EDUCAÇÃO FÍSICA DO PROFESSOR WILLIAM PEREIRA

Este blog é a continuação de um anterior criado pelo Professor William( http://wilpersilva.blogspot.com/) que contém em seus arquivos uma infinidades de conteúdos que podem ser aproveitados para pesquisa e esta disponível na internet, como também outro Blog o 80 AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA (http://educacaofisica80aulas.blogspot.com/ ) que são conteúdos aplicados pelo Professor no seu cotidiano escolar.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Notícias da Educação Física

Notícias da Educação Física


Futebol: iniciação esportiva na escola

Posted: 10 Sep 2012 03:21 AM PDT

Introdução

    A atividade esportiva é extremamente importante para o desenvolvimento físico, social e mental e este desenvolvimento é imprescindível na infância, fase onde ocorrem as principais abstrações da criança. No ambiente escolar, a criança pode se sentir mais solta e realiza atividades em grupo, voltadas para seu desenvolvimento intelectual e social. No contato direto com outras crianças, ela pode aprender a desenvolver-se socialmente, aprender a lidar com o próximo e principalmente a atuar na sociedade.

    Quando se fala em iniciação esportiva, não se está referindo apenas ao desenvolvimento de aulas de educação física, nas quais todas as modalidades de esporte são ensinadas. A iniciação esportiva acontece no momento em que as atividades esportivas são vividas e presenciadas pelo aluno que, passa a ter aquela atividade como ação cotidiana.

    Acredita-se que para que um aluno esteja apto a participar de uma iniciação esportiva na escola, o professor deve ter embasamento teórico e prático, conhecer as fases de desenvolvimento da criança, bem como saber da importância que este processo tem no próprio desenvolvimento social, físico e cognitivo da criança.

    Portanto, realizar uma iniciação esportiva na escola, com crianças de 1ª a 4ª série (2º a 5º ano) do ensino fundamental é possibilitar o seu crescimento pessoal.

    Através da prática esportiva, as crianças são submetidas às situações reais de convivência interpessoal, de respeito ás regras do futebol, de respeito ao próximo, de situações de ganho ou de perda do jogo, ou seja, possibilita a criança se desenvolver emocionalmente.

    Para tanto, como já foi falado, é necessário que o professor seja sempre incentivado à formação contínua e preparo teórico para lidar com a situação de treinador. Isto porque é ele quem estará em contato direto com o aluno e perceberá seu desenvolvimento, suas conquistas e suas dificuldades.

    Sendo assim, para compreender a criança, também é importante a interação com os pais. Isto porque são os pais, os responsáveis pelo provimento das características morais e sociais da criança, além de serem responsáveis por fornecer características que irão compor a personalidade da criança. No período da infância, e interessante a presença dos pais, pois elas têm a necessidade de serem observadas e incentivadas não apenas pelos professores, mas pelos pais também. Principalmente pelos pais.

    Para tanto, será destacado como o futebol possibilita o desenvolvimento das crianças em diversos aspectos. Mas, deve existir um preparo dos professores para a realização de tal atividade. Sendo assim, destaca-se neste trabalho monográfico que é função da escola auxiliar na formação física, mental, social e cognitiva da criança e também é perceptível que tal crescimento é essencial para a formação de um cidadão na sociedade.

    As aulas de Educação Física são conhecidas por desenvolver o aspecto físico da criança. Mas, aceitar é conceito é ultrapassado. Isto porque já está comprovado que através das atividades físicas, conceitos como regras, convivência, desenvolvimentos do aspecto emocional e social são trabalhados.

    Portanto, como o professor de Educação Física poderá iniciar seus alunos na prática esportiva do Futebol, respeitando suas características cognitivas, físicas e sociais?

    Propor métodos para promover a cultura à iniciação esportiva ao futebol destacando sua importância no crescimento físico, mental e social da criança é o objetivo principal deste trabalho. No primeiro capítulo será conceituada "Iniciação Esportiva" e destacar-se-á a importância desta atividade no desenvolvimento da criança. Já no segundo, destaca-se a importância da prática esportiva desde a primeira fase da educação básica, promovendo o crescimento físico, mental e social da criança, como também a importância da família neste processo, mostrando a inter-relação entre pais e filhos e também com a escola.

    Tal monografia foi realizada com embasamento teórico de artigos e monografias que abordassem o tema proposto. Sendo assim, realizou-se levantamento bibliográfico para facilitar na revisão bibliográfica, metodologia escolhida para a elaboração deste trabalho. Para posterior compreensão e elaboração dos seguintes escritores: AMARAL (2008), ROSSETTI-FERREIRA (2000), TODT (2006), CÁRDENAS (Documento sem Data), FILGUEIRA (2007), além de documentos do Ministério da Educação, como os Parâmetros Curriculares Nacionais e a LDB, que dão respaldo para a realização da iniciação esportiva na escola.

Iniciação esportiva e o futebol

    No Brasil, o futebol tem é um fenômeno de grande importância sociocultural e é, também, vastamente vivenciado pelo brasileiro em seu dia-a-dia e a ele é dado novo valor a partir de sua apropriação pelos diversos grupos sociais existentes neste país. Numa nação em que o Futebol é orgulho nacional é de praxe que a maioria dos pais apostem em seus filhos esperanças de que um dia eles sejam jogadores famosos e os incluam em projetos de iniciação esportiva. Isso ocorre com os pais que possuem condições financeiras de incluir seus filhos em "Escolinhas de Futebol". Mas, as crianças que não possuem boas condições financeiras praticam este esporte, geralmente, na escola e nos momentos vagos, nas ruas e campos de futebol existentes em suas comunidades. Iniciar o conhecimento deste esporte, portanto ocorre a partir do momento em que ele é praticado. Mas, há vários conceitos existentes por trás da atividade "lúdica" que existe nos primeiros jogos praticados por crianças.

    Para Todt (2006, p. 262) o esporte desempenha expressiva influência nos processos de desenvolvimento desde a infância isto porque a preparação de jovens atletas para a Iniciação Esportiva centra sua atenção nas relações interpessoais. Tal autor enfatiza que o esporte, a partir do ponto de vista psicológico e motor, abranger o jogo, seus objetivos, funções, meios, treinamentos, a comunicação no grupo, os tipos de vínculos que se estabelecem entre jogadores, técnicos, familiares e torcedores, além das próprias instituições, entre tantos outros pontos possíveis de serem investigados.

    De acordo com Ramos & Neves (2007) a iniciação esportiva é o período em que a criança começa a aprender de forma específica e planejada a prática esportiva. Santana (apud RAMOS & NEVES, 2007) acrescenta que a iniciação esportiva é marcada pela prática regular e orientada de uma ou mais modalidades esportivas, e o objetivo imediato é dar continuidade ao desenvolvimento da criança de forma integral, não implicando em competições regulares.

