Notícias da Educação Física |
- Benefícios da corrida pra quem quer emagrecer
- Postura e conduta técnica do treinador de basquetebol: o treinamento
- Para obter benefícios a caminhada deve ter um ritmo certo
- Terapia gênica, doping genético e esporte: fundamentação e implicações para o futuro
Benefícios da corrida pra quem quer emagrecer Posted: 27 Sep 2012 03:46 AM PDT Não é novidade que a prática de exercícios físicos traz inúmeros benefícios à saúde e melhora a qualidade de vida. Com a corrida não é diferente. Essa prática não requer equipamentos especiais e nem pagamentos mensais em academias. Basta você colocar um tênis apropriado, roupas leves e adquirir uma garrafinha de água! Um esporte fácil que pode ser praticado ao ar livre, e é um grande aliado da saúde. A Personal Trainer Alice Naletto explica quais benefícios a corrida proporciona ao nosso organismo: - Melhora o sistema cardiovascular- O coração se fortalece conseguindo bombear a mesma quantidade de sangue com menos batidas. Melhora a circulação sanguínea e as veias e artérias se tornam mais elásticas. - Exercício que mais emagrece - Pois é uma atividade onde há muita utilização da gordura para que se consiga correr de forma moderada. - Fortalece a musculatura em geral- Ao correr, temos que fazer força com as pernas e braços, além disso, o abdome e a musculatura das costas precisam trabalhar para equilibrar o corpo. - Aumenta o metabolismo - O organismo passa a gastar mais calorias com a prática regular da corrida. - Estimula à prática de hábitos saudáveis- A pessoa passa a parar de fumar em muitos casos, se alimentar e dormir melhor. - Aumenta a resistência ao esforço- A pessoa não vai mais ficar tão cansada ao realizar as atividades do dia a dia. - Estimula o convívio social- Hoje em dia muitas pessoas correm e participam de provas, isso faz com que haja uma integração social dos participantes e um vinculo de amizade. É muito importante que a pessoa tenha orientação de um profissional de Educação Física, só ele poderá ministrar os treinos na intensidade e volume adequados para que se consigam os resultados esperados. Antes de iniciar a corrida, é preciso atenção para alguns cuidados: proteja a pele usando um protetor para as áreas expostas ao sol, incluindo aí as orelhas e parte de trás do pescoço. Use boné e óculos escuros. Além disso, procure um local em que não tenha tráfego de automóveis intenso, pois há o risco de atropelamento e também a inalação dos gases produzidos por eles. Procure parques ou ruas tranquilas, sem muito relevo. Não se esqueça de levar água ou isotônico para hidratação. Os resultados da corrida são rápidos. "Podemos notá-los logo depois de 1 mês de prática. Emagrecimento, melhora da resistência muscular e fôlego, além de modelar o corpo e eliminar aquelas gordurinhas indesejadas", ressalta a personal trainer. |
Postura e conduta técnica do treinador de basquetebol: o treinamento Posted: 27 Sep 2012 03:44 AM PDT Para programar um treinamento é necessário saber o número total de jogadores que vão participar da atividade, com o objetivo de preparar os exercícios adequados. Em todo treinamento devemos ter um sistema, uma ordem e um método a fim de conseguirmos o que desejamos. Temos que propor objetivos individuais e coletivos difíceis para que haja superação, mas possíveis de alcançar. Todo treinamento deverá estar por escrito com a definição do tempo e de todas as atividades e exercícios que serão desenvolvidos. Não possuir uma programação com o tempo determinado para cada exercício, pode resultar em se prolongar uns exercícios e ter que encurtar outros. Esta programação deverá levar em consideração o desempenho da equipe, se o exercício não estiver rendendo deverá ser modificado e em caso de estar tendo um rendimento muito bom o treinador deverá aproveitar o bom momento e seguir com mo exercício. Este registro é de grande importância para analisar o que foi atingido e o que precisa ser reformulado. É como se cada dia um desafio fosse proposto, e o treinamento do dia seguinte vai depender das respostas apresentadas pela equipe. É importante que a programação da semana seguinte seja afixada em local visível, sempre ao final do último treino da semana, para que os atletas tenham conhecimento do que irá