidade no padrão de deslocamento nas investigações acima citadas. Além disso, a própria condição física do árbitro influencia na quantidade de deslocamento durante os jogos (CASTAGNA, ABT & D'OTTAVIO, 2002a; CASTAGNA & D'OTTAVIO, 2001).

Diante da alta demanda física imposta aos árbitros, a capacidade cardiorrespiratória parece ser fundamental para o desempenho dos mesmos. Já é sabido que o VO2máx é o melhor indicador de capacidade cardiorrespiratória (ACSM, 2000). CASTAGNA, ABT e D'OTTAVIO (2007) e STOLEN et al. (2005) apontam que o árbitro de futebol profissional possui em média 45-50 ml/kg/min de O2máx. Os resultados dos árbitros potiguares encontram-se dentro desse perfil. De fato, já foi observado que o nível adequado de VO2máx parece influenciar diretamente o desempenho físico dos árbitros durante as partidas (CASTAGNA & D'OTTAVIO, 2001). Somado a isso, dada a forte correlação encontrada entre o percentual de gordura e o O2máx nos árbitros da FNF, a composição corporal é outro aspecto que deve ser considerado na avaliação física destes profissionais.

CASTAGNA e D'OTTAVIO (2001) verificaram que árbitros italianos com maior O2máx percorreram maiores distâncias nos jogos, além de terem permanecido mais tempo em maior intensidade de deslocamento e menos tempo em repouso. Ainda nessa linha, CASTAGNA, ABT e D'OTTAVIO (2002a) verificaram, em árbitros da comissão nacional de arbitragem da Itália, correlação positiva entre a distância percorrida em alta velocidade no segundo tempo de partidas oficiais e a distância atingida no teste de 12 minutos. Os dados reportados no presente estudo parecem confirmar tais achados, haja vista que houve correlação positiva entre o O2máx e a distância percorrida no segundo tempo. Da mesma forma, o O2máx também apresentou correlação positiva com a velocidade máxima de movimentação.

A investigação referente à associação entre a potência aeróbia e o desempenho nas partidas poderia avançar, significativamente, através de padronização dos testes empregados nos estudos. No presente estudo foi utilizado o teste de 2.400 m, pela facilidade de aplicação e interpretação dos resultados. Entretanto, no cenário internacional os trabalhos têm realizado, preferencialmente, testes intermitentes, como o "Yo-Yo Intermittent Recovery Test", por apresentar características semelhantes ao futebol (CASTAGNA, ABT & D'OTTAVIO, 2007; KRUSTRUP, MOHR, NYBO, JENSEN, NIELSEN & BANGSBO, 2006). Sem dúvida, essa é uma limitação do presente estudo. CASTAGNA, ABT e D'OTTAVIO (2005) verificaram que o teste de corrida de 12 minutos não foi capaz de detectar diferença no desempenho aeróbio de árbitros de nível alto (série A e B do campeonato italiano), médio (série C) e baixo (série D). Já o "Yo-Yo Intermittent Recovery Test" mostrou-se bastante sensível para detectar estas diferenças.

No que diz respeito à análise dicotômica entre o primeiro e o segundo tempo de jogo, só foi verificada diferença entre a velocidade média e a frequência cardíaca média (p-valor < 0,05). Estes resultados são conflitantes aos apresentados previamente na literatura. CASTAGNA e D'OTTAVIO (2001) verificaram diferença na distância percorrida por árbitros italianos nos diferentes tempos de jogo, havendo queda de 6% na segunda etapa (5,9 vs. 5,6 km). D'OTTAVIO e CASTAGNA (2001) avaliando árbitros da primeira divisão da Itália, observaram dados semelhantes, com diminuição de 4,1% no segundo tempo (5,8 vs. 5,6 km). Entretanto, DA SILVA, FERNANDES e FERNANDEZ (2008), ao monitorar árbitros brasileiros, não encontraram diferença na distância percorrida durante a primeira e a segunda etapa (4,6 vs. 4,5 km).

Apesar da redução na velocidade e na frequência cardíaca média dos árbitros durante o segundo tempo, a velocidade máxima e a frequência cardíaca máxima, indicadores de movimentação em alta intensidade, permaneceram semelhantes aos valores observados no primeiro tempo. Tal fato parece corroborar os achados de CASTAGNA e D'OTTAVIO (2001) e DA SILVA, FERNANDES e FERNANDEZ (2008) que não observaram diferença na distância percorrida em intensidade máxima entre o primeiro e o segundo tempo. D'OTTAVIO e CASTAGNA (2001), entretanto, encontraram maior distância percorrida em velocidade máxima (>24 km/h) no segundo tempo em comparação ao primeiro tempo (225 vs. 202 m).

Com relação à avaliação da arbitragem, os resultados apresentados corroboram a hipótese inicial de que a aptidão física influencia o desempenho dos árbitros. Estes dados suportam o pressuposto que a qualidade da preparação física e o consequente desenvolvimento da aptidão física desses profissionais são aspectos que podem auxiliar a atuação dos mesmos.

Sendo o futebol dependente, de forma predominante, do metabolismo aeróbio, é plausível especular que a maior potência aeróbia dos árbitros maximize sua movimentação durante a partida, permitindo o acompanhamento das jogadas de forma mais precisa. Além disso, a capacidade cardiorrespiratória adequada maximiza a recuperação entre esforços intermitentes de alta intensidade, que são característicos do futebol moderno (STOLEN et al., 2005). Isso pode facilitar o deslocamento do árbitro na partida, sem prejuízo no desempenho das ações em intensidade alta (>18 km/h) e máxima (>24 km/h) (CASTAGNA, ABT & D'OTTAVIO, 2007; KRUSTRUP & BANGSBO, 2001).