    A iniciação esportiva, portanto, é iniciar uma determinada pessoal em uma modalidade esportiva, observando suas características principais e as incluindo em tal modalidade. Já na infância ela é importante para a criança, pois possibilita seu crescimento, tanto físico como social. Porém segundo Arena e Böhme (2000), as atividades esportivas podem contribuir para um desenvolvimento bio-psicosocial harmonioso da criança e do adolescente nos diferentes períodos etários, mas tal fato indica a necessidade de se estudar como as crianças estão sendo iniciadas, bem como se a forma utilizada é correta e coerente com suas condições, características e necessidades, correspondendo ou não ao seu estágio de desenvolvimento.

    Almeida (apud RAMOS & NEVES, 2007), por exemplo, descreve que a iniciação esportiva ocorre em três estágios. A iniciação desportiva, primeira etapa, portanto, ocorre entre oito e nove anos e seu objetivo é a aquisição de habilidades motoras e destrezas específicas e globais, conseguidas através de formas básicas de movimentos e de jogos pré-desportivos. É neste período que a criança encontra-se competente para a aprendizagem inicial dos esportes, nada obstante, ainda não está hábil para o esporte coletivo de competição. Entende-se, assim, que o esporte coletivo atrai as crianças muito mais pelo prazer da atividade em si do que pela própria competitividade. O autor ainda ressalta que o ideal, nessa fase, é oferecer várias oportunidades para o desenvolvimento das mais variadas formas de habilidades à criança, instrumentalizando-a com atividades motoras que poderão ser utilizadas em diversos esportes coletivos.

    Machado e Presoto (2001) defendem a iniciação esportiva, como parte de um Programa de Educação Física deve ser abordada como aprendizagem e desenvolvimento motor, com táticas e regras básicas e sem muita exigência técnica, física ou tática, tendo como objetivo cooperar para a formação integral do aluno (físico, cognitivo e afetivo-social), podendo, a partir daí ser uma preparação técnica para os esportes escolares. Entretanto, segundo esses mesmos autores, o que acontece na realidade é o uso da competição esportiva, envolvendo classes, turmas e até outras escolas, sem uma preparação adequada dos educandos. (CAPITANIO, 2003)1

    Já na próxima fase descrita por Almeida (apud RAMOS & NEVES, 2007), que se encontra na faixa etária de 10 e 11 anos de idade, fase do aperfeiçoamento desportivo, a criança já experimenta e participa plenamente de ações baseadas na cooperação e colaboração. Portanto, o jogo assume um aspecto sócio-desportivo, no qual seus participantes interatuam exercendo um papel definido a ser cumprido. Esta etapa ter por objetivo introduzir os elementos técnicos fundamentais, táticas gerais e regras através de jogos educativos e contestes e atividades esportivas com regras. Almeida (apud RAMOS & NEVES, 2007) destaca que esta é considerada uma excelente faixa etária para o aprendizado, sendo que, as atividades físicas esportivas a serem oferecidas nessa faixa etária devem ter o intuito de ampliar o repertório de movimentos dos fundamentos básicos dos diversos esportes e, também, instrumentalizar as crianças com elementos psicossociais que permitam a socialização e as ações cooperativas através de jogos e brincadeiras. Na terceira e última, denominada introdução ao treinamento, a criança entre 12 e 13 anos alcança um significativo desenvolvimento da sua capacidade intelectual e física, tendo como objetivo o aperfeiçoamento das técnicas individuais, dos sistemas táticos, além da aquisição das qualidades físicas necessárias para a prática do desporto.

    Portanto, ao professor cabe perceber que as crianças passam por fases e que elas devem ser respeitadas, não adiantando nem atrasando o processo. Percebe-se que muitas características das crianças podem ser perceptíveis no trabalho diário com eles. As crianças, inicialmente querem praticar esportes por serem ligadas ao lúdico. Sendo assim, o professor de Educação Física deve estar apto a realizar a atividade de iniciação esportiva, respeitando as características individuais de cada aluno e sabendo qual a melhor fase para desenvolver tal trabalho.

    Em seu trabalho, Oliveira & Paes (2004) descrevem quais são os períodos da Iniciação Esportiva, através de um quadro, que vai de encontro aos conceitos de Almeida (apud RAMOS & NEVES, 2007).

Idade Biológica

Idade Escolar

Fases do Desenvolvimento esportivo, elaboradas para estudo

Idade Cronológica

Categorias disputadas no basquetebol

Pubescência

Sétima e oitava séries

Iniciação esportiva III

13-14 anos

Mirim e infantil

Primeira Idade Puberal

Quinta e sexta séries

Iniciação esportiva II

11-12 anos

Pré Mirim e Mini

Primeira e Segunda Infância

Primeira segunda, terceira e quarta séries

Iniciação esportiva I

7-10 anos

Atividades recreativas

Quadro 1. Etapas do Desenvolvimento Esportivo (OLIVEIRA & PAES, 2004)2

    De acordo com Oliveira & Paes (2004) a fase de Iniciação Esportiva I corresponde da 1.ª à 4.ª séries do ensino fundamental, atendendo crianças com idades entre 7 e 10 anos. O envolvimento das crianças nas atividades desportivas deve ter caráter lúdico, participativo e alegre, a fim de oportunizar o ensino das técnicas desportivas, estimulando o pensamento tático. Todas as crianças devem ter a possibilidade de acesso aos princípios educativos dos jogos e brincadeiras, influenciando positivamente o processo ensino-aprendizagem. Portanto, é compreensível que se devem evitar, nos jogos desportivos coletivos, as competições antes dos 12 anos, pois estas exigem a perfeição dos movimentos ou gestos motores e também grandes soluções táticas. Paes (apud OLIVEIRA & PAES, 2004) afirma que as crianças para iniciarem esportivamente devem ter o domínio do corpo, a manipulação da bola, o drible, a recepção e os passes, podendo utilizar-se do jogo como principal método para a aprendizagem.

    A fase de iniciação esportiva II é marcada pela aprendizagem de várias modalidades esportivas, atendendo crianças e adolescentes da 5ª à 7ª séries do ensino fundamental, com idades aproximadas de 11 a 13 anos, correspondente à primeira fase da adolescência. De acordo com os autores, como a fase de iniciação desportiva I visa à estimulação e à ampliação do desenvolvimento motor por intermédio das atividades variadas específicas, mas não especializadas de nenhum esporte, a fase de iniciação esportiva II estimula à aprendizagem de diversas modalidades esportivas, dentro de suas particularidades.

    Já a iniciação esportiva III é a fase que corresponde à faixa etária aproximada de 13 a 14 anos, às 7ª e 8ª séries do ensino fundamental. Destaca-se que o desenvolvimento dessa fase, para os alunos/atletas, a automatização e o refinamento dos conteúdos aprendidos anteriormente, nas fases de iniciação esportiva I e II, e a aprendizagem de novos conteúdos, fundamentais nesse momento de desenvolvimento esportivo, como as regras e táticas do jogo.