acontecer. Exercícios O treinador deve escolher os exercícios mais adequados para cada objetivo. Os exercícios devem colocar em ação o maior número de atletas para que os jogadores não se distraiam ou relaxem, exceto quando esteja programado. O que a equipe necessita é praticar e repetir para adquirir hábitos. Utilizar exercícios variados, mas com o mesmo objetivo para evitar aborrecimento por parte dos atletas e monotonia. Empregar exercícios que interessem aos jogadores por sua novidade, dificuldade e originalidade, e que incluam elementos do jogo aproximando o máximo possível da realidade que será encontrada. Utilizar explicações breves e claras destacando todos os objetivos relacionados com a tarefa que será desenvolvida. Não especificar posições (armador, lateral e pivô) fazendo com que todos os jogadores executem todos os exercícios e passem por todas as posições, pois como estamos trabalhando com atletas em pleno crescimento e desenvolvimento não sabemos quais serão suas qualidades físicas no futuro. Para desenvolvimento dos exercícios utilizar as seguintes técnicas de ensino:
Algumas pessoas aprendem ouvindo, outras vendo, lendo, fazendo, ou mesmo da mistura de duas ou três maneiras de se aprender. Entenda as dificuldades de cada atleta e utilize todos os recursos necessários para transmitir o conteúdo dos treinamentos. Por isto, o treinador deverá utilizar todas as formas possíveis para facilitar o entendimento dos atletas:
Ter um controle quanto à presença dos jogadores nos treinamentos bem como apresentar relatórios mensais, semestrais e anuais mesmo que não sejam solicitados pela entidade. Todo jogador, de qualquer faixa etária, observará no treinador o seu profissionalismo e dedicação que presta a sua equipe, aumentando sua confiança nele. Tenha sempre em mente: COMO TREINAS, JOGARÁS! Atitudes durante o treinamento O treinador deverá dedicar especial atenção à pontualidade para que possa exigir o mesmo de todos os componentes da equipe. Ao início do treino deverá reunir todo o grupo e comunicar um resumo do que irá ocorrer e quais são os objetivos principais daquele treinamento. Criar um clima de competição durante as sessões o que com certeza levará a uma melhoria da equipe. Durante todo o treinamento o treinador deverá manter o seu foco na atividade, portanto quando chegar no ginásio um amigo ou um diretor falar apenas o necessário, se for o caso. Manter o celular desligado e em caso de necessidade de mantê-lo ligado comunicar ao grupo a razão e em que condições irá atendê-lo. Ao terminar o treinamento, reunir o grupo e obter feedback das atividades, para saber se as atividades propostas atenderam às expectativas do grupo. |
Para obter benefícios a caminhada deve ter um ritmo certo Posted: 27 Sep 2012 03:41 AM PDT A caminhada é um dos métodos mais fáceis e simples de se exercitar. Além de ser eficaz para perda de peso esse exercício contribui para a diminuição do colesterol ruim, redução da pressão sanguínea, dos riscos de doenças cardíacas, osteoporose, diabetes e do estresse. Mas para que a caminhada faça efeito é necessário que o ritmo e a frequência sejam corretos e isso muda de pessoa para pessoa. O melhor profissional para orientar nesse momento é o educador físico, por isso o curso de Educação Física da UNIGRAN vem realizando orientações de caminhada nos principais pontos da cidade. Na última semana os acadêmicos estiveram na praça do Parque Alvorada. "O objetivo é orientar as pessoas quanto aos efeitos que a caminhada pode proporcionar. Orientamos quanto a frequência a intensidade e a duração da caminhada. A princípio todas as pessoas podem caminhar só que tem que ter orientação do profissional pois existem fatores de risco que devem ser obedecidos", afirma Carlos Muchão Castilho, coordenador do curso. Conforme Muchão para saber se as pessoas podem ou não fazer a caminhada, ou de que forma podem fazer, os estudantes realizam um protocolo, "é feito uma pequena anamnese, ou seja, uma entrevista, para ver se a pessoa se classifica em determinados fatores de risco. E quando há fator temos que fazer uma parceria com outros profissionais", explica o coordenador. A acadêmica do 8º semestre, Daiana Vanessa Kottwitz, complementa, "aferimos a pressão cardíaca e usamos o frequencímetro