Somado ao exposto anteriormente, o baixo percentual de gordura favorece o maior O2 relativo, além de beneficiar ações relacionadas ao desenvolvimento de força rápida, como sprints de curta duração (15-20 m) em velocidade máxima (>24 km/h). Em contra partida, o excesso de peso e gordura corporal poderia afetar, negativamente, o padrão de movimentação dos árbitros e, por consequência, o julgamento das jogadas. Em lances decisivos e polêmicos, esse acompanhamento poderá determinar o resultado da partida.

É importante ressaltar que, apesar das correlações observadas, uma limitação do presente estudo foi a ausência de testes mais específicos para avaliar os componentes envolvidos na aptidão para o desempenho esportivo. É plausível especular que estes componentes também apresentem relação com o desempenho dos árbitros.

Os achados do presente estudo indicam que os parâmetros associados à sobrecarga física/fisiológica da partida de futebol, analisados nos árbitros da FNF, são muito similares ao observados previamente em árbitros internacionais. Estes dados revelam que a demanda física do árbitro é muito semelhante à demanda dos jogadores que apresentam o maior nível de movimentação. No presen

Aptidão física relacionada ao desempenho motor em escolares de 7 a 15 anos

Posted: 12 Dec 2012 03:19 AM PST


Introdução

Os benefícios do desenvolvimento da aptidão física sobre a saúde estão bem evidenciados na literatura científica. Dentre eles, destacam-se: menor a incidência dos fatores de risco para doenças crônicas, redução da adiposidade total e abdominal, melhora da saúde mental e corporal e aumento do desempenho acadêmico (Glaner, 2003; Kvaavik, Klepp, Tell, Meyer & Batty, 2009; Ortega, Ruiz, Castillo & Sjostrom, 2008). Além disso, a aptidão física está mais fortemente relacionada à prevenção da síndrome metabólica do que a atividade física (Rizzo, Ruiz, Hurtig-Wennlof, Ortega & Sjostrom, 2007).

No entanto, há vários estudos mostrando que os níveis de aptidão física têm declinado ao longo das últimas décadas (Malina, 1996; Tomkinson & Olds, 2007; Tomkinson, Olds, Kang & Kim, 2007; Westerstahl, Barnekow-Bergkvist, Hedberg & Jansson, 2003). Estimativas provenientes dos Estados Unidos apontam que a prevalência de aplicação de testes de aptidão física no ano 2000 foi de 65% em escolas de todos os níveis (Morrow Junior, Fulton, Brener & Kohl, 2008). No Brasil, não há dados científicos acerca dessa proporção, mas percebe-se que esta prática está em decadência no contexto escolar (observação empírica).

Conforme Guedes (2007), a aptidão física pode ser dividida em dois componentes. O primeiro corresponde à aptidão física relacionada à saúde e envolve basicamente as seguintes capacidades físicas: resistência cardiorrespiratória, força/resistência muscular e flexibilidade (Guedes, 2007). O segundo componente diz respeito à aptidão física relacionada ao desempenho motor, e abrange as seguintes habilidades: potência (ou força explosiva), velocidade, agilidade, coordenação e equilíbrio (Guedes, 2007). A maior parte dos estudos encontrados na literatura avaliou apenas o primeiro componente. Poucos estudos sobre o segundo foram localizados. Ainda assim, a maioria deles é apenas descritivo.

Um estudo indicou que o nível de esforço físico nas aulas de Educação Física não é suficiente para aumentar a aptidão física (Guedes & Guedes, 2001). Outro estudo nacional feito com escolares identificou que a prática de atividades física com intensidade moderada a vigorosa explicou somente 4-8% da variabilidade do consumo máximo de oxigênio (Guedes, Guedes, Barbosa & Oliveira, 2002). Acrescentando, a aptidão física adquirida na infância e adolescência tende a perdurar até a fase adulta (Malina, 1996; Twisk, Kemper & Van Mechelen, 2000).

Logo, a mensuração da aptidão física em jovens consiste em uma importante ferramenta disponível aos professores de Educação Física para avaliar e monitorar o desempenho dos seus alunos. Além disso, é importante determinar se o nível de aptidão física difere de acordo com determinadas características, tanto do aluno, quanto do contexto. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi descrever a aptidão física relacionada ao desempenho motor de crianças e adolescentes e examinar as diferenças de acordo com sexo, idade, tipo de escola e região geográfica da escola.

 

Método

Delineamento

Trata-se de um estudo epidemiológico com desenho transversal. Esta pesquisa foi desenvolvida como parte de um projeto nacional, denominado "Projeto Esporte Brasil" (PROESP). Este projeto foi lançado em 2002 pelo Ministério dos Esportes, e teve, dentre outros objetivos, traçar o perfil de aptidão física das crianças e adolescentes brasileiros. Detalhes adicionais sobre o respectivo projeto podem ser conferidos em outra publicação (Marques, Gaya, Silva & Torres, 2005), bem como no seguinte endereço eletrônico: www.proesp.ufrgs.br.

Aspectos éticos

O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas. Um consentimento verbal foi obtido dos diretores de cada instituição de ensino incluída na amostra. Além disso, os pais ou responsáveis por cada aluno deveriam assinar um termo de consentimento autorizando-o a participar do estudo.