    Cabe ressaltar, novamente, que o professor de Educação Física deve ter compreendido essas etapas para iniciar seus alunos na vida esportiva. Isto porque, caso queira que as habilidades de seus alunos sejam desenvolvidas e aprimoradas é essencial o conhecimento desses conceitos.

    Filgueira (2006) destaca as fases pelas quais as crianças passam na iniciação esportiva relacionada ao Futebol. Tal autor destaca que o futebol é um esporte muito complexo, por isso é muito importante que a criança, nos níveis de idade Fraldinha, Dentinho e Dente de Leite, tenham uma formação básica, e desenvolva de forma gradativa as habilidades físico-mentais como, consciência corporal, coordenação, flexibilidade, ritmo, agilidade, equilíbrio, percepção espaço-temporal e descontração.

Categorias de iniciação no futebol por idade

Fraldinha

7, 8 e 9 anos

Dentinho

9, 10 e 11 anos

Dente de Leite

11, 12 e 13 anos

Quadro 2. Categorias de Iniciação no Futebol por Idade (FILGUEIRA, 2006)3

    Tais fases descritas por Filgueira (2006) também vão de encontro às outras fases da Iniciação Esportiva descritas por Oliveira & Paes (2004) e Almeida (apud RAMOS & NEVES, 2007). Estas fases estipulam idades, baseadas até mesmo nas fases do desenvolvimento infantil, para o desenvolvimento das habilidades existentes na prática esportiva. Isso é muito interessante de ser percebido, pois a criança não deve começar a prática esportiva na escola compreendendo regras de jogo, e sim se familiarizando com o esporte.

    Filgueira (2006) destaca que no nível Fraldinha, o professor de Educação Física/Treinador deve estar atento aos objetivos de desenvolvimento da psicomotricidade como a formação de esquema corporal e trabalho com atividades naturais e recreativas. Sendo assim, ele cita atividade com o objetivo de desenvolver conhecimentos de espaço-temporal, lateralidade e domínio; desenvolver noções de tamanho, peso, altura, direção, profundidade e velocidade; e o ritmo.

    Já no nível Dentinho, que abrange a faixa etária de 9 a 11 anos, Filgueira (op cit) destaca que é a melhor fase para aprendizagem motora. O treinamento físico nessa etapa tem o objetivo de aperfeiçoar os movimentos em geral como também os movimentos naturais ritmados. Isso se dá através de atividades dinâmicas e sem formalidades com técnicas simples e com grandes variedades de exercícios e incorporando às técnicas motoras aprendidas para desenvolver a criatividade do aluno.

    Na outra etapa, Filgueira (op cit), denominada Dente de Leite, que abarca as idades de 11 a 13 anos, forma-se a criança para a atuação pré-desportiva, e ela passa a observar os fundamentos desportivos. Ela também desenvolve o período de formação motora específica e a formação corporal, educativo de corrida, rendimento, criatividade e formação física técnica. Neste período, o treinamento tem por objetivo a formação física de base e a formação dos fundamentos desportivos. As atividades desenvolvidas são desempenhadas através de exercícios com deslocamento utilizando bolas para desenvolver destrezas técnicas.

    Portanto, assim como Oliveira & Paes (2004), Filgueira (op cit) divide em faixas etárias os períodos em que as crianças podem desenvolver os conhecimentos sobre o futebol e passar a conhecer suas fundamentações, regras e o jogo de uma forma geral. Inicialmente, como abordam os autores, a criança passa por um momento de adaptação, no qual ela deve criar condições para que o jogo seja importante em sua vida. Só a partir de então que se pode realizar a atividade do jogo em si. A iniciação esportiva, portanto, não é apenas apresentar o jogo para a criança, mas incentivá-la a entrar no jogo e a participar ativamente dessa atividade. Porém, essa introdução ao mundo do esporte deve ocorrer por etapas.

    Para tal divisão em faixas etárias, é necessário haver conhecimento das fases de desenvolvimento da criança, já que ela passa por várias etapas em seu crescimento. Portanto, o professor/treinador deverá conhecê-las e tentar adequar seu trabalho às necessidades dos alunos.

A importância da prática esportiva do futebol para a criança

Etapas do desenvolvimento infantil

    Desde a fecundação, o ser humano se desenvolve. Inicialmente seu corpo em formação ainda no interior da barriga da mãe, passa por diversas modificações que lhe dão uma forma: cabeça, braços e pernas, órgãos pele tecidos são formados e quando a criança finalmente nasce, após nove meses de gestação, seu corpo e sua mente deverá passar por modificações intensas. É possível perceber o crescimento da criança com apenas dias de nascido, mas o desenvolvimento da fala e dos movimentos só serão realmente concluídos após um longo período.

    De acordo com a Cartilha "Saúde da Criança" (BRASIL, 2002, p. 11) considera-se o crescimento como ampliação do tamanho do corpo e, portanto, este crescimento só se encerra com a conclusão do aumento em altura (crescimento linear). Ou seja, pode-se dizer que o crescimento do ser humano é dinâmico e contínuo que vem desde a concepção até o final da vida.

    Porém, como observado acima, quando se pensa em crescimento, acredita-se no crescimento físico. Mas, de acordo com a apostila "Crescimento e Desenvolvimento" (AMARAL, Documento sem data, p. 2) durante muito tempo, os termos crescimento e desenvolvimento foram considerados como conceitos separados; o primeiro contemplava os aspectos físicos, e o segundo, os aspectos mentais, em si tratando de Psicologia do Desenvolvimento. Contudo, a autora conclui e tais termos tratam do mesmo aspecto: do desenvolvimento orgânico e mental.

    O desenvolvimento infantil ocorre desde os primeiros contatos com a família, com a cultura de determinada região, com os primeiros contatos escolares, com o convívio com outras crianças. Por isso, é comum dizer que a natureza do desenvolvimento humano é sempre biológica e cultural, isto porque o seu compor está em constante desenvolvimento e juntamente com isso, ocorre uma interação entre pessoas, e uma personalidade começa a se formar.

    De acordo com Rosseti-Ferreira, Amorin & Silva "o processo de desenvolvimento humano encontra-se intimamente relacionado à articulação organismo – ambiente e, (…), este ambiente tem sido entendido enquanto um meio" (2000)4 . Neste aspecto, pode-se perceber que o desenvolvimento infantil, no aspecto cultural, tende a ocorrer a partir do nascimento. É compreensível que uma criança recém-nascida não possui entendimento de nada que ocorre ao seu redor, mas o meio já lhe influencia. Os estímulos provocados pelos sons, luzes e vozes já a fazem ter reações diversas. Com o passar dos meses ela reconhece as vozes familiares, já reconhece a figura materna e paterna, já consegue se mexer com intensidade.