para determinarmos o ritmo da pessoa. Independente da idade seja adolescente, idoso, obeso, hipertenso ou gestante em todos é realizado o mesmo procedimento". Daiana ainda esclarece, "geralmente muitos vem para caminhada e faz errado, não pode ultrapassar a zona alvo, porque pode dar uma parada cardíaca. Mas também não pode andar muito devagar, sem alcançar a frequência, porque então não terá benefício nenhum, a não ser a perda de peso". Após adoecer e também pelo excesso de peso o funcionário público Silvio Dias iniciou a caminhada a pouco mais de um ano. Silvio perdeu 18 quilos e sente os benefícios do exercício, "minha dor de cabeça sumiu, melhorou meu sono, e tenho melhor disposição", conta. Marta Vieira é dona de casa e retomou a caminhada a um ano, "voltei a caminhar porque estava me sentindo um pouco "enferrujada", tenho me sentido mais flexível e com menos dores nas pernas e no pé", expõe. A dona de casa descobriu durante a orientação dada pelos estudantes que tem caminhado de forma errada, "quando eu chego na parte da descida eu dou uma corrida, e nessa corrida aumentou muito os batimentos cardíacos, então eles me instruíram para que eu apenas caminhasse normal", conclui. |
Terapia gênica, doping genético e esporte: fundamentação e implicações para o futuro Posted: 27 Sep 2012 03:40 AM PDT
INTRODUÇÃO A terapia gênica é uma área de investigação bastante recente em biomedicina que vem apresentando muitos avanços nos últimos anos. Acredita-se que a terapia gênica represente uma possibilidade de tratamento efetivo para diversas doenças cujos tratamentos são pouco eficazes e/ou restritos aos sintomas(1-7). Ainda em estágio de caráter eminentemente experimental, há problemas na aplicação da terapia gênica, sendo o controle dos riscos um dos mais importantes(7-11). Apesar disso, estudos em modelos animais(2,12-15) e também alguns estudos em humanos(1,6-7,16-19) têm apresentado resultados promissores. Lesões decorrentes da prática esportiva constituem um dos principais fatores de abandono precoce da carreira esportiva, de afastamento prolongado de treinos e competições, e de queda no rendimento, podendo até mesmo acarretar em limitações funcionais em idades mais avançadas(20). Soma-se a isso o fato de a maioria das lesões esportivas envolverem tecidos de difícil regeneração, como tendões, ligamentos e cartilagens(17,21). A terapia gênica poderia, portanto, ter uma aplicação muito importante no contexto esportivo, permitindo, entre outras aplicações, a reconstituição de tecidos lesionados. Entretanto, esse tipo de tratamento pode ter um potencial risco de uso indevido por atletas que procuram melhorar o desempenho físico, como ocorre no esporte de alto nível. O uso indevido dessa terapia é denominado doping genético e tem alimentado um debate científico-acadêmico cuja importância vem crescendo em medicina esportiva e ciências do esporte(21-27). Em 2001 houve um dos primeiros debates oficiais sobre o doping genético, em um encontro do Gene Therapy Working Group promovido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI)(21). Nesse encontro o comitê declarou que a terapia gênica, além da sua importância no tratamento e prevenção de doenças, tem grande potencial para uso indevido nos esportes, e que formas de detecção do doping genético devem ser desenvolvidas e aplicadas. No início de 2003 o doping genético entrou para lista dos métodos proibidos pelo COI. Em 2004, a editora chefe da revista Molecular Therapy publicou em editorial que, se nas Olimpíadas de Atenas (2004) histórias de doping genético possam ter sido apenas ficção científica, em Pequim (2008) possivelmente não mais serão(23). Até o presente momento não há registro de nenhum caso de atleta que tenha feito uso de manipulação genética. Por outro lado, considerando que ainda não existem meios de controle e detecção do doping genético, e que, teoricamente, já é possível empregar essa técnica em seres humanos e outros animais, não se pode afirmar categoricamente que nenhum atleta já não o tenha experimentado. Diante disso, o objetivo deste trabalho é apresentar os fundamentos da terapia gênica, assim como suas aplicações e implicações para o meio esportivo, contribuindo com esse importante debate no cenário nacional. Para tanto, realizamos uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados Medline e Sport Discus com as palavras chaves gene transfer and sport, gene doping, gene therapy e gene therapy and sport. Os artigos encontrados foram selecionados quanto à originalidade e relevância para a discussão aqui apresentada, considerando-se o rigor e adequação do delineamento experimental, o número amostral, e a análise estatística. Artigos não indexados nessa base de dados também foram consultados quando citados pelos artigos obtidos na busca original e, atendendo aos critérios acima mencionados, foram incluídos.