Amostra e amostragem

O presente estudo ocorreu no município de Rio Grande, RS, cuja população estimada é de aproximadamente 200 mil pessoas. A amostra foi selecionada em dois estágios. Primeiro, selecionaram-se 10 escolas com ensino fundamental (de 90, na época de estudo), as quais foram previamente estratificadas por tipo de escola (pública e privada) e pela localidade geográfica (rural e urbana). Com o intuito de assegurar a proporcionalidade existente no município, foram selecionadas oito escolas públicas e duas privadas, bem como três rurais e sete urbanas.

O próximo passo do processo amostral consistiu na seleção das turmas de cada série. Quando a escola possuísse apenas uma turma, esta era automaticamente selecionada. Se tivesse mais de uma turma por série, era feita uma seleção aleatória, com probabilidade proporcional ao número de escolares em cada série no município de Rio Grande.

Foram selecionados, em média, aproximadamente 70 escolares por série do ensino fundamental (1ª a 8ª) de cada escola incluída na amostra. Os critérios de inclusão eram: estar devidamente matriculado na escola no respectivo ano letivo; e ter idade entre sete e 15 anos. Aqueles escolares cuja idade não atingisse ou extrapolasse a faixa etária do estudo, foram avaliados junto com seus colegas de classe, porém foram posteriormente excluídos das análises. Os alunos que não quiseram participar, tinham alguma limitação física para fazer os testes, que não trouxeram o termo de consentimento assinado ou que se ausentaram no dia das avaliações, foram considerados como perdas. A reposição das perdas não foi permitida para não causar um possível viés de seleção.

Logística

A equipe de examinadores foi formada por seis profissionais de Educação Física, todos devidamente treinados e padronizados para realizar os testes e medidas do estudo. Um estudo piloto, envolvendo cerca de 100 alunos de quatro turmas de uma escola não incluída na amostra, foi realizado com o propósito de testar os instrumentos e a logística do estudo. Ao longo do trabalho de campo, os alunos eram informados com pelo menos um dia de antecedência sobre a pesquisa e os procedimentos necessários para participar das avaliações físicas. Os testes eram feitos preferencialmente no período das aulas de Educação Física. A coleta de dados ocorreu entre os meses de setembro e novembro de 2004.

Variáveis dependentes

As variáveis dependentes corresponderam aos resultados dos testes de aptidão física relacionada ao desempenho motor. Salienta-se que os testes de aptidão física relacionada à saúde também foram aplicados, porém foram objeto de pesquisa de outro estudo já publicado (Dumith, Azevedo & Rombaldi, 2008). Desse modo, cinco testes foram empregados neste trabalho, os quais estão descritos resumidamente a seguir (entre parênteses, está a principal habilidade motora envolvida em cada um deles).

Salto em distância parado (potência muscular de membros inferiores)

O aluno ficava parado, com os pés atrás de uma linha feita no chão. Por um movimento de flexão do joelho e quadril deveria pegar impulsão e saltar a distância máxima que conseguisse. Uma tentativa era permitida antes do salto oficial. A distância entre a linha no chão e a parte posterior dos pés era mensurada em centímetros por meio de uma fita métrica.

Arremesso de "medicine-ball" (potência muscular de membros superiores)

O aluno devia sentar no chão, com as costas encostadas na parede, e o quadril num ângulo de 90º. Com as duas mãos, devia segurar, encostado no peito, uma bola pesando 1,5 kg. Ao sinal, jogavam a bola para frente, numa trajetória parabólica, de modo a lançarem o mais longe que conseguisse. A distância da parede até o primeiro ponto onde a bola tocasse o solo era registrada em centímetros, por meio de uma fita métrica.

Barra modificada (força de membros superiores)

Uma armação de madeira foi construída de modo a posicionar a barra em diversas alturas. O aluno devia deitar sobre um colchonete, posicionado sob a barra. A barra era colocada numa altura em que os braços do aluno ficassem totalmente estendidos para cima. O movimento consistia numa flexão dos cotovelos, com o quadril totalmente reto, até o seu queixo atingir a altura da barra. O aluno devia realizar o máximo de repetições que conseguisse, sem tocar o tronco ou o quadril no solo. Eram contabilizados apenas os movimentos corretos, e não havia limite de tempo.

Corrida de 20 metros (velocidade)

Uma pista de 20 metros, reta e sem obstáculos, era demarcada, preferencialmente na quadra de esportes da escola. O aluno deveria percorrer a distância da pista no menor tempo que conseguisse. O tempo era registrado por um cronômetro em segundos e centésimos. O teste era feito por um aluno de cada vez. Salienta-se que quanto maior o tempo, pior o desempenho.

Quadrado (agilidade e coordenação)

Quatro cones, separados por uma distância de quatro metros entre si, eram posicionados no chão de modo a formar a figura de um quadrado. Eram feitas quatro corridas entre os cones (descritas abaixo), alternando o sentido dos movimentos, sendo que o aluno deveria tocar com a mão sobre o cone quando o atingisse. Os alunos partiam de trás do primeiro cone até o que estivesse em sua diagonal (1), depois iam em direção ao cone situado a sua esquerda (2), depois novamente em diagonal corriam em direção ao terceiro cone (3), e por fim retornavam à direita ao cone de onde partiram (4). Cada aluno era estimulado a memorizar a sequência de movimentos e realizá-la no menor tempo possível. O tempo era registrado em segundo e centésimos por meio de um cronômetro. Salienta-se que quanto maior o tempo, pior o desempenho.

