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Ginástica Laboral, LER/DORT, Ergonomia, Sedentarismo Posted: 23 Feb 2012 09:54 PM PST A cidade de Barreiras, centro urbano regional, está localizada no oeste da Bahia a 853 km de Salvador e 622 km de Brasília. Com uma população de 131.849 (66.177, homens; 65.672, mulheres) habitantes distribuídos numa área de 11.979,5 km2, é um importante entroncamento rodoviário entre o Norte, Nordeste, e Centro Oeste do país. É uma cidade de porte médio, com atividades comercial e agro-industrial em pleno desenvolvimento. O município se consolidou como principal pólo produtor da região. A intensa atividade agrícola, com circulação de capital e tecnologia de ponta, criou reflexos em praticamente todos os setores da atividade econômica e social. A FASB -Faculdade São Francisco de Barreiras está localizada há 10 Km do centro da cidade, além da absorção de expressiva parcela de estudantes Barreirenses, possui acadêmicos dos mais diversos lugares do país: Distrito Federal, Goiânia, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais e Paraná, além de acadêmicos vindos de mais de 26 cidades da Bahia.Neste contexto, somam-se em média 2.187 alunos numa sede própria com conforto e uma série de recursos tecnológicos para proporcionar o melhor aprendizado. A inserção da FASB no contexto sócio-econômico que caracteriza a região Oeste, parte de uma filosofia educacional que lhe possibilite desenvolver proposta pedagógica consciente, além de apta a contemplar, em seu processo de ensino/aprendizagem superior e de pesquisa acadêmica, um empenho diferenciado na formação para a cidadania. Com a evolução da tecnologia e a tendência cada vez maior de substituição das atividades ocupacionais que demandam acentuado gasto energético por facilidades automatizadas, o ser humano adota cada vez mais a lei do menor esforço reduzindo, assim, o consumo energético de seu corpo (Matsudo et al 2001). Dentre as conseqüências de uma vida sedentária está o stress, obesidade, hipertensão arterial, distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT'S), entre outros. Há, também, uma íntima relação das lesões de origem ocupacional que atingem as extremidades, Lesões por esforços repetitivos (L.E.R.) e os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT'S) com a inadequação do ser humano às atividades que realiza, sejam elas no ambiente esportivo ou trabalhista (Lida, 1998; O`Neill, 2004). Essa questão se fortalece se levarmos em conta que o homem passa quase três/quartos de sua vida trabalhando, e que as exigências da produtividade somam-se a muitas condições de trabalho desfavoráveis. Dos distúrbios dolorosos que afetam a humanidade, a dor lombar (lombalgia ou dor na coluna lombar) é a grande causadora de morbidade e incapacidade para o trabalho, só perdendo para a cefaléia que afeta mais os homens do que as mulheres (Codo e Almeida, 1995). Aos 30 anos de idade, inicia-se um processo de dessecação progressiva dos discos da coluna vertebral, que sofrem maior risco de rompimento e protusão, por perda de elasticidade e resistência. Hérnia de disco e "bico de papagaio" são doenças comuns da coluna lesada. Para Nascimento, 2000 e Cox, 2002 a postura no desenrolar de tarefas pesadas é a principal causa de problemas de coluna, mais precisamente na hora de levantar, transportar e depositar cargas, ocasião em que os trabalhadores mantêm as pernas retas e "dobram" a coluna vertebral. Pode ocorrer também outro movimento perigoso, o giro do tronco, quando a carga for pega ou depositada mais para o lado e não necessariamente à sua frente. Projetos inadequados de máquinas, assentos ou bancadas de trabalho obrigam o trabalhador a usar posturas inadequadas que, mantidas por muito tempo, podem provocar fortes dores localizadas naquele conjunto de músculos solicitados para a conservação da postura (Codo, 1995). As condições psicossociais, os usos incorretos de mobiliário e equipamento desconfortáveis são também apontados como responsáveis pelo aumento dos casos de DORT'S, mas esta análise estaria incompleta se deixássemos de lado o fator tensão excessiva, que costuma ser um fator contributivo presente em praticamente todas as situações que temos visto na atividade profissional. O objetivo fundamental do plano de tratamento fisioterapêutico é eliminar ou minimizar a intensidade