TERAPIA GÊNICA A terapia gênica pode ser definida como um conjunto de técnicas que permitem a inserção e expressão de um gene terapêutico em células-alvo que apresentam algum tipo de desordem de origem genética (não necessariamente hereditária), possibilitando a correção dos produtos gênicos inadequados que causam doenças. O material genético inserido nas células do paciente pode gerar a forma funcional de uma proteína que, devido a alterações estruturais no seu gene, é produzida em pequenas quantidades ou sem atividade biológica. É possível também regular a expressão de outros genes, ativá-los ou inativá-los(17,28-29). A inserção do gene terapêutico pressupõe sua introdução por meio de vetores de transferência que sejam capazes de reconhecer as células-alvo. Há vários sistemas de inserção de material genético in vivo. Os vetores virais são os mais comuns (sendo os retrovírus e adenovírus os mais utilizados), mas outros tipos de vetores não-virais também têm sido utilizados, como lipossomas e macromoléculas conjugadas ao DNA(6,28,30). A injeção do material genético diretamente no tecido-alvo também é uma maneira de realizar a terapia gênica sem o uso de vírus(6,28,30). Há também o sistema de terapia gênica ex vivo, no qual células do próprio paciente são retiradas por meio de biópsia, modificadas e reimplantadas no paciente, de modo que o gene terapêutico é inserido fora do organismo do paciente(28). Antes de serem introduzidos no paciente, os vírus usados como vetores sofrem várias alterações genéticas, de modo que o gene terapêutico é inserido, enquanto diversos outros genes que lhe conferem virulência são retirados ou inativados(6,28,30). Assim, ao se ligar e invadir a célula-alvo, os vetores virais injetam seu material genético contendo o gene terapêutico no DNA do paciente, possibilitando a transcrição e tradução do gene para sua proteína funcional correspondente, ou então utilizam a maquinaria molecular da célula hospedeira para expressar seus genes. Haisma e Hon(21) afirmam que cerca de 3.000 pacientes já receberam algum tipo de terapia gênica. Diversas doenças foram tratadas, incluindo disfunções endoteliais, hemofilia, imunodeficiência e diversos tipos de cânceres(6,18-19,31-32). De modo geral a terapia gênica tem trazido bons resultados, e seus efeitos colaterais parecem ser reduzidos a um número pequeno de pacientes, o que é indicativo animador da segurança do tratamento. De qualquer forma, os cuidados que devem ser tomados com esses procedimentos, bem como os testes de certificação da segurança das preparações são inúmeros e muito rigorosos, o que torna o tratamento extremamente caro(21). Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, há ainda muitas dúvidas a respeito dos efeitos colaterais da terapia gênica. A introdução de organismos geneticamente modificados gera grande incerteza, especialmente se for levado em conta o potencial mutagênico dos vírus(22). Além disso, os efeitos menos conhecidos dizem respeito à expressão em longo prazo dos genes introduzidos e à falta de controle da expressão de tais genes(21). Outro ponto muito importante é a possibilidade (ainda que pequena) de modificação não apenas das células somáticas, mas também das germinativas(21). Entretanto, não há dúvidas de que o principal problema que a terapia gênica enfrenta no atual estágio de desenvolvimento é a elevada capacidade imunogênica dos vetores virais introduzidos no paciente, o que pode ser importante fator de complicação decorrente do tratamento(7,9-11). Ainda que vetores não virais sejam alternativa interessante de tratamento, eles também apresentam problemas de eficácia, toxicidade e resposta inflamatória(29).