Variáveis independentes

Foram consideradas como variáveis independentes e possíveis fatores de confusão: sexo (masculino ou feminino); idade em anos completos e posteriormente categorizada em três grupos (sete a nove, 10 a 12 e 13 a 15 anos); tipo de escola (pública ou privada); e localidade geográfica da escola (rural ou urbana).

Procedimentos estatísticos

Para a descrição dos testes empregados foram utilizadas as medidas da estatística descritiva para variáveis contínuas. A descrição das variáveis independentes se deu por meio de proporções. As análises cruzando os escores de cada teste com as variáveis independentes foram feitas por ANOVA (análise de variância). As análises multivariáveis foram feitas empregando-se a técnica de regressão linear múltipla, ajustando-se o efeito de cada variável independente para as demais. O nível de significância estatística foi de 5% para testes bicaudais. A limpeza do banco e análises dos dados foi feita no programa STATA (STATACORP, TX, 2000).

 

Resultados

Ao todo, foram avaliados 526 escolares entre sete e 15 anos do ensino fundamental de Rio Grande. Destes, 52,7% pertenciam ao sexo masculino, 12,9% estudavam em escolas particulares e 90,7% estudavam em escolas da zona urbana do município. A média de idade foi 11,0 anos (DP = 2,1). A descrição sumária dos valores obtidos em cada teste relacionado ao desempenho motor está apresentada na TABELA 1.

Os resultados das análises brutas e ajustadas para cada um dos cinco testes aplicados estão apresentados nas TABELAS 2 a 6. Quanto ao desempenho no teste de salto em distância, observa-se que foi superior para os rapazes, para os escolares da zona urbana, e que aumentou com a idade (TABELA 2). Não houve diferença conforme o tipo de escola (pública ou privada).

O desempenho no teste de arremesso de "medicine-ball" foi significativamente superior para os rapazes, para os escolares da rede privada e para os que estudavam em escolas da zona urbana (TABELA 3). Além disso, observa-se que aumentou de acordo com as categorias de faixa etária.

Com relação ao desempenho no teste de barra modificado, observa-se que foi maior para os rapazes e para aqueles de maiores faixas etárias (TABELA 4). No entanto, não houve diferenças significativas de acordo com o tipo de escola nem com a região geográfica.

No que se refere ao teste de corrida de 20 metros, o desempenho foi maior para os rapazes, para os escolares da zona urbana e para aqueles de maiores faixas etárias (TABELA 5). Não houve diferença entre escolares da rede pública e privada.

Por último, observa-se que o desempenho no teste do quadrado, assim como no teste acima mencionado, foi superior para os rapazes, para os escolares da zona urbana e para aqueles de maiores faixas etárias (TABELA 6). No entanto, após ajustes para as demais variáveis independentes, os alunos de escolas públicas obtiveram um melhor desempenho, apesar da pequena diferença em relação àqueles de escolas particulares.

Os modelos de regressão linear múltipla apontaram que as variáveis sexo, idade, tipo de escola e localidade geográfica da escola explicaram, conjuntamente, 40%, 64%, 22%, 41% e 44% da variabilidade dos testes de salto em distância, arremesso de "medicine-ball", barra modificada, corrida de 20 metros e quadrado, respectivamente. O principal preditor isolado de cada um destes testes, com exceção da barra, foi a idade (em anos), seguido pelo sexo (este foi o principal preditor no teste da barra). Localidade geográfica e tipo de escola explicaram apenas uma pequena parcela da variância de cada teste.

 

Discussão

O objetivo deste estudo foi descrever os componentes da aptidão relacionada ao desempenho motor em jovens de um município localizado ao Sul do Brasil, bem como examinar se há diferença conforme sexo, idade, tipo de escola e região geográfica da escola. Uma bateria de cinco testes motores foi aplicada a 526 alunos entre sete e 15 anos do ensino fundamental.

Os resultados apontam que o desempenho em todos os testes foi superior para os rapazes e aumentou diretamente com a faixa etária. Aliás, estes foram os principais preditores da aptidão física dentre as variáveis examinadas, sugerindo que as características de cunho biológico respondem pela maior parte da variabilidade dos níveis de aptidão física, ao menos para crianças e adolescentes. O desempenho motor crescente com a idade e maior para o sexo masculino é um achado consistente na literatura, também sendo verificado, por exemplo, em um estudo feito com 1800 escolares de sete a 17 anos de Londrina, PR (Guedes, 2007),

O tipo de escola só teve influência sobre o desempenho no teste de arremesso de "medicine-ball", em que os escolares da rede privada atingiram escores médios superiores aos da rede pública. Ausência de diferença pelo tipo de escola, nesta mesma população, também foi notada para os componentes de aptidão física relacionadas à saúde (Dumith, Azevedo & Rombaldi, 2008). Quando levado em consideração o nível de atividade física, dois estudos nacionais também não notaram diferenças para alunos de escolas públicas e privadas (Hallal, Matsudo, Matsudo, Araújo, Andrade & Bertoldi, 2005; Silva, Rivera, Ferraz, Pinheiro, Alves, Moura & Carvalho, 2005). Esses achados sugerem não haver diferença na qualidade das aulas de Educação Física entre escolas da rede pública ou privada. Outra hipótese é que, havendo diferenças, as aulas de Educação Física não exercem efeito sobre o nível de aptidão física dos indivíduos. No entanto, tais hipóteses precisam ser mais bem exploradas por outros estudos delineados especificamente com este objetivo.