    "Considera-se crescimento orgânico um processo dinâmico que se expressa de uma forma mais visível pelo aumento do tamanho corporal. T


A pedagogia da iniciação esportiva: um estudo sobre o ensino dos jogos desportivos coletivos

Posted: 10 Sep 2012 03:13 AM PDT

    Nos dias atuais, temos observado um aumento considerável nas discussões sobre as metodologias de ensino-aprendizagem dos desportos; nos jogos desportivos coletivos, inúmeros são os assuntos a serem debatidos. Nossa intenção, neste capítulo, refere-se ao diálogo relacionado ao desenvolvimento esportivo, entendido como processo de ensino, que ocorre desde que a criança inicia-se na atividade esportiva, até sua dedicação exclusiva em uma modalidade. Objetivamos abranger os assuntos pertinentes ao ensino de habilidades e competências tático-cognitivas e também considerações sobre o desenvolvimento das capacidades físicas e dos jogos desportivos coletivos por intermédio dos estudos em pedagogia do esporte.

    Os jogos desportivos coletivos são constituídos por várias modalidades esportivas - voleibol, futsal, futebol, handebol, pólo aquático, basquetebol - entre outros e, desde sua origem, têm sido praticados por crianças e adolescentes dos mais diferentes povos e nações. Sua evolução é constante, ficando cada vez mais evidente seu caráter competitivo, regido por regras e regulamentos (Teodorescu, 1984). Por outro lado, os autores da pedagogia do esporte também têm constatado a importância dos jogos desportivos coletivos para a educação de crianças e adolescentes de todos os segmentos da sociedade brasileira, uma vez que sua prática pode promover intervenções quanto à cooperação, convivência, participação, inclusão, entre outros.

    A pedagogia do esporte busca estudar esse processo, e as ciências do esporte, em suas diferentes dimensões, identificaram vários problemas, os quais serão balizadores deste estudo: busca de resultados em curto prazo; especialização precoce; carência de planejamento; fragmentação do ensino dos conteúdos; e aspectos relevantes, que tratam da compreensão do fenômeno na sua função social. Assim sendo, o ensino dos jogos desportivos coletivos deve ser concebido como um processo na busca da aprendizagem. Esse pensamento faz-nos refletir acerca da procura por pedagogias que possam transcender as metodologias já existentes, a fim de inserir, no processo de iniciação esportiva, métodos científicos pouco experimentados. Dessa forma, é de fundamental importância discutirmos a pedagogia da iniciação esportiva, com o respaldo teórico de estudiosos do assunto.


Referenciais teóricos para o ensino dos jogos desportivos coletivos

    Vários autores apresentam propostas, visando discutir o ensino dos esportes. No caso dos jogos desportivos coletivos, verificamos aumento crescente no diálogo, almejando a busca de novos procedimentos pedagógicos, com vistas a facilitar o aprendizado.

    Mertens & Musch (1990) apresentam uma proposta para o ensino dos jogos coletivos, tomando como referência a idéia do jogo, no qual as situações de exercícios da técnica aparecem claramente nas situações táticas, simplificando o jogo formal para jogos reduzidos e relacionando situações de jogo com o jogo propriamente dito. Essa forma de jogo deve preservar a autenticidade e a autonomia dos praticantes, respeitando-se o jogo formal. Sendo assim, deve-se manter as estruturas específicas de cada modalidade; a finalização, a criação de oportunidades para o drible, passe, e lançamentos nas ações ofensivas. O posicionamento defensivo é generalizado e almeja-se dificultar a organização ofensiva dos adversários, principalmente nas interceptações dos passes, estabelecendo uma dinâmica entre as fases de defesa-transição-ataque.

    Bayer (1994) afirma coexistir duas correntes pedagógicas de ensino para os jogos desportivos coletivos: uma utiliza os métodos tradicionais ou didáticos, decompondo os elementos (fragmentação), na qual a memorização e a repetição permitem moldar a criança e o adolescente ao modelo adulto. A outra corrente destaca os métodos ativos, que levam em conta os interesses dos jovens e que, a partir de situações vivenciadas, iniciativa, imaginação e reflexão possam favorecer a aquisição de um saber adaptado às situações causadas pela imprevisibilidade. Essa abordagem pedagógica, chamada de pedagogia das situações, deve promover aos indivíduos a cooperação com seus companheiros, a integração ao coletivo, opondo-se aos adversários, mostrando, ao aprendiz, as possibilidades de percepção das "situação de jogo", interferindo na tomada de decisão, elaborando uma "solução mental", buscando resolver os problemas que surgem com respostas motoras mais rápidas, principalmente nas interceptações e antecipações, frente às atividade dos adversários.

    Ainda nesse raciocínio, Gallahue e Osmum (1995) apregoam uma abordagem desenvolvimentista, que, ao ensinar as habilidades motoras (técnicas) para a faixa etária de 7- 10 anos, a aprendizagem deve ser totalmente aberta, ou seja, os conteúdos do ensino são aplicados pelo professor e praticados pelos alunos, sem interferência e correções dos gestos motores. Para a faixa etária de 11- 12 anos, o ensino é parcialmente aberto, isto é, há breves correções na técnica dos movimentos. Na faixa de 13- 14 anos, o ensino é parcialmente fechado, pois inicia-se o processo de especificidade dos gestos de cada modalidade na procura da especialização desportiva, e somente após os 14 anos de idade deve acontecer o ensino totalmente fechado, específico de cada modalidade coletiva, e também o aperfeiçoamento dos sistemas táticos que cada modalidade necessita. Entendemos que, nessa forma de ensino-aprendizagem, a técnica (habilidade motora) estará sendo desenvolvida em situações que acontecem na maior parte do tempo nos jogos coletivos. Isso nos faz crer que a assimilação por parte dos alunos/atletas seja beneficiada, e, posteriormente, a prática constante poderá predispor a especialização dos gestos motores que permanecerão para o resto da vida.

    Nesse contexto, Greco (1998) sugere o ensino através do método situacional, em situações de 1x0-1x1-2 x 1, em que as situações 1, isoladas dos jogos, são aprendidas com números reduzidos de praticantes. Este autor também defende que a técnica desportiva é praticada na iniciação aos conceitos da tática, ou seja, aliando o "como fazer" à "razão de fazer". Não se trata de trabalhar os conteúdos da técnica apenas pelo método situacional, mas sim de utilizá-lo como um importante recurso, evitando o ensino somente pelos exercícios analíticos, os quais, como vimos anteriormente, podem não garantir sucesso nas tomadas de decisão frente às situações, por exemplo, de antecipação, que ocorrem de forma imprevisível nos jogos desportivos coletivos.

    Garganta (1998), nos estudos sobre pedagogia do esporte, enumera duas abordagens pedagógicas de ensino: a primeira é mecanicista, centrada na técnica, na qual o jogo é decomposto em elementos técnicos: passe, drible, recepção, arremesso. Os gestos são aprimorados, especializados, e suas conseqüências mostram o jogo pouco criativo, com comportamentos estereotipados e problemas na compreensão do jogo, com leituras deficientes do ponto de vista tático. As situações problema ocasionadas pelas reais situações de jogo, são pobres e podem provocar desvios na evolução do aluno/atleta.