DOPING GENÉTICO De acordo com a definição de 2004 da World Anti-Doping Agency (WADA), doping genético é o uso não terapêutico de células, genes e elementos gênicos, ou a modulação da expressão gênica, que tenham a capacidade de aumentar o desempenho esportivo(24). Ainda que esteja sendo desenvolvida com o propósito de tratar doenças graves, a terapia gênica, assim como diversas outras intervenções terapêuticas, tem grande potencial de abuso entre atletas saudáveis que queiram melhorar o desempenho. A história tem mostrado que atletas são capazes de ignorar diversos riscos na busca de ultrapassar seus limites competitivos(33). A exemplo de fármacos de efeitos colaterais desconhecidos, é muito provável que atletas submetam-se à terapia gênica para fins de ganho no desempenho competitivo mesmo sabendo que existem riscos conhecidos e que também existem riscos que ainda são desconhecidos(21). Considerando que a terapia gênica está apenas em estágio inicial de desenvolvimento e que, teoricamente, os atletas ainda não fazem uso desse tipo de estratégia ergogênica, pode-se apenas comentar sobre os genes que são candidatos importantes ao uso indevido no meio esportivo. São eles: eritropoetina, bloqueadores da miostatina (folistatina e outros), vascular endothelial growth factor (VEFG), insulin-like growth factor (IGF-1), growth hormone (GH), leptina, endorfinas e encefalinas, e peroxissome proliferator actived receptor delta (PPARd)(21,34). Eritropoetina A eritropoetina é uma proteína produzida nos rins cujo principal efeito é o estímulo da hematopoese(25). Logo, uma cópia adicional do gene que codifica a eritropoetina resulta no aumento da produção de hemácias, de modo que a capacidade de transporte de O2 para os tecidos é aumentada. Esse tipo de doping seria, portanto, especialmente ergogênico para atletas de endurance. Pesquisas com ratos e macacos conseguiram com sucesso transferir uma cópia adicional do gene da eritropoetina(12,25-26), sugerindo que esse tipo de doping já seja factível. Entretanto, é muito provável que a super-expressão de eritropoetina tenha efeitos prejudiciais importantes em pessoas saudáveis, haja vista que foi observada uma elevação muito acentuada do hematócrito de macacos (de 40% a aproximadamente 80%)(12). Isso obviamente pode representar um risco sério de comprometimento da função cardiovascular, incluindo dificuldade de manutenção do débito cardíaco e da perfusão tecidual, devido ao substancial aumento da viscosidade sanguínea. Além disso, foi relatada anemia grave em alguns animais por causa de uma resposta auto-imune à transferência do gene extra(35). Esses relatos levantam sérias dúvidas quanto à real possibilidade de uso da transferência do gene da eritropoetina em atletas. Bloqueadores da miostatina A miostatina é uma proteína expressa na musculatura esquelética tanto no período embrionário quanto na idade adulta. Sua ação consiste em regular a proliferação dos mioblastos durante o período embrionário e a síntese protéica na musculatura esquelética durante e após o período embrionário(36-39). Em algumas raças de bois, observa-se crescimento incomum da musculatura de alguns animais (fenômeno conhecido por double muscling). Há poucos anos foi verificado que esses animais apresentavam mutações no gene da miostatina, de modo que se formava uma proteína não funcional, o que demonstrou que a miostatina inibia o crescimento da musculatura esquelética(40-41). Recentemente foi descrito o caso de uma criança que apresentava fenótipo semelhante ao double muscling. Foi observado que essa criança também tinha deleções no gene da miostatina(39). Lee e McPherron(37), utilizando modelos de ratos transgênicos, concluíram que a super-expressão de bloqueadores da miostatina, tais como folistatina, leva ao mesmo fenótipo de double muscling. A miostatina inibe tanto a hiperplasia quanto a hipertrofia muscular, sendo que o ganho de massa muscular