dos fatores físicos que causaram ou agravaram a L.E.R., pois uma vez eliminados, dão lugar ao processo natural de recuperação do organismo. Envolve uma combinação de métodos conservadores, como medicamentos e terapia física, esta requer a educação do doente quanto às posturas a serem adotadas tanto nas atividades de trabalho como nas de não-trabalho (Luduvig, 1996 apud Deliberato 2002). Além da imobilização e repouso, pode-se também lançar mão do uso do calor e do gelo para alívio da dor; e da compressão e elevação para melhor drenar o edema local, quando este se fizer presente. Entretanto, podem ser utilizados outros métodos de tratamento fisioterápico, sendo que a finalidade sempre será de reduzir a dor, o edema e a inflamação, que proporciona assim uma situação em que se possa normalizar a força muscular e o retorno às atividades, quando possível (Codo e Almeida, 1998). Especificamente quanto à acupuntura, este método proporciona resultados favoráveis no alívio da dor, e seu uso pode fazer parte do conjunto de medidas de tratamento. Além disso, técnicas de relaxamento e reeducação postural global estão sendo empregadas com sucesso para tratar e prevenir. Nesta perspectiva, surgiu a ginástica laboral. Concebida como um método utilizado nas empresas, de pouca duração, com prática de movimentos de alongamento e relaxamento, é de grande valor no desempenho das ocupações dos funcionários, com mais empenho e eficiência. Definida por alguns autores como ginástica destinada a trabalhadores, uma sessão de ginástica laboral visa dar a oportunidade aos trabalhadores executarem séries de exercícios com restrito espaço de tempo, com o objetivo de prepará-lo para a jornada de trabalho, relaxa-los após o expediente e compensar a musculatura antagonista exigida. Sobre a história da Ginástica Laboral, a primeira notícia que se encontra é uma pequena resenha editada na POLÔNIA em 1925, onde foi chamada também de Ginástica de Pausa, era destinada a operários e alguns anos depois, surgiu na Holanda e Rússia. No Início dos anos 60 surgiu também na Bulgária, Alemanha, Suécia e Bélgica. No Japão, na década de 60 ocorreu a consolidação e a obrigatoriedade da G.L.C. : Ginástica Laboral Compensatória (Oliveira Martins, 2001). No Brasil, o esforço pioneiro residiu numa proposta de exercícios baseados em análises biomecânicas. Esta proposta foi estabelecida pela escola de Educação de FEEVALE no ano de 1973, quando se elaborou o projeto de Educação Física Compensatória e Recreação (Oliveira Martins, 2001) não foi encontrado material de continuidade deste trabalho.O principal objetivo é preparar o corpo para trabalhar e prevenir o aparecimento de lesões músculo-ligamentares (para que não sejam necessárias as técnicas de tratamento acima citadas) a reduzir os acidentes de trabalho causados pelos movimentos repetitivos e posturas inadequadas, a diminuir o absenteísmo e custos com atestados médicos, minimizar custos trabalhistas e melhorar a imagem da empresa no que se refere a qualidade de vida (Peres et al 2000). A maioria dos exercícios tenta diminuir o efeito da solicitação constante a que é submetido um trabalhador ao executar determinada tarefa, seja ela uma tarefa física ou psiquíca. Enfermidades como: lombalgias, tenossinovites, tendinites, sinovites, cervicalgias, epicondilite, síndrome do túnel do carpo, síndrome de Quervaín, peritendinite em particular de ombros, cotovelos, punhos e mãos, dedo em gatilho, cistos, síndrome do pronador redondo, síndrome do desfiladeiro torácico, síndrome cervical ou radiculopatia cervical, neurite digital, são apenas algumas das afecções músculo- esqueléticas mais comuns em trabalhadores com DORT (Deliberato, 2002). Essas patologias estão surgindo em proporções alarmantes, especialmente em alguns setores ocupacionais ("braçais"), o que tem elevado o interesse por questões associadas à saúde do trabalhador. Este interesse está fundamentado no aumento de despesas médicas, hospitalares, faltas no trabalho, absenteísmo, aposentadorias precoces, que refletem significativamente na qualidade de vida do trabalhador e na produtividade (Codo e Almeida, 1998). O presente estudo visa verificar a incidência de sedentarismo entre os funcionários da Faculdade São Francisco de Barreiras e sua relação com posturas inadequadas diante do trabalho, bem como máquinas e móveis