Escolares da zona urbana atingiram um melhor desempenho em todos os testes, exceto no teste de barra modificada. Neste, o número de repetições até foi maior do que os escolares da zona rural, mas não atingiu significância estatística, provavelmente devido à sua grande variabilidade amostral, o que pode ter afetado o poder das análises. Um estudo com escolares do norte gaúcho e oeste catarinense constatou que os rapazes da zona rural possuem aptidão física superior aos da zona urbana (Glaner, 2005). No entanto, no trabalho citado, foram analisados apenas os componentes de aptidão física relacionados à saúde. Por sua vez, outro estudo desenvolvido com escolares de sete a 10 anos do sexo masculino de Portugal encontrou resultados contraditórios, isto é, rapazes da zona urbana atingiram níveis superiores em alguns testes e inferiores em outros (Rodrigues, Bezerra & Saraiva, 2005). Dessa forma, o efeito da localização geográfica sobre o nível de aptidão física ainda não está bem determinado, e pode variar conforme o contexto da população estudada. Além disso, tal efeito pode ser influenciado pelo estado socioeconômico, bem como por outros fatores, tanto ambientais (por exemplo, disponibilidade de espaços públicos para a prática de esportes) quanto sociais (por exemplo, influência dos amigos e pessoas próximas no comportamento relacionado à prática de atividade física).

As variáveis examinadas (sexo, idade, tipo de escola e região geográfica) explicaram cerca de dois terços (65%) da variância no teste de arremesso de "medicine-ball". Para os testes de salto em distância, corrida de 20 metros e quadrado, tais valores ficaram próximos a 50%. Entretanto, quando considerado o desempenho no teste de barra, essas variáveis explicaram apenas cerca de 20% de sua variabilidade. Uma possível explicação consiste na distribuição assimétrica (assimetria à direita) observada para este teste, diferentemente dos demais que apresentaram distribuição próxima da normalidade. Salienta-se, contudo que, mesmo se fosse utilizado um teste não-paramétrico (Kruskall-Wallis, por exemplo) os resultados permaneceriam basicamente os mesmos daqueles apresentados nas tabelas. Logo, optou-se pela utilização de testes paramétricos e pela não-transformação das variáveis para facilitar a compreensão dos achados.

Vale mencionar que um ajuste adicional para o índice de massa corporal (IMC) também foi feito, com o intuito de verificar se o desempenho em cada teste pudesse estar sendo confundido pelo IMC. No entanto, os resultados ficaram muito semelhantes e, portanto, não foram incluídos neste artigo. Isso significa que os achados apresentados neste estudo são independentes do peso e altura de cada indivíduo.

Ressalta-se que o desempenho avaliado refere-se apenas ao escore bruto obtido em cada teste, não tendo sido utilizado nenhum padrão de referência para classificar tais valores. Essa escolha se deu pela diversidade de critérios existentes na literatura e pelo fato de que esses valores normativos mudam de acordo com a população. Dessa forma, optou-se por descrever os valores absolutos de cada teste e compará-los segundo algumas características.

Algumas vantagens do estudo merecem ser destacadas. Primeiro, o método de seleção amostral permitiu que a amostra de jovens selecionados fosse representativa dos escolares do ensino fundamental de Rio Grande, RS. Segundo, a realização dos testes feita geralmente pelo mesmo avaliador (cada examinador ficou responsável pela aplicação de um a dois testes) atenuou a possibilidade de viés de mensuração. Terceiro, foram aplicados testes bem conhecidos e utilizados em várias baterias de aptidão física (AAHPERD, 1976; Committee for the Development of Sport, 1988; Guedes & Guedes, 2002; Welk, Marrow & Falls, 2002).

Dentre as limitações do estudo, estão a não-descrição das perdas, uma vez que estas não foram registradas. No entanto, a equipe que trabalhou na coleta de dados presenciou muito poucas recusas de alunos. A maior parte dos que não puderam participar das avaliações foi porque não trouxeram o termo de consentimento assinado pelos pais ou responsáveis (embora muitos desses demonstrassem interesse em participar). A ausência de uma variável de maturação sexual/biológica também deve ser salientada, uma vez que ela difere entre e dentro de cada gênero e pode influenciar o nível de aptidão física. Outra limitação consiste na ausência da mensuração de um indicador socioeconômico do próprio aluno e de outras variáveis como cor da pele, por exemplo. Cabe ressaltar, contudo, que a prioridade estava na bateria de testes motores e logisticamente a coleta de outras variáveis, mesmo que por meio de questionário, era um tanto complicada logisticamente.

Como recomendações, sugere-se a realização de pesquisas com o mesmo enfoque em outras regiões do Brasil, a fim de testar a consistência dos achados e procurar entender possíveis diferenças. Também se propõem que testes de aptidão física sejam administrados com maior frequência dentro do ambiente escolar, e que os alunos tenham seu desempenho monitorado ao longo do ano letivo pelos professores de Educação Física. Atenção especial deve ser dada aos escolares da zona rural, pois apresentaram desempenho inferior aos seus pares de escolas da zona urbana. No entanto, os resultados obtidos por alunos de escolas públicas e privadas foram muito semelhantes para os testes considerados. O desenvolvimento da aptidão física na infância e na adolescência deve ser estimulado como um meio de melhorar a condição de saúde tanto nesta fase da vida quanto na idade adulta.