decorrente do bloqueio da miostatina se dá principalmente pelo aumento no número de fibras musculares(37). Em vista disso, acredita-se que o bloqueio da sinalização da miostatina seja um dos candidatos de maior potencial de abuso no esporte, já que o ganho de massa muscular pode ser decisivo em diversas modalidades esportivas. Contudo, a utilização de bloqueadores da miostatina como recurso ergogênico talvez ainda esteja um pouco distante, já que os estudos com bloqueio da miostatina envolveram animais transgênicos, ou seja, que não produziam a proteína desde o início do desenvolvimento. Não se sabe, portanto, quais são exatamente os efeitos quando o bloqueio ocorre apenas na idade adulta, período em que não se observa aumento no número de fibras musculares. Outra questão importante diz respeito à possibilidade de expressão dos genes inibidores da miostatina em outros tecidos musculares, como os lisos e o cardíaco. Apesar desse risco não ser muito alto, uma vez que os animais do estudo de Lee e McPherron(37) expressaram os transgenes apenas na musculatura esquelética, não se pode descartar essa hipótese, considerando que não há dados na literatura sobre transferência vetorial desses genes e que envolvam seres humanos. VEGF O VEGF (ou fator de crescimento do endotélio vascular) é uma proteína que desempenha importante papel no crescimento do endotélio vascular, na angiogênese e vasculogênese(18-19). A terapia gênica com VEGF é uma das poucas já utilizadas em seres humanos. A introdução do gene que codifica a VEGF em pacientes com disfunção endotelial responsável por quadros de doença arterial coronariana e doença arterial periférica tem produzido bons resultados, com formação de novos ramos vasculares(18-19). Em atletas, a inserção vetorial do VEGF poderia produzir vasculogênese. Dessa maneira, o fluxo sanguíneo para todos os tecidos seria aumentado, assim como sua oxigenação e nutrição. Considerando que isso ocorra em tecidos como a musculatura esquelética e a cardíaca, pode-se esperar aumento da produção energética, diminuição da produção de metabólitos e o retardo da fadiga. Atletas de endurance seriam, teoricamente, os mais interessados na terapia gênica com inserção do VEGF(21). Uma vez que esse tipo de terapia já está sendo utilizado em seres humanos com fins terapêuticos, o doping genético envolvendo o VEGF já poderia ser empregado atualmente de maneira ilícita para melhorar o desempenho esportivo. IGF-1 e GH Em animais de experimentação, a introdução por vetor de adenovírus do gene que codifica a proteína IGF-1, e sua conseqüente super-expressão, aumenta a síntese protéica na musculatura esquelética. Isso foi observado tanto em animais que foram submetidos ao treinamento de força quanto em sedentários. Quando a introdução do gene extra IGF-1 foi combinada com o treinamento de força, a hipertrofia e o desenvolvimento da força foram maiores do que os observados em animais que apenas treinavam força (e não super-expressavam IGF-1) e nos que apenas super-expressavam IGF-1 (e não treinavam força)(13). Pode-se dizer, então, que a super-expressão de IGF-1 pode potencializar em grande magnitude as respostas musculares ao treinamento físico, em especial ao treinamento de força. Em vista do sucesso obtido em estudos com animais e da aparente segurança da terapia gênica com IGF-1, é possível que dentro de poucos anos ela já seja factível em humanos. Isso, obviamente, poderá ser utilizado por atletas que buscam melhorar seu desempenho, mas poderá ser também utilizado por pessoas portadoras de doenças musculares graves, como a distrofia muscular de Duchenne e outras. Teoricamente o doping genético com GH levaria a efeitos bastante semelhantes aos produzidos por IGF-1, haja vista que a ação do GH é mediada pelo próprio IGF-1. Portanto, pode-se esperar que o doping genético com GH produza ganhos de força e hipertrofia muscular. É provável que os riscos envolvidos