posicionados de forma inadequada para o trabalhador e, enfatiza a ginástica laboral como alternativa preventiva para possíveis lesões. Os programas de qualidade de vida, não devem incluir apenas a prática regular de exercícios durante a jornada de trabalho, pois a obtenção de resultados mais significativos, tanto no nível coletivo como no individual, é obtido de modo mais eficaz quando esses exercícios são acompanhados por análises ergonômicas, antropométricas, posturais e biomecânicas. O objetivo principal desse estudo consistiu na realização, através da revisão bibliográfica, de uma análise a respeito da prática de exercícios e alongamentos durante o turno de trabalho, com enfoque especial sobre os efeitos orgânicos na saúde do trabalhador. Acreditamos que tal objetivo tenha sido atingido, do mesmo modo como também acredito que a realização do presente trabalho contribuirá de forma significativa para a consolidação do aprendizado científico e prático sobre o tema Ginástica Laboral e saúde do trabalhador. METODOLOGIA E CASUÍSTICAForam entrevistados 30 funcionários de ambos os sexos em uma instituição de nível superior (FASB), sorteados aleatoriamente. O instrumento foi elaborado com perguntas referentes a dados sócio-demográficos, sobre sedentarismo e satisfação em realizar atividades físicas no trabalho. Antes do inicio da pesquisa foi estabelecido aos participantes o livre arbítrio e objetivo deste trabalho. Toda a pesquisa foi aplicada em horário e local pré-definidos pelos participantes com o pesquisador sentado ao lado do entrevistados perguntando a ele pausadamente quantas vezes fossem necessárias. A PESQUISA TEVE DUAS ETAPAS A) A primeira em março de 2005 com a aplicação do questionário adaptado de khouri, Amando e Perez (2004), denominado "Questionário de Sintomas e de Aspectos da Organização do Trabalho". B) Posteriormente em outubro do ano de 2005 foi aplicado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) desenvolvido pela OMS, validado no Brasil por Matsudo et al. (2001). Nas duas etapas foram selecionadas aleatoriamente, 30 indivíduos de ambos os sexos, com idade ente 25 e 60 anos, nos setores da Faculdade escolhidos aleatoriamente. A escolha para a entrevista da primeira etapa baseou-se inicialmente para traçar um perfil diagnóstico geral do comportamento dos funcionários com relação ao trabalho e foram entrevistados indivíduos de todos os setores da faculdade, sem distinção. Já na segunda etapa foram entrevistados setores mais específicos, para tanto, os setores como: Biblioteca, Departamento Financeiro, Coordenação de Fisioterapia, COPEX (Coordenação de Pesquisa e Extensão), Setor administrativo, Direção acadêmica, Secretaria acadêmica e Segurança foram solicitados a responder questões contendo perguntas sobre atividades que realizavam no trabalho, em domicílio, transporte e atividades físicas supervisionadas e uma pergunta relativa a dores em articulações específicas do corpo humano (joelho, ombro, tornozelo, punho, falanges, coluna, quadril), com vocabulário claro, objetivo, preciso. A linguagem era acessível e as perguntas foram classificadas ( Matsudo et al 2001 ) como:
Os funcionários assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido aceitando participar da pesquisa de acordo com as Diretrizes Nacionais e Internacionais para a Pesquisa em Seres Humanos do Conselho para Organização Internacional de Ciências Médicas (CIMS) e da resolução n 196/96 do Conselho nacional de Saúde (Brasil, 1996). A pesquisa foi realizada através dos questionários acima citados servindo de instrumento de coleta de dados. Os dados foram analisados de acordo com a classificação de nível de atividade física estabelecida pelo IPAQ. Para analisar os dados do nível de atividade física foi usado o consenso realizado entre o CELAFISCS e o Center for Disease Control (CDC) de Atlanta em 2002, citado por Matsudo et al. (2002), considerando os critérios de freqüência e duração, que classificaram as pessoas em cinco categorias: muito ativo, ativo, irregularmente ativo e sedentário segundo Matsudo et al. (1999). RESULTADOS Os resultados obtidos pelo questionário denominado: "Questionário de Sinais e Sintomas do Trabalho" em Março de 2005 demonstrou que cerca de 70% era do sexo feminino, com média de idade de 28,45 anos, 70 % não realizavam nenhum tipo de atividade