 

Agradecimentos

Agradecemos a toda a equipe envolvida no PROESP-BR, em especial ao coordenador do projeto no Rio Grande do Sul, Prof. Adroaldo Gaya. Os autores também agradecem aos diretores e professores das escolas que fizeram parte do estudo, bem como aos alunos e aos seus pais/responsáveis pelo consentimento em participar da pesquisa. O primeiro autor do artigo agradece ao CNPq pelo apoio concedido por meio de bolsa de estudos no momento da redação deste manuscrito.

 

Referências

AMERICAN ALLIANCE FOR HEALTH, PHYSICAL EDUCATION, RECREATION AND DANCE (AAHPERD) . Youth fitness test manual. Washington: AAHPERD, 1976.         [ Links ]

COMMITTEE FOR THE DEVELOPMENT OF SPORT. Handbook for the EUROFIT tests of physical fitness. Rome: Council of Europe, 1988.         [ Links ]

DUMITH, S.C.; AZEVEDO, M.R.; ROMBALDI, A.J. Aptidão física relacionada à saúde de alunos do ensino fundamental do município de Rio Grande, RS, Brasil. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v.14, n.5, p.454-59, 2008.         [ Links ]

GLANER, M.F. Importância da aptidão física relacionada à saúde. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v.5, n.2, p.75-85, 2003.         [ Links ]

_____. Aptidão física relacionada à saúde de adolescentes rurais e urbanos em relação a critérios de referência. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.19, n.1, p.13-24, 2005.         [ Links ]

GUEDES, D.P. Implicações associadas ao acompanhamento do desempenho motor de crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.21, p.37-60, 2007. Número especial.         [ Links ]

GUEDES, D.P.; GUEDES, J.E.R.P. Esforços físicos nos programas de educaçäo física escolar. Revista Paulista de Edu

Exercícios de alongamento previnem mesmo lesões musculares

Posted: 12 Dec 2012 03:13 AM PST

Exercícios de alongamento previnem lesões musculares? Definitivamente não, independente do que muitos ainda acreditem. Aliás, exercícios de alongamento não são apenas um desperdício de tempo, mas mas também podem facilitar a ocorrência de lesões musculares. A antiga idéia de que alongamentos com tempo de 20 a 30 segundos – conhecidos como alongamentos estáticos – está é absolutamente errada. Na verdade, alongar antes de praticar execícios físicos enfraquece os músculos levando-os a uma propenção maior a lesões.

Em um estudo recente realizado na Universidade de Nevada, em Las Vegas, os atletas estudados demonstraram uma capacidade menor de geração de força múscular das extremidades inferiores após o alongamento estático do que aqueles que não fizeram nenhum tipo de alongamento. Outros estudos encontraram que o alongamento muscular diminui em até 30 por cento a força muscular.

Há uma resposta neuromuscular inibitória ao alongamento estático. O músculo alongado torna-se menos reativo e fica enfraquecido por até 30 minutos após o alongamento, o que não é o que um atleta quer antes começar um treino.

O aquecimento correto tem duas funções: relaxar os músculos e tendões para aumentar a amplitude de movimento de várias articulações, e, literalmente, aquecer o corpo. Quando você está em repouso, há menos fluxo sangüíneo para os músculos e tendões, e eles ficam mais rígidos. Um bom programa de aquecimento começa aumentando a temperatura corporal e aumentando o fluxo sanguíneo. Os músculos quando aquecidos, e os vasos sangüíneos dilatados auxiliam na utilização do oxigênio encontrado na corrente sanguínea, e também utiliza o combustível armazenado nos músculos mais efetivamente.

Para elevar a temperatura do corpo, um aquecimento adequado deve começar com uma atividade aeróbica. A maioria dos treinadores e atletas já sabem disso há anos. Mas muitos atletas fazem essa parte do seu aquecimento demasiado intensa ou muito cedo. Um estudo feito em 2002 com jogadores de vôlei colegial, descobriu que aqueles que tinham aquecido e então voltaram a sentar no banco de reservas durante 30 minutos, apresentaram uma rigidez da coluna lombar muito maior do que apresentavam antes do aquecimento. Uma série de estudos recentes também demonstraram que uma rotina de aquecimento muito vigorosa simplesmente só faz você ficar cansado. A maioria dos especialistas aconselham a começar a sua corrida de aquecimento em cerca de 40 por cento de sua freqüência cardíaca máxima (um ritmo muito fácil) e então progredir para cerca de 60 por cento. O aquecimento aeróbico não deve tomar mais que 5 a 10 minutos, um período de recuperação de 5 minutos. (Sprinters requerem uma aquecimento maior, pois as cargas exercidas sobre os seus músculos são extremas.)

Enquanto o alongamento estático ainda é quase universalmente praticado entre atletas ele não melhora a capacidade dos músculos para executar atividades com mais potência. Você pode sentir-se capaz de alcançar mais perto dos chão após a realização de um alongamento dos músculos posteriores da coxa por 30 segundos, levando você a pensar que aumentou a disponibilidade músculo; mas na verdade, você só aumentou a sua tolerância mental para o desconforto do alongamento mas o músculo está na verdade mais fraco.

Alongar os músculos através da realização de movimentos ativos, é uma técnica conhecida como alongamento dinâmico, que aumenta a potência, flexibilidade e amplitude de movimento dos músculos. Os músculos aquecidos com movimento não recebem a mesma resposta insidiosa inibitória exercida pelo aquecimento estático, em vez disso recebem uma mensagem ativadora vinda do cérebro.