    A segunda abordagem de Garganta (1998) é a das combinações de jogo contidas na tática por intermédio dos jogos condicionados, voltados para o todo, nos quais as relações das partes são fundamentais para a compreensão do jogo, facilitando o processo de aprendizagem da técnica. O jogo é decomposto em unidades funcionais sistemáticas de complexidade crescente, nas quais os princípios do jogo regulam a aprendizagem. As ações técnicas são desenvolvidas com base nas ações táticas, de forma orientada e provocada.

    Cabe-nos ressaltar que, nesse contexto, o objetivo principal é a iniciação aos jogos desportivos coletivos, nos quais acontecem os primeiros contatos das crianças e adolescentes com as atividades desportivas. Dessa forma, as fases seguintes não devem limitar-se exclusivamente a esse método, ou seja, tornam-se necessárias outras possibilidades de ensino, que contemplaremos mais adiante.

    Em relação à pedagogia da iniciação esportiva, Paes (2001) arrola experiências práticas em situações de jogo, também em 1x1-2x2-3x3, e ainda o "jogo possível" como uma possibilidade de ensinar jogos desportivos coletivos, pois o mesmo pode propiciar aos alunos o conhecimento e a aprendizagem dos fundamentos básicos das modalidades coletivas, considerando seus valores relativos e absolutos, e também aprenderem de acordo com suas possibilidades materiais (locais de aprendizagem). Almeja-se, nesse procedimento, a motivação por parte dos alunos ou praticantes, para que os mesmos tomem gosto e possam usufruir a prática desportiva, como beneficio para melhor qualidade de vida, caso seus talentos pessoais não despertem o sucesso atlético.

    Cabe-nos ressaltar que, desde que a criança inicia a prática sistematizada de treinamento na escola ou no clube, não é garantida sua formação atlética simplesmente por seus domínios técnico-táticos. Deve-se levar em consideração sua totalidade, sua vida; física, social, mental e espiritual. Caso a criança opte pela especialização em uma determinada modalidade, pode utilizar-se de tais conhecimentos, fortalecendo o direcionamento na busca de rendimentos superiores. Torna-se valioso também, o cuidado do técnico em diagnosticar, durante a prática, quais crianças e adolescentes necessitam mais de um ou outro estímulo, a fim de promover um melhor ambiente de aprendizagem.

    Até esse momento, discutimos assuntos que tratam de questões relacionadas ao ensino das habilidades e capacidades tático-cognitivas, embasados nos autores até aqui citados, os quais referem-se à pedagogia da iniciação nos jogos desportivos coletivos. Com base nas discussões anteriores sobre os procedimentos de ensino dos jogos desportivos coletivos, em uma pedagogia voltada para a iniciação esportiva, entendemos que há necessidade de estabelecer uma diferenciação da aprendizagem dos conteúdos durante o processo. Dessa forma, mostramos, a seguir, como ocorre, no processo de desenvolvimento, a etapa de iniciação esportiva e suas fases de desenvolvimento, bem como a aplicação dos conteúdos de ensino, haja vista que deve haver uma organização pedagógica dos conteúdos em suas respectivas fases.


Etapa de iniciação esportiva e suas fases de desenvolvimento

    Nos dias atuais, para atingir resultados desportivos superiores, os atletas dedicam-se à atividade esportiva durante muitos anos de suas vidas. Por isso, tornou-se necessária uma subdivisão metodológica rigorosa em longo prazo, relacionada à preparação dos atletas, na qual as etapas e fases não têm prazos definidos de início e finalização, pois dependem não só da idade, mas também do potencial genético do esportista e do ambiente no qual ele está inserido, das particularidades de seu crescimento, maturação, desenvolvimento, da qualidade dos técnicos, entre outros, e também das características de cada modalidade escolhida.

    Toda proposta que visa ao planejamento da prática do esporte em seus diferentes significados prioriza o desenvolvimento dos seus praticantes em etapas e fases que percorrem desde a iniciação até o profissionalismo. Destacamos, neste capítulo, alguns autores que demonstraram essa preocupação: Hahn (1989), Kreb's (1992), Zakharov e Gomes (1992), Gallahue e Osmun (1995), Filin (1996), Matveev (1997), Greco (1998), Weineck (1999), Schimitd (2001) e Paes (2001).

    A etapa de iniciação nos jogos desportivos coletivos é um período que abrange desde o momento em que as crianças iniciam-se nos esportes até a decisão por praticarem uma modalidade. Desta maneira, os conteúdos devem ser ensinados respeitando-se cada fase do desenvolvimento das crianças e dos pré-adolescentes. Sendo assim, optamos por dividir a etapa de iniciação esportiva em três fases de desenvolvimento: a) fase iniciação esportiva I; b) fase de iniciação esportiva II; e c) fase de iniciação esportiva III, sendo que cada fase possui objetivos específicos para o ensino formal e está de acordo com as idades biológica, escolar, cronológica e com as categorias disputadas nos campeonatos municipais e estaduais, diferenciando-se de modalidade para modalidade. No quadro 1, visualizamos essas características, com um exemplo para as disputas nos campeonatos de basquetebol no ensino não formal.

Quadro 1. Periodização do processo de ensino para os jogos desportivos coletivos na etapa
de iniciação esportiva, com um exemplo para o Basquetebol



Fase de iniciação esportiva I

    A fase de iniciação esportiva I corresponde da 1.ª à 4.ª séries do ensino fundamental, atendendo crianças da primeira e segunda infância, com idades entre 7 e 10 anos. O envolvimento das crianças nas atividades desportivas deve ter caráter lúdico, participativo e alegre, a fim de oportunizar o ensino das técnicas desportivas, estimulando o pensamento tático. Todas as crianças devem ter a possibilidade de acesso aos princípios educativos dos jogos e brincadeiras, influenciando positivamente o processo ensino-aprendizagem. Compreendemos que se deve evitar, nos jogos desportivos coletivos, as competições antes dos 12 anos, as quais exigem a perfeição dos movimentos ou gestos motores e também grandes soluções táticas.


Participação em atividades variadas com caráter recreativo

    Paes (1989) pontua que, no processo evolutivo, essa fase - participação em atividades variadas com caráter recreativo - visa à educação do movimento, buscando-se o aprimoramento dos padrões motores e do ritmo geral por meio das atividades lúdicas ou recreativas. Hahn (1989) propõe, com base nos estudos de Grosser (1981), o desenvolvimento das capacidades coordenação, velocidade e flexibilidade, pois esse é o período propício para o início de desenvolvimento. As crianças encontram-se favorecidas, aproximadamente entre 7 a 11 anos, em função da plasticidade do sistema nervoso central, e as atividades devem ser desenvolvidas sob diversos ângulos: complexidade, variabilidade, diversidade e continuidade durante todo o seu processo de desenvolvimento.

    Weineck (1999) pontua que as crianças dessa faixa etária 7 a 11 anos demonstram grande determinação para as brincadeiras com variação de movimentos e ocupam-se de um percentual significativo de jogos, que formam de maneira múltipla. Esse fato nos faz acreditar, que se deve proporcionar então, um ambiente agradável para que o desenvolvimento ocorra sem maiores prejuízos, ou seja, as crianças devem aprimorar o padrão de movimento cuja execução objetiva apenas a estimulação para que, assim, a criança construa o seu próprio repertório motor, sem nenhuma sobrecarga.