com a inserção do gene do GH e do IGF-1 estejam relacionados com o desequilíbrio do eixo hipotálamo-hipofisário e principalmente com o aumento da chance de ocorrência de neoplasias diversas. Há também o risco da super-expressão do GH levar a glomerulosclerose, o que já foi demonstrado em modelos animais(42). Leptina A leptina, hormônio peptídico produzido principalmente no tecido adiposo cuja principal ação está relacionada ao controle da sensação de fome e saciedade, redução do consumo alimentar e conseqüente perda de peso(43), também é um candidato para abuso como doping genético(22). Em 1997 um estudo demonstrou que a introdução do gene leptina por vetor viral produzia significativa perda de peso em ratos(14). Em contrapartida, talvez o mesmo fenômeno não seja observado em humanos, já que indivíduos obesos, os quais apresentam elevada concentração plasmática de leptina, não têm apetite reduzido(44). Essa resistência à ação da leptina pode representar importante obstáculo para a terapia gênica com esse hormônio. Além disso, diferentemente dos modelos animais, o comportamento alimentar humano depende também de outros fatores (nutricionais, psicológicos, sociais e culturais). Endorfinas e encefalinas As endorfinas e encefalinas são peptídeos endógenos de atividade analgésica. O uso da terapia gênica com os genes da endorfina e encefalina poderia, portanto, melhorar o desempenho esportivo pela diminuição da sensação de dor associada a algum tipo de lesão, fadiga ou excesso de treinamento(21). Isso, teoricamente, permitiria que atletas treinassem mais, ou evitaria seu afastamento temporário de treinos e competições por pequenas lesões. De fato, as drogas analgésicas estão entre as mais consumidas por atletas(21), o que indica o possível interesse pela inserção desses genes. Estudos em animais demonstraram que esse tipo de terapia gênica foi capaz de diminuir a percepção de dor inflamatória(15). Entretanto, devido à grande carência de informações na literatura, é provável que o doping genético envolvendo endorfinas e encefalinas ainda esteja longe de realmente acontecer(21). PPAR-d As proteínas da família dos PPARs atuam como fatores de transcrição de genes envolvidos no metabolismo de carboidratos e lipídeos. Primeiramente elas foram descobertas desempenhando papel na síntese de peroxissomos, e por esse motivo foram denominadas de peroxissome proliferator-actived receptors(45). Existem diversas proteínas PPAR, mas a que apresenta, pelo menos do ponto de vista teórico, maior potencial para abuso em doping genético é a PPAR-d(34). A PPAR-d é uma proteína reguladora-chave do processo de oxidação de lipídeos. Atuando no fígado e no músculo esquelético, ela estimula a transcrição de diversas enzimas que participam da b-oxidação(46). A PPAR-d também está relacionada com a dissipação de energia na mitocôndria que ocorre por meio das proteínas desacopladoras, de modo que sua ação leva à diminuição da produção de energia. Como resultado, a PPAR-d diminui a quantidade de tecido adiposo, reduz o peso corporal e aumenta a termogênese(46). Essa é, portanto, uma das justificativas para o possível interesse de atletas em usar doping genético com PPAR-d. A melhora na oxidação lipídica, além de reduzir a adiposidade (efeito que despertaria o interesse de atletas de quase todas as modalidades esportivas), preservaria os estoques de glicogênio, aumentando o tempo de tolerância ao esforço(47) e provavelmente o desempenho em provas de resistência. Outro motivo para o possível interesse em utilizar o PPAR-d como doping genético é o seu provável papel na conversão de fibras musculares do tipo II em fibras do tipo I(48). Portanto, atletas cujas modalidades não dependem da força, mas exigem que eles se mantenham com baixo peso e baixo percentual de gordura (como maratonistas, ginastas, patinadores e outros) seriam potencialmente os mais interessados na transferência do gene PPAR-d.