Alongamento dinâmico é ainda mais eficaz quando é relativo a esportes específicos. Ė necessário realizar exercícios de amplitude de movimento que ativem todas as articulações e o tecido conjuntivo que serão utilizados no esporte a ser praticado. Os atletas que precisam se mover rapidamente em direções diferentes, como jogadores de futebol, tênis ou basquete, po exemplo, devem fazer alongamentos dinâmicos que envolvem muitas partes do corpo.

Mas existem controvérsias sobre em que medida aquecimentos dinâmicos previnem lesões musculares. Estudos têm sido cada vez mais claros em demonstrar que o alongamento estático antes do exercício só faz pouco ou nada para ajudar. Um estudo publicado este ano pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, constatou que as lesões de joelho foram reduzidas quase pela metade entre jogadoras de futebol colegial, que seguiram um programa de aquecimento que incluiu exercícios de aquecimento dinâmico seguidos de alongamento estático. A maioria das lesões musculares ocorrem durante as contrações musculares dentro da faixa normal de movimento articular, o que levanta dúvidas sobre como aumento na variedade de movimentos pode diminuir o risco de lesões. O alongamento ajuda a manter a amplitude de movimento normal, que é importante, especialmente em pessoas com idade mais avançada.

Alguns estudos têm demonstrado os benefícios do alongamento. A maioria das pessoas que alongam, o fazem incorretamente, geralmente pulando e agachando, o que não aumenta a flexibilidade mas sim aumenta a tendência a lesões. Para alongar corretamente, você deve fazer o movimento lentamente aumentando a amplitude de movimento de uma maneira controlada.

Além disso, o alongamento pode ser prejudicial para os levantadores de peso, especialmente se eles realizam o alongamento logo antes ou entre as séries do treinamento de resistência. O alongamento reduz a resistência à ruptura das fibras musculares e está em contradição com a necessidade de uma forte contração do músculo para vencer a resistência e, assim, atingir o objetivo de fortalecimento.

Um aquecimento de qualidade promove intensidade suficiente para aumentar a temperatura intra abdominal sem causar fadiga ou diminuição no nos níveis e glicogênio nos músculos. Está claro que existem níveis ótimos de aquecimento, e que estes estão relacionados ao tipo de esporte, ao tipo físico do atleta e ao meio ambiente onde se está exercitando.

Conclusão

Se você alongar e, em seguida, fizer algum treinamento intenso, você não obterá bons resultados. Em vez disso, alongue ativamente, se possível utilizando movimentos que imitem os movimentos da atividade física a ser realizada.

O alongamento é essencial para se tornar mais flexível, mas tem que ser feito na hora certa e pelas razões certas. Se você ainda quiser alongar, alongue, mas faça com cuidado e somente depois que você estiver bem aquecido.

Fonte: Dra. Márcia Perretto (www.saúde-bem-estar.com)

 

Referências

Behm, D.G., D.C., and J.C. Butt. Factors affecting force loss with prolonged stretching. Can J Appl Physiol 26(3):261-272. 2001.

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Cramer, J.T., T.J. Housh, J. W. Coburn, T.W. Beck and G.O. Johnson. Acute efffects of static stretching on maximal eccentric torque production in women. J Strenght Condition Res 20(2):354-358. 2006.

Corn well, A., A.G. Nelson, and B. Sidaway. Acute effects of stretching on the neuromechanical properties of triceps surae muscle complex. Eur J Application Physiolol 86(5):428-434. 2002

Evetovich, T.K., N.J. Nauman, D.S. Conley, and J.B. Todd. Effect of static stretching on the biceps brachii on torque, electromyography, and mechanomyography during concentric isokinetic muscle actions. J Strenght Cond Res 17(3):484-488. 2003.

Faigenbaum, A.D., M. Bellucci, A. Bernieri, B. Bakker, and K. Hoornes. acute efffetcs of different warm-up protocols on fitness performance in children. J Strenght Cond Res 19(2):376-381. 2005.

Flexibility: Roundtable. NSCA J 6(4):10-22, 71-73. 1984.

Herbert, R.D. and M. Gabriel. Effects of stretching before and after exercise on muscle soreness and risk of injury: A systemic review. Br Med J 325:468-470. 2002.

Samuel, M.N., Holcomb, W.R., Guadagnoli, M.A., Rubley, M.D., Wallmann, H. Acute effects of static and ballistic stretching on measures of strength and power. J Strength Cond. Res 22(5):1422-1428. 2008

Shrier, I. Stretching before exercise: an evidense based approach. Br J Sports Med 34(5):324-325.2000.

US Department of Health and Human Services. Alternative Warm-up program reduces risk of ACL injuries for female college soccer players.

As aulas de Educação Física na escola são suficientes para obtenção da saúde?

Posted: 11 Dec 2012 07:36 AM PST



Hoje em dia, o cotidiano é muito agitado. Pelo menos em um turno, há aulas; depois, são as tarefas de casa, as aulas de língua estrangeira, a família, as brincadeiras, os amigos, os programas favoritos de televisão, enfim... É bastante coisa para se fazer em um único dia. Assim, com tantos compromissos e tarefas diárias, muitas vezes não sobra tempo para a prática de alguma atividade física. Mas será que essa atividade é mesmo tão importante? Até porque, existe uma matéria dedicada somente a isso.