    Desta maneira, ao relacionar a participação da criança em atividades motoras na infância, constatou-se que as mesmas gostavam de brincar, o que pode ser comprovado nos estudos de Vieira (1999) e Oliveira (2001), os quais, ao entrevistar talentos da modalidade de atletismo e basquetebol, confirmaram que os atletas, quando crianças, gostavam de caçar, brincar de super-herói, cabo de guerra, amarelinha, demonstrando, assim, interesse pelas atividades lúdicas.

    Nesse contexto, Greco (1998) e Paes (2001) afirmam que a função primordial é assegurar a prática no processo ensino-aprendizagem, com valores e princípios voltados para uma atividade gratificante, motivadora e permanente, reforçada pelos conteúdos desenvolvidos pedagogicamente, respeitando-se as fases sensíveis do desenvolvimento, com carga horária suficiente para não prejudicar as demais atividades como o descanso, a escola, a diversão, dentre outras; caso contrário, será muito difícil atingir os objetivos em cada fase do período de desenvolvimento infantil.

    Oliveira (1997) corrobora com essa tese ao afirmar que, nessa fase, as principais tarefas são os gestos motores, necessários à vida, e deve-se procurar assegurar o desenvolvimento harmonioso do organismo por meio de atividades como escalonamento, saltos, corridas, lançamentos, natação etc., não se devendo, nesse período, apressar a especialização desportiva. Os iniciantes praticam aproximadamente 150 a 300 horas anuais, sendo que o trabalho geral deve predominar em relação às cargas específicas. Isso significa que a especialização precoce, nesse momento, pode não ser adequada.

    Os conteúdos desenvolvidos nessa fase, em conformidade com Paes (2001), devem ser o domínio do corpo, a manipulação da bola, o drible, a recepção e os passes, podendo utilizar-se do jogo como principal método para a aprendizagem. Concordamos com o autor e sugerimos ainda o lançamento, o chute, o saque, o arremesso, quicar e cortar, típicos dos jogos desportivos coletivos. Os espaços, todavia, podem ser reduzidos, para adequar as capacidades físicas das crianças; e os alvos podem ser menores, a exemplo do gol do futsal, do futebol, do handebol; e nos casos do basquetebol e do voleibol, a tabela, o aro e a rede podem ser com alturas menores. Essas modificações também podem ser feitas em outros jogos e brincadeiras. Acreditamos que, com isso, as crianças poderão motivar-se para a prática em função do aumento das possibilidades.

    Em relação aos jogos desportivos coletivos, as atividades lúdicas em forma de brincadeiras e pequenos jogos podem contribuir para desenvolver, nas crianças, as capacidades físicas, tais como a coordenação, a velocidade e a flexibilidade - propícias nessa fase - e também habilidades básicas para futuras especializações, como agilidade, mobilidade, equilíbrio e ritmo. Deve-se evitar a apreensão com a execução errônea do gesto técnico, pois cada forma diferente de movimento em relação ao modelo técnico pode ser aceita, deixando para a fase posterior as cobranças em relação à perfeição dos gestos motores.

    A educação física escolar tem função primordial nessa fase, aumentando a quantidade e a qualidade das atividades, visando a ampliar a capacidade motora das crianças, a qual poderá facilitar o processo de ensino-aprendizagem nas demais fases. De qualquer modo, seja na escola ou no clube, a efetividade da preparação e da formação geral que constituirão a educação geral dos atletas no futuro só poderá ser maximizada na interação professor/técnico, escola, aluno/atleta e demais indivíduos que têm influência no desenvolvimento dos jovens.

    Sendo assim, o sucesso da educação das crianças e adolescentes depende muito da capacidade do professor/treinador e de cada cenário onde o trabalho é desenvolvido. A literatura especializada do treinamento infantil demonstra que, nessa fase, devem-se observar as condições favoráveis para o desenvolvimento de todas as capacidades e qualidades na aplicação dos conteúdos do ensino, por meio de uma ação pedagógica sistematizada.


Fase de iniciação esportiva II

    A fase de iniciação esportiva II é marcada por oportunizar os jovens à aprendizagem de várias modalidades esportivas, atendendo crianças e adolescentes da 5ª à 7ª séries do ensino fundamental, com idades aproximadas de 11 a 13 anos, correspondente à primeira idade puberal. Partindo do princípio de que a fase de iniciação desportiva I visa à estimulação e à ampliação do vocabulário motor por intermédio das atividades variadas específicas, mas não especializadas de nenhum esporte, a fase de iniciação esportiva II dá início à aprendizagem de diversas modalidades esportivas, dentro de suas particularidades.


Aprendizagem diversificada de modalidades esportivas

    Abordaremos, nesse momento, a importância da diversificação, ou seja, a prática de várias modalidades esportivas que contribui para futuras especializações. Defendemos, também, a diversificação dos conteúdos de ensino em uma modalidade, evitando, todavia, a repetição dos mesmos, repetição essa que leva à estabilização da aprendizagem, empobrecendo o repertório motor dos praticantes.

    Em relação à diversificação e à aprendizagem de várias modalidades esportivas, Bayer (1994) entende que, em nível de aprendizagem, o "transfer" é admitido, ou seja, a transferência encontra-se facilitada logo que um jogador a perceba na estrutura dos jogos desportivos coletivos. Assim, os praticantes transferem a aprendizagem de um gesto como o arremessar ao gol no handebol, a cortada do voleibol ou o arremesso da cesta no basquetebol. Trata-se, então, de isolar estruturas semelhantes que existem em todos os jogos coletivos desportivos para que o aprendiz reproduza, compreenda e delas aproprie-se. Entretanto, o autor adverte: "ter a experiência duma estrutura não é recebê-la passivamente, é vivê-la, retomá-la e assumi-la, reencontrando seu sentido constantemente" (Bayer, 1994, p. 629).

    De acordo com a literatura, os iniciantes devem participar de jogos e exercícios, advindos dos esportes específicos e de outros, que auxiliem a melhorar sua base multilateral e no preparo com a base diversificada para o esporte escolhido. As competições devem ter caráter participativo e podem ser estruturadas para reforçar o desenvolvimento das capacidades coordenativas e das destrezas, melhorando a técnica do movimento competitivo, vivenciando formações táticas simples. No entanto, ainda não se deve objetivar o produto final (resultado) nesse momento.

    Deve-se buscar, na iniciação esportiva, a aprendizagem diversificada e motivacional, visando ao desenvolvimento geral. Essa fase caracteriza a passagem da fase da iniciação esportiva I para a fase de iniciação desportiva II, na qual se confere muita importância à auto-imagem, socialização e valorização, por intermédio dos princípios educativos na aprendizagem dos jogos coletivos (Kreb's, 1992; Greco, 1998; Oliveira 1988; e Paes, 2001).