TERAPIA GÊNICA EM ATLETAS Além do potencial interesse pelo uso da terapia gênica como forma sofisticada e indetectável de doping, atletas poderiam beneficiar-se das técnicas de transferência de genes como qualquer outra pessoa cujo quadro clínico imponha tal necessidade. Conforme mencionado anteriormente, as técnicas genéticas de reconstrução de tecidos lesionados poderiam ser largamente utilizadas no meio esportivo para o tratamento e reabilitação de lesões(21). A transferência de genes que codificam fatores de crescimento poderia facilitar e potencializar o tratamento de lesões ósteo-músculo-articulares que atualmente requerem cirurgias e longo período de reabilitação(17). Uma questão muito importante sobre a relação da terapia gênica com o esporte foi levantada em 2006 por Haisma e Hon(21). Segundo a definição da WADA, o uso não terapêutico de técnicas de transferência de genes que possam melhorar o desempenho esportivo é considerado doping e, portanto, proibido. Tal definição, apesar de clara, não contempla diversas possibilidades, como também não menciona as conseqüências do direito dos atletas de usar a terapia gênica. Por exemplo, uma pessoa que sofra de alguma distrofia muscular ou anemia grave poderia se tornar atleta após o uso terapêutico da transferência de genes como IGF-1, folistatina ou eritropoetina? Ou então, um atleta que necessite de terapia gênica e que em decorrência do tratamento adquira alguma vantagem competitiva, poderia continuar competindo? Pela definição poderia, mas tal permissão esbarra nas questões éticas e morais que dão toda a base para a proibição do doping. Sem dúvida, o debate dessas e outras questões sobre a terapia gênica e o esporte precisa ser intensificado, de modo que se coíbam abusos sem que o direito de uso terapêutico por atletas que necessitem da terapia gênica seja prejudicado.
RISCOS ASSOCIADOS AO DOPING GENÉTICO Para avaliar os riscos envolvidos com o doping genético, é preciso primeiramente conhecer os riscos da terapia gênica. Sabe-se que uma das principais preocupações da terapia gênica é a utilização de vírus como vetor. Apesar dos rigorosos controles em todas as etapas de preparação dos vírus geneticamente modificados, existe o risco do vírus provocar respostas inflamatórias importantes no paciente, embora esse seja um dos assuntos sobre os quais mais se tem buscado soluções(7-11,29). A chance do gene ser introduzido erroneamente em células germinativas, apesar de muito baixa, deve também ser considerada como um risco inerente ao procedimento. Outro problema relacionado ao vetor viral é a capacidade de mutação e replicação que ele poderia ter(49), especialmente se houver falhas em sua preparação, o que pode ser comum em laboratórios "clandestinos" que se disponham a realizar doping genético(21). Além disso, há também os riscos não relacionados ao vetor, mas aos efeitos do gene inserido, como o aumento da viscosidade sanguínea pela super-expressão de eritropoetina(12), ou o aumento da chance de ocorrer neoplasias pela super-expressão de fatores de crescimento. A falta de controle sobre a expressão do gene inserido pode, de forma semelhante, representar um risco da terapia. Os riscos específicos de cada gene são menos previsíveis do que os riscos gerais inerentes à técnica de transferência genética, es |
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