As aulas de Educação Física escolar realmente objetivam o desenvolvimento pessoal do aluno. Por meio do movimento, são ensinados valores múltiplos que vão desde o desenvolvimento físico, passando pelo caráter lúdico - através dos jogos e brincadeiras -, e atingindo até a conscientização de valores morais, como o respeito e o trabalho em grupo. Entretanto, a principal função das aulas de Educação Física é propiciar aos alunos condições de saúde e qualidade de vida melhores.

No entanto, a freqüência dessas aulas varia de uma a três vezes por semana, dependendo da escola. É muito pouco tempo para que os objetivos sejam atingidos. Por isso, o professor de Educação Física precisa da colaboração do aluno, que deve agir em benefício de sua própria saúde.

O processo deve acontecer da seguinte forma: o professor passa conteúdos variados para os alunos - incluem-se aí os jogos, as atividades pré-esportivas, as brincadeiras, etc. - e os alunos, por sua vez, devem realizar as atividades sugeridas, apreendendo e, principalmente, contribuindo para a melhora de sua saúde. Mas só isso não basta! Os alunos também devem escolher as atividades que mais lhes agradam e procurar complemento para elas fora do horário de aula.

Existem as mais variadas atividades. São recomendáveis as "escolinhas" esportivas - que às vezes são oferecidas pela própria escola -, as escolas de natação e as academias de ginástica. A vantagem desses locais é que, na maioria deles, existem profissionais capacitados na área de Educação Física que garantem a continuidade do trabalho que o professor da escola está desenvolvendo. Mesmo que a opção seja outra atividade, sem a presença de um professor, é importante que ela seja feita sistematicamente. Caminhadas, prática de esportes com os amigos e esportes radicais - skate, surfe, etc. - também são válidos se feitos regularmente.

Conclui-se, portanto, que a Educação Física escolar ajuda bastante na obtenção de saúde, mas ela não é a solução para todos os problemas. Assim, mesmo que o dia-a-dia esteja bastante ocupado, é importante encontrar um "tempinho" para prática de alguma atividade física, o que garante uma vida mais saudável e, conseqüentemente, mais ativa e produtiva.

Estudo reforça elo de esportes de impacto com trauma cerebral

Posted: 11 Dec 2012 02:08 AM PST



A antiga suspeita de que a prática de esportes violentos, que causam frequentes choques na cabeça, pode levar ao desenvolvimento de doenças neurológicas crônicas foi reforçada na semana passada por um amplo estudo que analisou o cérebro de 85 ex-atletas, amadores e profissionais, todos homens e já falecidos, de boxe, artes marciais mistas (MMA), rúgbi e futebol americano —modalidades de contato em que os praticantes sofrem pancadas na cabeça.

No estudo, publicado no jornal de neurologia Brain, pesquisadores da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, encontraram sinais de encefalopatia traumática crônica (ETC) em 68 cérebros (80% dos casos). Desses, 64 eram de atletas, todos homens entre 17 e 98 anos de idade, com histórico de choques cranianos repetidos. Havia 50 jogadores de futebol americano (33 com passagem pela NFL, a liga profissional dos EUA), 8 boxeadores, 5 jogadores de hóquei no gelo (4 profissionais) e 1 lutador de wrestling (luta de solo). A ETC costuma aparecer em atletas aposentados e causa degeneração de células do cérebro (mais informações nesta página).

São quatro níveis de consequências: cognitivas com demência (perda de atenção e memória), motoras (tremores, descoordenação, rigidez) e psiquiátricas (irritabilidade, euforia, agressividade, paranoia). O quadro e a intensidade dos sintomas variam de acordo com a quantidade de traumas e o tempo de carreira. Há casos de depressão e suicídio. O estudo não determinou o porquê de outros atletas com histórico de choques no crânio não terem desenvolvido a ETC.

Pesquisadores como o neurocirurgiões da UFRJ Paulo Louzada e Charles André, da Academia Brasileira de Neurologia, concordam que tais atletas estão expostos a probabilidade maior e podem antecipar quadros de demência — mais comuns na faixa dos 65 anos. Renata Areza, neurologista da USP, explica:

— Tomografia e ressonância magnética não detectam as alterações. É preciso fazer exames clínicos, neurológicos e cognitivos para apontar a probabilidade de o esportista estar com ETC. A comprovação só costuma ser feita com análise do cérebro doado após a morte.

Alertas 

Pugilistas não têm informações claras sobre a ETC. É comum ouvir relatos de boxeadores lesonados, com olhar perdido e dificuldade na fala. A Confederação Brasileira de Boxe determina, em casos de nocaute, afastamento de 30 a 120 dias e submissão a teste neurológico e cognitivo. Os demais atletas devem fazer exame de tomografia — incapaz de detectar a ETC.

Bernardino Santi, médico da entidade, questiona a representatividade dos estudos sobre lesões cerebrais associadas ao esporte:

— Não tem hoje estatística que comprove que todos os atletas, ou a maioria deles, tem lesão de cérebro por causa do boxe. Depende muito da qualidade técnica do atleta.

Médica da Confederação Brasileira de MMA, Vanessa Resende estuda adotar no País, em dois anos, teste cognitivo para atletas que sofreram choque cerebral com perda de consciência. O ImpactTest, comercializado nos EUA, é usado por times de futebol americano. Lá, jogadores processaram a NFL por causa das doenças decorrentes das pancadas. Este ano, o órgão regulador do esporte no país criou um programa de segurança para crianças — cujo foco é o fundamento de manter a cabeça erguida, evitando choques.

Mas o uso de protetor de cabeça não é obrigatório, diz José Eduardo Moraes, preparador físico da Confederação Brasileira de Rugby.


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