    Nesse período, consolida-se o sistema de preparação em longo prazo, pois é importante não se perder tempo para evitar a estabilidade da aprendizagem. Para Weineck (1991), além da ótima fase para aprender, na qual as diferenças em relação à fase anterior são graduais e as transições são contínuas, as capacidades coordenativas dão base para futuros desempenhos. Por outro lado, deve se evitar a especialização precoce, como afirma Vieira (1999), haja vista que esta pode levar ao abandono do esporte, sem contar que o resultado precoce nas fases inferiores pode, além de promover o abandono, influenciar na formação da personalidade das pessoas, levando-as a atividades inseguras, tornando-as até inconscientes de seu papel perante a sociedade.

    Em se tratando de evitar a especialização precoce, concordamos com Paes (1989), o qual assinala essa fase como generalizada, na qual pretende-se a aquisição das condições básicas de jogo ao lado de um desenvolvimento psicomotor integral, possibilitando a execução de tarefas mais complexas. Essa fase, porém, não deverá ser utilizada para a firmação obrigatória da especialização desportiva dos atletas. Neste sentido, Gallahue (1995) pondera que esse momento é importante para os aprendizes passarem do estágio de transição para o de aplicação, ou seja, aprender com relativa instrução do professor a liberdade dos gestos técnicos. Vieira (1999) corrobora com essa idéia, afirmando que, nessa fase, a atenção está direcionada para a prática bem como para as condições de promover o refinamento da destreza, planejando situações práticas progressivamente mais complexas, ressaltando que o sistema de ensino é parcialmente aberto, no qual as atividades são também parcialmente definidas pelo professor/ técnico.

    De qualquer forma, todas as fases estão em estreita interdependência; as fases posteriores são estruturadas nas anteriores. Essa importância é discutida por Gomes (2002) quando aponta que o ex-campeão do mundo, M.Gross, praticou, paralelamente à natação, futebol, tênis, cross-country e as técnicas de natação eram realizadas por meio de jogos pré-selecionados, melhorando a capacidade coordenativa antes da especialização e do sucesso na natação.

    Segundo Paes (2001), os conteúdos de ensino a serem ministrados nessa fase são os conceitos técnicos e táticos dos desportos: basquetebol, futebol, futsal, voleibol e handebol, nos quais devem ser contemplados, além desses conteúdos, finalizações e fundamentos específicos. Em nosso ponto de vista, deve-se, ainda, trabalhar os exercícios sincronizados e o "jogo", que ainda deve tomar a maior parte do tempo nos treinamentos. Como o tempo maior de trabalho é dedicado a enfatizar o jogo, o ensino-aprendizagem contempla as regras; estas, portanto, devem ser simplificadas, nas quais a tática "razão de fazer" contribui para a aprendizagem da técnica "modo de fazer" e vice-versa.

    Teodorescu (1984) afirma que os aspectos físicos do desenvolvimento morfofisiológico e funcional podem ser desenvolvidos com as influências positivas do jogo no processo de aprendizagem e prática. Deve-se, então, apropriar-se do aumento da intensidade nas aulas e nos treinamento em relação aos espaços dos jogos, visando ao desenvolvimento da capacidade aeróbia, base para outras capacidades. A velocidade de reação, mudança de direção e parada brusca, já desde a fase anterior, deve ser aprimorada, melhorando o controle do corpo. A flexibilidade deve ser desenvolvida de forma agradável, sempre antes das sessões de treinamento, pois se alcançam, nessa fase, períodos ótimos de sensibilidade de desenvolvimento. O tempo dedicado ao treinamento, segundo Gomes (1997), gira em torno de 300 a 600 horas anuais, das quais apenas 25% do tempo é dedicado a conteúdos específicos e 75% aos conteúdos da preparação geral.

    Nos conteúdos de ensino, a ênfase deve se dar no desenvolvimento da destreza e habilidades motoras, sem muita preocupação para as performances de vitórias, haja vista que a capacidade de suportar as experiências nos jogos na infância e início da adolescência é facilitada pela compreensão simplificada das regras e pelo valor relativo dos resultados das ações e não simplesmente pelos títulos a serem alcançados.

    No processo de formação esportiva, além dos dirigentes, pais e árbitros, o técnico é o responsável pela estruturação do treinamento. Ele deve conhecer os fatores que envolvem a iniciação esportiva e a especialização dos jovens praticantes, contribuindo decisivamente na existência de um ambiente formativo-educativo na prática esportiva (Mesquita, 1997).

    Dessa forma, o esporte, como conteúdo pedagógico na educação formal e não formal, deve ter caráter educativo (Paes, 2001). O apoio familiar, as necessidades básicas, motivação, as competições, as possibilidades de novos amigos e as viagens são motivos pelos quais muitos adolescentes continuam na prática esportiva após a aprendizagem inicial. Deste modo, a fase de iniciação esportiva II requer uma instrução com base no modelo referente ao esporte culturalmente determinado. Neste sentido, torna-se imprescindível, para a prática dos jogos desportivos coletivos, uma sistematização dos conteúdos periodizados pedagogicamente, no qual o professor/técnico desempenha papel fundamental no processo de aprendizagem e na busca do rendimento.

    Nessa fase, a escola é o melhor local para a aprendizagem, pois, são inúmeros os motivos no qual crianças e adolescentes procuram os desportos, entre eles: encontrar


Terceira fase de iniciação esportiva

Posted: 10 Sep 2012 03:06 AM PDT


Nesse momento do processo, a iniciação esportiva III é a fase que corresponde à faixa etária aproximada de 13 a 14 anos, às 7ª e 8ª séries do ensino fundamental, passando os atletas pela pubescência. Enfatizamos o desenvolvimento dessa fase, para os alunos/atletas, a automatização e o refinamento dos conteúdos aprendidos anteriormente, nas fases de iniciação esportiva I e II, e a aprendizagem de novos conteúdos, fundamentais nesse momento de desenvolvimento esportivo.

Competências Físicas:
Aperfeiçoamento da força, força com velocidade (potência), velocidade de reação, alta complexidade de movimentação corporal, especialização intra e intermuscular.

Competências Sociais:
Relações interpessoais, extraclasse e intercolegiais, identidade de grupos, relação liberdade e responsabilidade, reconhecimento da liderança constituída, diferença estética e de hábitos sociais.

Competências Psíquicas:
Capacidade de motivação, automatização, experiência individual ofensiva e defensiva, clareza no uso das regras, compreensão de vantagens físicas e mecânicas, autocontrole, inteligência sinestésico-corporal.

Nesta fase, a automatização e o refinamento da aprendizagem inicial possibilitam ao praticante optar por uma ou outra modalidade após as experiências vividas e depois da aprendizagem de várias modalidades esportivas. Acreditamos que os movimentos desorganizados aos poucos vão se coordenando, e os jovens, por sua própria natureza e interesse, vão se decidindo em qual modalidade se especializarão.