física. Observe os gráficos 1 e 2 abaixo, o qual demonstra que dos entrevistados 73% disseram sentir-se cansado no final do expediente, quando foi sugerido que os entrevistados estabelecessem uma nota de 0 a 10 a maioria dos funcionários estabeleceu nota 8 para a sensação de cansaço no final do expediente. Isso demonstra uma predisposição ao mau posicionamento dos membros diante do maquinário, bem como estresse que leva à tensões musculares (Deliberato, 2002). Quando perguntado se a prática de atividade física melhoraria seu desempenho profissional, 100% dos entrevistados relataram que sim. Gráfico 1: Sensação de cansaço ao final do expediente entre os funcionários da FASB. Barreiras, 2005
Gráfico 2- Nota estabelecida entre os funcionários da FASB com relação ao cansaço sentido no final do expediente. Barreiras, 2005
No Gráfico 3 abaixo pode-se observar que 70 % não realizavam nenhum tipo de atividade física para promoção da saúde isto demonstra uma falta de prevenção contra doenças osteo-musculares e cardiovasculares,bem com estresse e baixa produtividade (Deliberato, 2002). Gráfico 3- Prática regular de atividade física entre os funcionários da FASB. Barreiras, 2005
Observe o Gráfico 4 abaixo referência se a prática de atividade física melhoraria seu desempenho profissional, 100% dos entrevistados relataram que sim.Isso demonstra uma prontidão à prática de atividades físicas regulares e conhecimento sobre seus benefícios tanto para empresa quanto para o funcionário (Deliberato, 2002). Gráfico 4: Descrição se o funcionário da FASB gostaria ou não de realizar atividade física durante seu turno de trabalho. Barreiras, 2005
Em novembro de 2005 foi aplicado o IPAQ, em 30 funcionários, com idade 30 a 45 anos. Dos entrevistados, 70 % eram Insuficiente ativos no trabalho (menos 150 minutos semanais em atividades moderadas segundo Matsudo et al. 2002), 59% são ATIVOS em ATIVIDADES DOMÉSTICAS, ou seja, realizam atividades moderadas e de grande esforço em seus domicílios, 3 vezes por semana,150 mim (Matsudo et al. 2002). 90% disseram ser insuficientes ativos na locomoção e apenas 10% andam de bicicleta 3 vezes na semana, 77% caminham de 3 a 7 dias (menos de 150 mim semanais, Matsudo et al. 2002). Em atividades destinadas à promoção da saúde no tempo livre, 58% se disseram sedentários, ou seja, não realizam caminhadas no tempo livre, 53% se disseram sedentários no esporte, ou seja, não praticam esporte e apenas 15% foram considerados ativos (Matsudo et al. 2002) ou seja, fazem atividade supervisionadas 3 vezes por semana (T=150min); 48% nunca praticou atividade supervisionada , apenas 14% praticam e são ativos. ( Matsudo et al. 2002).Observe abaixo: Tabela 1-Incidência de sedentarismo no esporte, atividades supervisionadas e dores entre 20 entrevistados, funcionários da FASB.Barreiras, 2005
Fonte:IPAQ Diante do exposto, observa-se que os indivíduos se mostraram insuficiente ativos nas suas atividades do trabalho (secretários, digitadores, atendentes, professores, diretores, seguranças) ou seja, não realizam atividades que exigem um grau de esforço maior que em repouso. (Matsudo et.al. 2001). Já em outra coluna, pode-se perceber-se ainda que 59,0% são ativos nas atividades domésticas e 90,0% insuficiente ativos nas atividades como meio de transporte, apresentando-se sedentários também no lazer, não realizando atividades regulares para a promoção da saúde e prevenção de doenças e apenas 15% são ativos nesta classificação. Observa-se na tabela 2 abaixo, que com relação à dor, 100% do entrevistados revelaram que as vezes sentem, destes 29% relataram dor joelho, 26% no quadril, 19% em ombro e 26% disseram sentir dor em punho, tornozelo, coluna e falanges. Foi refletido diante da incidência que devido às condições ergonômicas do ambiente de trabalho, os funcionários adotam hábitos incorretos de postura e que o mobiliário não é o mais adequado. As cadeiras possuem encostos, porém, não estavam reguladas de acordo com a estatura dos funcionários e não havia suporte para os pés em todos os locais de trabalho,entre outros.Todas essas condições nos leva a concluir a segunda etiologia (causa) de suas dores, já que a primeira pode vir do sedentarismo (Matsudo, 2001). Tabela 2:Sintomas em articulações específicas do corpo humano (Smith et. al. 1997)
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