Nesse período do processo de desenvolvimento, os técnicos de cada modalidade utilizam suas experiências e competência profissional como instrumento de seleção esportiva. Outras possibilidades são necessárias para auxiliar os técnicos, como o apoio dos pais, das prefeituras, dos estados, das instituições, federações e confederações, a fim de promover os talentos (Oliveira, 1997).

Fonte


Segunda fase de iniciação esportiva

Posted: 10 Sep 2012 03:05 AM PDT


A fase de iniciação esportiva II é marcada por oportunizar os jovens à aprendizagem de várias modalidades esportivas, atendendo crianças e adolescentes da 6º ao 7º ano do ensino fundamental, com idades aproximadas de 11 a 12 anos, correspondente à primeira idade puberal. Partindo do princípio de que a fase de iniciação desportiva I visa à estimulação e à ampliação do vocabulário motor por intermédio das atividades variadas específicas, mas não especializadas de nenhum esporte, a fase de iniciação esportiva II dá início à aprendizagem de diversas modalidades esportivas, dentro de suas particularidades.

Competências Físicas:
Resistência, velocidade, controle de bola, visão periférica, noção espaço-temporal, noção de Ataque-Defesa.

Competências Sociais:
Atitude cooperativa, controle emocional, ação grupal, liderança e cumplicidade, relação com o perder e ganhar.

Competências Psíquicas:
Relação erro/acerto, raciocínio defensivo e ofensivo, relação derrota/vitória, confiança do grupo, táticas individuais.

Em relação à diversificação e à aprendizagem de várias modalidades esportivas, Bayer (1994) entende que, em nível de aprendizagem, o "transfer" é admitido, ou seja, a transferência encontra-se facilitada logo que um jogador a perceba na estrutura dos jogos desportivos coletivos. Assim, os praticantes transferem a aprendizagem de um gesto como o arremessar ao gol no handebol, a cortada do voleibol ou o arremesso da cesta no basquetebol. Trata-se, então, de isolar estruturas semelhantes que existem em todos os jogos coletivos desportivos para que o aprendiz reproduza, compreenda e delas aproprie-se. Entretanto, o autor adverte: "ter a experiência duma estrutura não é recebê-la passivamente, é vivê-la, retomá-la e assumi-la, reencontrando seu sentido constantemente" (Bayer, 1994, p. 629).

Nessa fase, a escola é o melhor local para a aprendizagem, pois, existem inúmeros motivos para que as crianças e adolescentes procurem os desportos, entre eles: encontrar e jogar com outros garotos, diversão, aprender a jogar e ainda, na escola, o professor terá controle da freqüência e da idade dos alunos, facilitando as intervenções pedagógicas. No âmbito informal, como no clube desportivo, isso pode não ocorrer, mas a função do professor/técnico do clube deve propiciar à criança o mesmo tratamento pedagógico que esta recebe na escola, para facilitar o desenvolvimento dos alunos/atletas.

Fonte


Primeira fase de iniciação esportiva

Posted: 10 Sep 2012 03:03 AM PDT

A fase de iniciação esportiva I corresponde do 2º ao 4º ano do ensino fundamental, atendendo crianças da primeira e segunda infância, com idades entre 07 e 10 anos. O envolvimento das crianças nas atividades desportivas deve ter caráter lúdico, participativo e alegre, a fim de oportunizar o ensino das técnicas desportivas, estimulando o pensamento tático.

Competências Físicas:
Corrida veloz, parada, salto e aceleração. Agilidade, contato físico, contato com a bola e seus efeitos (spin, underspin).

Competências Sociais:
Interação corpórea, diversidade social e de gêneros, limites estruturais (pátio → árvores = linha, rede, mastros etc.)

Competências Psíquicas:
Tensão e relaxamento, atenção, percepção sinestésica, satisfação lúdica (prazer), confiança (pessoal e grupal).

Para Weineck (1999), crianças dessa faixa etária 07 a 10 anos demonstram grande determinação para as brincadeiras com variação de movimentos e ocupam-se de um percentual significativo de jogos, que formam de maneira múltipla. Esse fato nos faz acreditar, que se deve proporcionar então, um ambiente agradável para que o desenvolvimento ocorra sem maiores prejuízos.

Nesse contexto, Greco (1998) e Paes (2001) afirmam que a função primordial é assegurar a prática no processo ensino-aprendizagem, com valores e princípios voltados para uma atividade gratificante, motivadora e permanente, reforçada pelos conteúdos desenvolvidos pedagogicamente, respeitando-se as fases sensíveis do desenvolvimento, com carga horária suficiente para não prejudicar as demais atividades como o descanso, a escola, a diversão, dentre outras; caso contrário, será muito difícil atingir os objetivos em cada fase do período de desenvolvimento infantil.

A educação física escolar tem função primordial nessa fase, aumentando a quantidade e a qualidade das atividades, visando a ampliar a capacidade motora das crianças, a qual poderá facilitar o processo de ensino-aprendizagem nas demais fases. De qualquer modo, seja na escola ou no clube, a efetividade da preparação e da formação geral que constituirão a educação geral dos atletas no futuro só poderá ser maximizada na interação professor/técnico, escola, aluno/atleta e demais indivíduos que têm influência no desenvolvimento dos jovens.


Iniciação esportiva na escola como ponte para formação social do aluno

Posted: 10 Sep 2012 02:53 AM PDT



O objetivo deste estudo é verificar se dentro do trabalho de professores de Educação Física, responsáveis pela iniciação esportiva, ocorre conjuntamente o processo de desenvolvimento dos valores, que contribuem para uma boa formação social do indivíduo em adolescentes do ensino médio de uma escola particular de Curitiba, praticantes de modalidades esportivas variadas dentro da escola. Esta pesquisa caracteriza-se como estudo de caso do tipo descritiva, na qual se busca conhecer e descrever um estado de coisas da forma como ele se apresenta (GIL, 1999). A coleta de dados foi realizada com 37 alunos do ensino médio praticantes de modalidades esportivas variadas e 4 professores de educação física do ensino médio responsáveis pela iniciação esportiva, avaliados por meio de questionário estruturados auto aplicados composto por 9 questões fechadas e dependentes para os alunos e composto de 8 perguntas fechadas para os professores. Conforme a análise dos dados constatou-se que professores de iniciação esportiva buscam trabalhar questões relacionadas a valores sociais em conjunto com a técnica visando contribuir para formação social de seus alunos e que os alunos percebem o desenvolvimento deste trabalho pelo professor, acreditam na sua importância e na sua contribuição para sua formação pessoal. Conclui-se que na iniciação esportiva ocorre uma relação social e assim cabe ao professor se utilizar deste momento para buscar desenvolver juntamente com seus alunos a reflexão da importância de uma formação íntegra do indivíduo para que futuramente possam interferir de forma efetiva em seu meio social contribuindo nas transformações da sociedade como um todo.

Palavras-chave: Iniciação Esportiva. Formação Social. Valores Sociais.

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